VI

88 13 6
                                    

De manhã encontrei Luísa a preparar o café.

- Bom dia Luisinha. - Era assim que era tratada a nossa funcionária. Está connosco desde que eu me lembro. Já cá estava antes de eu nascer e com a morte da minha mãe foi nela que o meu pai se apoiou.

- Bom dia menino. Sente-se que eu já o sirvo.
Gostei muito da canção que cantou ontem na TV. Devia cantar mais vezes.

- Achas?

- Tem uma voz linda. Eu sei para quem era a canção. Para a menina Ju, não era?

- Era sim, Luisinha. Pena que ela nem deve ter visto.

- Eu gosto muito da menina Ju, mas também entendo porque desapareceu.

- Talvez não goste de mim. Acontece por vezes.

- Ou seria pela vida doida que o menino tinha?

- Tinha. Não tenho mais.

- Mas ela não sabe. Porque não vai atrás dela?

- Porque sou orgulhoso, cobarde e idiota. Tenho medo.

- E entretanto o tempo passa e quando finalmente tomar consciência ela pode estar com outro.

- Ninguém garante que isso não tenha sucedido já.

- Só sabe se for ver. Ao menos sabe onde ela está, para onde foi?

- Não, mas tens razão. Vou procurá-la. - Rodolffo levantou-se, deu um beijo na bochecha de Luisinha e saiu.

Já no escritório decidiu ligar para Bianca e convidá-lá para almoçar.

- Que tens em mente Rodolffo? Ex das minhas amigas para mim são mulheres.

- Não sejas parva, Bianca. Quero falar contigo sobre a Ju.

- Qual é a ideia?

- Preciso da nova morada dela, mas conversamos ao almoço.

- Está bem. Às 13 horas aqui no restaurante em frente da casa da Ju.

Assim que Rodolffo desligou o telefone eu liguei para a Ju. Não ia dar-lhe indicação da morada sem que ela me desse autorização.

- Não precisas, amiga. Diz-lhe que na próxima semana eu vou aí e se ele ainda quiser, nós conversamos.

- Vens cá? Que surpresa?

- Preciso ir, amiga, mas para ti não vão ser boas noticias. Eu estou a pensar vender essa casa. Preciso do dinheiro para viajar.

- Vais viajar para onde?

- França e Itália. Quero fazer umas férias, ver exposições, visitar museus.

- Queres fugir, não?

- Não. Por isso aceito falar com ele, mas decidi que quero viajar. Afinal, nem sei dizer a última vez que fiz férias.

- Preciso começar a procurar outra casa.

- Vamos conversar primeiro. Depois decides.

- Vens em que dia?

- Segunda perto das 11 eu chego aí. Vou no trem que chega mais ou menos a essa hora.

- Queres que te apanhe na gare?

- Não. Eu pego um táxi.

- Então está bem. Um beijo e até segunda.

- Beijo. - respondeu Juliette desligando de seguida. Hoje ainda era quarta por isso tinha muito tempo para me preparar para conversar com ele.

Teu nomeOnde histórias criam vida. Descubra agora