11)Limites no amor

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A segunda-feira chegou envolta em uma brisa fresca e promissora, sinalizando o início de mais uma semana na Academia Militar de Zaragoza. Leonor acordou com uma sensação de inquietação, resquícios dos eventos do fim de semana que ainda pairavam em sua mente. Os rumores sobre ela e Miguel, o encontro inesperado com Jaime e, agora, a iminência de retomar a rotina rigorosa da academia. Após se arrumar e tomar um café da manhã rápido, Leonor recebeu uma mensagem de Marco, o chefe da equipe de segurança pessoal. Ele solicitava uma reunião com ela no escritório da segurança, algo que, pelo tom formal da mensagem, parecia importante.

Ao chegar ao escritório, Marco estava sentado atrás de uma mesa, a expressão séria e profissional de sempre. Ele gesticulou para que Leonor se sentasse, o que ela fez, sentindo uma leve tensão no ar.

— Bom dia, Alteza — começou Marco, mantendo a formalidade usual. — Espero que tenha tido um fim de semana relaxante, apesar das complicações.

Leonor assentiu, tentando se manter calma.

— Sim, foi... interessante. Mas imagino que você tenha algo específico para discutir comigo.

Marco inclinou-se ligeiramente para frente, seus olhos fixos nos dela.

— Sim, de fato. Recebi relatórios sobre sua interação com Jaime durante o fim de semana. Soube que vocês se encontraram casualmente na cidade e tiveram uma conversa. — Ele fez uma pausa, observando a reação de Leonor. — E também fiquei sabendo sobre o encontro na balada, na sexta-feira à noite.

Leonor sentiu o estômago revirar levemente. Sabia que o encontro com Jaime não passaria despercebido, especialmente considerando que ele fazia parte de sua equipe de segurança. Manteve uma expressão neutra, esperando que Marco continuasse.

— Estou ciente de que Jaime não é parte de sua segurança cotidiana, — continuou Marco, — mas ele é designado para ocasiões específicas, como baladas, shows ou grandes eventos institucionais, onde a presença de um guarda-costas discreto é necessária. Isso não altera o fato de que ele é um profissional da sua equipe de segurança.

Leonor assentiu, compreendendo a gravidade da situação.

— Entendo, Marco. Mas não houve nada inapropriado. Nós apenas conversamos.

Marco respirou fundo, mantendo o tom calmo.

— Sei que suas intenções são boas, Leonor, mas preciso lembrá-la de que há uma linha que deve ser mantida entre você e a equipe de segurança. Jaime é um profissional e deve ser tratado como tal. Qualquer proximidade pode ser vista de forma inadequada, tanto pela mídia quanto por aqueles ao seu redor.

Leonor sentiu um peso crescente. Era difícil, em sua posição, manter a distância de todos. Queria ser tratada como uma pessoa normal, mas as circunstâncias sempre a traziam de volta à realidade de sua posição.

— Não pretendia cruzar nenhuma linha, — disse ela, sinceramente. — É só que... com Jaime, foi fácil conversar. Ele me tratou como uma pessoa normal, não como a princesa.

Marco assentiu, sua expressão suavizando um pouco.

— Entendo sua necessidade de se conectar de forma mais pessoal, mas é precisamente por isso que precisamos ter cuidado. A equipe de segurança está aqui para proteger você, e qualquer desvio desse papel pode complicar a situação. Isso inclui evitar criar uma imagem de proximidade que possa ser mal interpretada.

Leonor ficou em silêncio por um momento, absorvendo as palavras de Marco. Ele estava certo, claro. A linha entre vida pessoal e responsabilidade oficial sempre foi tênue para ela, e qualquer deslize poderia ter repercussões desproporcionais.

Princesa Leonor e o Guarda-costasOnde histórias criam vida. Descubra agora