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Eu estava a preparar-me para a entrevista televisiva.  Estava na maquilhagem quando a jornalista que me ia entrevistar entrou.

- Tudo pronto,  doutor Albuquerque?

- Um pouco nervoso. 

- Não esteja.  Prometo não fazer perguntas difíceis.

O programa era em directo.  Eu entrei e respondi às perguntas sobre os assuntos na mesa.  Havia mais dois entrevistados junto comigo o que me deu uma certa tranquilidade já que a jornalista ia alternando entre nós.

Por fim veio a pergunta que não esperava.

- O trabalho é importante nomeadamente quando podemos partilhar com alguém todas as nossas conquistas.
Como vamos de amores? - perguntou ela dirigindo-se a mim.

- Olhe, eu tenho uma teoria.  A felicidade bate uma só vez à nossa porta.  Cabe a nós abrir ou não a porta.  No meu caso não abri e ela se foi.

- Que pessimismo!  Há-de haver outras ocasiões.   Não devemos jogar a toalha com essa facilidade.

- Dificilmente, no meu caso.  Eu mandei-a embora sem perceber o quanto gosto dela, mas amar também é deixar ir e eu desejo que ela seja e esteja muito feliz.

- Podemos ao menos saber o nome da moça?

- Fiquemos por aqui.  Será que posso cantar uma canção aqui em directo.

- Mais um talento escondido?  Temos uma declaração de amor?

- Podemos dizer que sim,  mas é mais um pedido de perdão.  Posso usar ali o vosso piano?

Rodolffo no seu tempo de faculdade havia tido aulas de música e o piano sempre era um dos instrumentos preferidos.  Sentou-se em frente ao piano e logo estava envolto nesta linda melodia.

Quando terminou de tocar e cantar, Rodolffo tinha os olhos marejados e a jornalista não perdeu a oportunidade.

- Duvido alguém resistir a esta linda declaração de amor.

A emissão foi cortada e depois de se despedir, Rodolffo voltou directamente para casa.

Logo o som de notificações se ouvia no seu telemóvel.   A música despertou a curiosidade dos internautas que tentavam adivinhar quem era a destinatária de tão linda declaração.

Leu alguns dos comentários e resolveu ignorar os restantes. 
Uns até mencionaram diversas jovens, mas nenhuma era a tal.  Especulações apenas.

Enquanto isso Bianca ligava para Juliette.

- Oi!  Assististe televisão,  hoje?

- Não,  porquê?  No estúdio não tenho TV.

- Amiga, com uma declaração daquelas eu voltava na hora.

- O que aconteceu?  Conta-me.

- O Rodolffo esteve na TV e foi lindo.

- Ele falou de mim?  Mencionou o meu nome?

- Não, mas não tenho dúvidas de que era para ti.

- Como podes ter tanta certeza.  Pode ser uma qualquer.  Vê o programa e depois se a mensagem não era para ti.

- Mesmo que fosse.  De momento não quero pensar em relacionamento.  Estou muito bem sózinha.

- Podes enganar qualquer um e a ti também, mas a mim, Bianca Maria, tu não enganas.
Fica bem amiga e reage.

Bianca desligou e Juliette procurou assistir ao programa através do telemóvel.

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