Depois de cumpridas todas as formalidades para o funeral do pai e depois das cerimónias fúnebres, Rodolffo voltou para casa e nesse dia manteve-se isolado no seu quarto.
Juliette foi levar-lhe um lanche mas vendo que ele dormia resolveu deixar tudo em cima da mesa e voltar para junto de Luísa.
No dia seguinte acordou cedo, sem café da manhã e muitos protestos de Ju foi para o escritório.
Já se passaram algumas semanas e Rodolffo só vive para o trabalho. Parece que Juliette ficou um pouco de lado.
À noite quando regressa é muito carinhoso com ela, mas só.Ela, já farta de não fazer nada, resolveu voltar à sua actividade. Na mansão de Rodolffo existe uma pequena casa no exterior que ela pensou adaptar para o seu atelier. Iria a Santo António buscar todos os seus pertences e entregar o espaço do estúdio.
Preparou-se pois pretendia ir convidar Rodolffo a sair um pouco do escritório e ir almoçar com ela.
Ela sabia que ele geralmente almoçava perto das 13 horas e uns minutos antes estava a entrar pela recepção.
- Bom dia. Pode dizer-me onde é a sala do presidente?
- E a senhora quem é?
- Sou a namorada dele.
A recepcionista olhou primeiro Juliette de alto a baixo e depois sorriu para a colega, sussurrando algo que ela não entendeu.
- Um momento que vou perguntar.
Dez minutos depois ainda não lhe tinha sido liberado o acesso à sala de Rodolffo. Ela não queria ter privilégios mas achou que a recepcionista estava de gozação. Sabia que o gabinete dele era no último piso e dirigiu-se ao elevador.
- Senhora, não tem autorização para subir.
Juliette não a ouviu, entrou no elevador e logo a porta se fechou. Estava já indisposta e com vontade de bater em alguém.
Saiu do elevador e não foi difícil achar a sala de Rodolffo tal era a algazarra.
Lentamente aproximou-se. A porta estava entreaberta e ela pode reparar que além dele havia algumas mulheres junto.
Pensou em voltar para trás, mas não quis fazer juízos precipitados. Ouvia uma conversa sobre organização de qualquer coisa, mas não entendeu nada.
Timidamente bateu à porta.- Entre. - ouviu Rodolffo falar.
Então abriu a porta e quando ele a viu logo veio ter com ela.
- Porque não me avisaste? Meninas podem sair e começar o trabalho.
Uma a uma foram saindo, excepto uma ruiva que Rodolffo mandou esperar.
- Rita, deixa apresentar-te a Juliette, minha namorada. Juliette, esta é Rita, minha secretária.
- Muito gosto.
- Obrigada, igualmente Rita.
- Vim buscar-te para almoçar comigo. Faz tanto tempo que não o fazemos e eu quero contar-te uma coisa.
- Está bem. Rita, temos alguma reunião esta tarde?
- Não. Só trabalho mesmo.
- Talvez eu não volte.
- Com certeza, bom almoço e foi um gosto conhecê-la Juliette.
Rita saiu e Rodolffo logo fechou a porta.
- Simpática a Rita. Ao contrário das recepcionistas que ficaram a debochar de mim. Tive que subir sem autorização.
- O quê? Elas ofenderam-te?
- De certa maneira sim. Quando eu me apresentei como tua namorada, riram e disseram algo que não entendi e depois mandaram-me esperar.
- Tem um elevador directo da garagem para aqui, mas de certeza que não tens motivos para entrar aqui escondida.
- Eu só quero ser uma pessoa normal. Não preciso de ter privilégios. Se estiveres ocupado eu espero, mas sem deboche.
- Se eu estiver ocupado tu tens uma sala aqui ao lado onde podes esperar. Não precisas ficar na recepção. Afinal sou ou não o presidente desta porra toda? Vem comigo que eu ponho aquelas duas no lugar delas.
- Amor, esquece. Não precisa nada disso.
Rodolffo beijou Juliette, pegou na bolsa dela e dirigiram-se para o elevador. Quando saíram fez questão de sair abraçado a ela.
- As duas cheguem aqui. - pediu ele com a maior calma.
Olhem bem para esta jovem aqui. A próxima vez que a minha mulher tiver que esperar 1 minuto para ir ter comigo, vocês estão no olho da rua. Entenderão? Esteja eu com quem estiver, ela tem livre acesso.- Entendemos e apresentamos as nossas desculpas. A menina também nos desculpe, por favor.
- Estamos conversados. Vamos, amor.
Juliette apenas sorriu e saíram abraçados.