Capítulo 4

54 14 8
                                    

  Logo após o almoço, nos esgueiramos pelo corredor e fomos pro prédio central da escola. Lá ficavam a sala da diretora, o auditório e a sala dos professores. Mas o que nos interessava era o segundo andar. No final das escadas, ficava uma porta em que era proibida a entrada das alunas.

  — Vamos voltar, Mina. E se a Diretora Sooyoung pegar a gente? – sussurrei com medo.

  — Ela não vai. Nós acabamos de ver ela indo pro quarto. – sussurrou de volta.

  Suspirei fundo e subimos as escadas na ponta dos pés, cuidando pra não fazer barulho. Mina arriscou puxar a maçaneta, e para nossa surpresa, a porta estava destrancada.

  Entramos na grande sala, que ocupava todo o andar. Acendemos a luz e começamos a olhar ao redor. O lugar era repleto de troféus e medalhas, além de certificados de qualidade pendurados em pequenas molduras nas paredes. Em uma parede no lado contrário da porta, havia vários quadros pendurados.

  Nos aproximamos e começamos a analisar as pinturas. Eram antigas alunas que passaram por ali. Todas com o uniforme bem passado e a mesma expressão. Mas uma em específico me chamou bastante atenção. Tinha traços japoneses, pele pálida e cabelo escuro, além das pintinhas inconfundíveis. Aquela era Mina, alguns anos mais nova.

  — Mina, vem cá! – chamei sem falar muito alto.

  A garota se aproximou e olhou o quadro, mas não expressou nenhuma surpresa. Olhei para ela, como se pedisse uma explicação.

  — Essa é a minha mãe, ela também estudou aqui. Somos parecidas, né? – perguntou com um sorriso, olhando para o quadro com os olhos brilhando.

  — Até demais. Sua mãe tem um útero ou uma impressora?

  Recebi uma risada como resposta, e ela balançou a cabeça.

  — Boba. Olha, tem fotos das diretoras também!

  Fomos em direção a sequência de quadros, que ficava em uma parte afastada das alunas. Tinham fotos de quase todas as diretoras que passaram por ali, mas algo nos chamou a atenção. A primeira diretora não tinha foto e seu nome estava riscado na moldura. Com certeza alguém havia feito aquilo, mas quem? E porquê?

  Me aproximei da moldura e olhei para a parte onde deveria estar o nome. Forcei a vista, mas tudo o que consegui ler foi um sobrenome.

  — Choi… – falei baixinho, enquanto lia. – É o mesmo sobrenome da diretora Sooyoung. Será que era parente dela?

  — Talvez. Algumas das antigas direções tinham parentesco, então quem sabe seja alguma tradição. – disse, dando de ombros.

  Ouvimos barulhos de passos ecoarem pelas escadas. Com desespero, corremos e nos escondemos atrás de algumas estantes. A porta se abriu, e uma funcionária entrou.

  — Luzes acesas..? Tem alguém aí?! – ela perguntou em voz alta, varrendo o local com o olhar. Não recebendo resposta, ela entrou e foi em direção ao outro lado da sala.

  Aproveitando o que poderia ser nossa única chance, fomos na ponta dos pés até a porta e descemos correndo as escadas. Continuamos correndo, e só paramos quando chegamos no banheiro do refeitório. Olhamos uma pra outra e começamos a rir, ofegantes.

  — Nunca mais aceito suas ideias malucas. Quase fomos pegas.

  — Mas não fomos. – Mina retruca e ri, me fazendo revirar os olhos.

  — Por muito pouco. Não quero levar uma advertência no meu primeiro ano aqui.

  — Mas foi legal. Eu não sabia que tinha uma pintura da minha mãe aqui.

Eternity - MinayeonOnde histórias criam vida. Descubra agora