— Vocês também ouviram um grito na noite passada? – foi a primeira coisa que Jihyo perguntou, assim que nos encontramos.
— Eu ouvi… mas pensei que tinha sido um pesadelo. Mina estava acordada e não ouviu. – falei e olhei para minha namorada, que deu de ombros.
— Eu tenho quase certeza que foi no nosso corredor. Foi muito perto. – Jeongyeon complementou. – Tive que ficar acordada com a Jihyo até ela conseguir dormir de novo.
— Amor! – Jihyo disse entre dentes, cutucando ela com o cotovelo. A mais alta deu risada.
— Vocês conhecem as meninas dos dormitórios vizinhos? – perguntei e Jeongyeon assentiu.
— Elas são da nossa turma. Posso perguntar se alguém sabe de algo.
— Jeong, elas tão vindo aí. Vamos lá. – Jihyo disse, apontando para duas meninas que estavam passando pelo corredor.
As duas foram em direção a elas como um jato, mas o sinal bateu antes que pudessem voltar. Apenas no intervalo teríamos atualizações. Depois de 3 aulas que pareciam ter durado séculos, finalmente nos reunimos de novo.
— Elas também ouviram o grito, mas não foi no quarto delas. Isso só nos deixa uma opção. – Afirmou a mais baixa.
— Eu reparei na Jennie durante a aula, e ela parecia não ter dormido nada essa noite. – cochichou Jeongyeon, não querendo chamar atenção. – Ela e a Jisoo ficam no quarto ao lado do de vocês.
— Consegue falar com ela por nós? – Pedi esperançosa.
— Vou tentar. Temos aula de educação física hoje, posso colar nela. – falou meio incerta.
— Valeu. Espero que dê certo. Parece ser algo relevante.
†
Ao final da tarde, reunimos o grupinho como de costume. Todas ansiosas por uma informação nova.
— Falei com a Jennie. – Jeongyeon disse, aumentando a ansiedade das amigas.
— E aí?! – perguntou Aeri, que parecia numa mistura de medo e empolgação.
— O grito foi realmente da Jennie. Ela disse que estava dormindo, quando sentiu uma agonia enorme na garganta. Daí gritou e abriu os olhos, mas tudo que conseguiu ver foi um vulto preto correndo pra janela muito rápido.
Nesse momento, Aeri já estava grudada na Jimin, tremendo de medo. Senti um arrepio e engoli em seco, tentando manter a postura.
— Ela não viu mais nada? – perguntei tensa.
— Não. Segundo ela, quando ela piscou, a criatura já havia desaparecido. Só que com as grades da janela é impossível uma pessoa passar por aquele espaço. – Ressaltou a coreana.
— Mas vampiros conseguem se transformar em morcegos, não é? – Shuhua disse, incerta com a informação.
— A Mina que manja dessas coisas. – lembrou Miyeon, e todas encararam Mina, que estava quieta e parecia tensa.
— É… Conseguem. – A japonesa confirmou, com a voz meio baixa. Eu percebi que tinha algo estranho com ela, mas fiquei em silêncio.
— Sem dúvidas tem outra criatura dessas rondando o colégio. A gente precisa fazer alguma coisa. – Shuhua falou.
— Sim…tipo avisar a polícia. Vamos parar de brincar com fogo. – Mina falou com nervosismo.
— Qual foi, Myoui? Não tinha aceitado continuar as investigações? Se não quer, cai fora. Mas a gente tá muito perto pra desistir. – A taiwanesa disse com firmeza, e eu vi minha namorada se encolher um pouco no sofá.
Peguei a mão dela e acariciei. Fiz contato visual com ela e sorri, tentando demonstrar que estava tudo bem.
— Se isso continuar, vamos precisar agir por conta própria novamente. – Jihyo falou, e algumas concordaram.
— Gente, eu concordo com a Mina. Isso tá muito perigoso. – falou Aeri, ainda abraçando Jimin.
— Nós precisamos chegar em um acordo, senão, vamos voltar pra estaca zero. – Afirmou Miyeon, com as mãos na cabeça.
Ficamos até o horário de dormir discutindo, mas não conseguimos entrar em consenso. Resolvemos ir cada uma pro seu dormitório, e continuar a conversa no dia seguinte, quando todas estivessem mais calmas.
†
Fomos dormir, e mais uma vez acordei no meio da noite. Não havia nenhum barulho estranho, mas novamente Mina não estava deitada. Resolvi me levantar e bati na porta do banheiro, mas ela não respondeu. Com medo de ela ter passado mal lá dentro, peguei uma tesoura e usei pra destrancar a porta¹. Fiquei ainda mais surpresa quando vi o cômodo vazio.
Confusa, fui até a porta que dava para o corredor, mas estava trancada por dentro. Me sentei no sofá, apoiando os braços nos joelhos, tentando raciocinar.
— Será que eu tô sonhando ainda? – falei baixo comigo mesma e belisquei meu braço. – Ai! Definitivamente não.
Levantei e fui ao banheiro jogar água no rosto. Ouvi um barulho e olhei para a janelinha, vendo um morcego entrar ali. Gritei e corri pra sala. Em questão de segundos, vi o animal se transformar em uma humana. Era Mina. Apavorada, me preparei pra gritar novamente, mas ela tampou minha boca.
¹: portas de banheiro normalmente tem uma chave interna fixa, mas é possível abrir pelo lado de fora com uma chave própria, chave de fenda ou outro objeto que encaixe e sirva pra girar.
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Eternity - Minayeon
FanficNayeon acabou de iniciar o Ensino Médio. Seus pais a matricularam em um internato feminino, onde passaria a maior parte dos 3 próximos anos. Enquanto ainda tenta se adaptar à nova rotina e lidar com uma nova paixão, uma lenda antiga da escola chega...