3)Perguntas

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A manhã chegou cedo na Academia Militar de Zaragoza, trazendo consigo o som estridente do apito de despertar. Leonor levantou-se de seu beliche com uma leve dor muscular, resultado das atividades intensas do dia anterior. Ao seu redor, as outras cadetes se apressavam para se vestir e arrumar suas camas. Júlia, que parecia ter energia inesgotável, já estava de pé e pronta, enquanto algumas cadetes ainda se esforçavam para acordar completamente.

— Bom dia! — disse Júlia, animada, ao encontrar Leonor se alongando. — Preparada para mais um dia de dureza?

Leonor forçou um sorriso, ainda tentando se livrar do sono.

— Bom dia! Acho que não temos muita escolha, né? É pegar ou largar.

As duas seguiram para o refeitório, onde encontraram Miguel já sentado com sua bandeja, com uma expressão que misturava cansaço e determinação. Ele levantou os olhos e acenou para elas.

— Olá, pessoal! Como foi a primeira noite nesse "hotel de luxo"? — perguntou ele, com um tom sarcástico.

Júlia riu e pegou uma maçã de sua bandeja.

— Luxo, é? Nem sei o que é isso mais. Mas, sabe, já passei por situações piores. E você, Miguel? Alguma novidade?

Miguel deu de ombros, com um sorriso irônico.

— Não vou mentir, já dormi em lugares melhores. Mas tudo faz parte do treinamento, não é? Estamos aqui para isso.

Leonor, sentindo-se mais desperta, olhou para os dois.

— Com certeza. E é bom ter companhia para passar por essas... maravilhas.

Miguel riu, mas logo mudou o tom, parecendo mais curioso.

— Então, Leonor, temos algumas perguntas. Quer dizer, você sendo quem é e tudo mais. Como é a vida lá fora para você? Deve ser diferente do que estamos acostumados.

Leonor sabia que esse tipo de pergunta viria eventualmente. Ela respirou fundo antes de responder, escolhendo suas palavras com cuidado.

— Bem, é um pouco diferente, sim. Crescer em uma família real significa ter muitas responsabilidades e uma vida sob os olhos do público. Mas, honestamente, é só uma vida com suas próprias peculiaridades. Tem coisas boas e ruins, como qualquer outra vida.

Júlia, que estava mastigando um pedaço de pão, perguntou com um tom curioso, quase inocente:

— E seus amigos? Você só anda com gente rica ou famosa? Quero dizer, é o que a maioria das pessoas imagina, né?

Leonor balançou a cabeça, sorrindo levemente.

— Entendo por que você pensa isso, mas não, não é assim. Tenho amigos de várias origens. Claro, conheço muitas pessoas influentes por causa dos eventos e tudo mais, mas meus amigos próximos são pessoas com quem me conectei por razões normais, como hobbies em comum e valores compartilhados.

Miguel parecia intrigado.

— Então, você não se importa com status social? Tipo, você pode sair com qualquer pessoa, sem problema?

Leonor assentiu.

— Exatamente. O que importa para mim é a pessoa, não o status dela. No final do dia, somos todos humanos. E, para ser sincera, às vezes prefiro estar longe de todo o glamour e as expectativas. É bom poder relaxar e ser apenas eu mesma, sem todas essas formalidades.

Júlia parecia refletir sobre isso e então perguntou:

— E quanto aos eventos que você tem que participar? São sempre nesses lugares chiques? Você gosta disso ou é mais uma obrigação?

Princesa Leonor e o Guarda-costasOnde histórias criam vida. Descubra agora