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Noah levantou do meio das cobertas, sentindo o cheiro de doce em excesso.

Afastou os lençóis, buscando as pantufas brancas.

O chorinho baixo vinha da sala, seu coração se apertou um pouquinho ao ver sua bolinha ali sentada no sofá, as pernas encolhidas enquanto um enorme pote com estampa do olaf estava sobe seu colo.

O lábio inferior estava vermelhinho, pelo choro contido, e pelo excesso de frio.

- Por que acordou tão cedo, amor? Eu avisei que eu faço o café - o bico nos lábios emburrados fez ele imitar o gesto.

- Eu sei, mas eu senti vontade de comer antes... Tô comendo sorvete com chocolate, granola e pepino, quer um pouquinho? - estendeu o pote azul na direção de Noah que fez cara de nojo.

- É muito açúcar pela manhã, anjo... - Sentou ao pé do sofá, acariciando os pezinhos inchados.

Ela tirou a colher da boca e olhou para ele antes de sua face mudar para uma chorosa.

- Eu tô enorme, amor... olha pra mim, eu nem consigo dormir direito, eu como o tempo todo. - a voz era tão miseravelmente linda que Noah riu fazendo seus olhos inchados diminuirem.

- Tá rindo do que!? Isso é engraçado para você!? - apontou a colher suja de chocolate em seu rosto.

- Não, não, é que você fica tão linda assim... - disse baixo, os olhos vidrados, apoiando o queixo na coxa desnuda.

- Parecendo um cupcake com pernas? - fez beicinho e Noah riu, adorável.

- Para de rir... - esperneou colocando o pote da mistura ao lado no sofá.

- Desculpa, é que eu não te aguento assim, mimadinha, parece uma nuvem.

- Uma nuvem? - arqueou a sobrancelha.

- É, fofinha, o amor da minha vida.

- Você tá falando isso para que eu não me sinta culpada por parecer um balão... - cruzou os braços meio atrapalhados
sobre a barriga.

- Para com isso, amor, você não parece um balão, você é perfeita, ainda carrega nosso pinguinho ai... Tá ouvindo o papai? - sussurrou para a barriga enorme encostando o ouvido. - Sua mamãe tá meio...

- Meio o que, Noah?

- Hôrmonal?

- É eu tô! Minhas costas doem, meu quadril tá enorme! Você já viu? Sinto fome de dez em dez minutos, em nem consigo pegar algo no chão. - se esticou para alcançar o controle da televisão no chão, voltando para o sofá quando não conseguiu.

Noah riu, recolhendo o controle.

- Para de rir, mas que droga! Você é um péssimo marido! Eu tô carregando nosso filho, sabia?! - os gritos se tornaram mais altos e o coração de Noah doeu.

Ele sabia que os hormônios da sua bolinha estavam a flor da pele há sete meses, ele sabia que não era fácil lidar com tudo isso que está acontecendo. E ele não evitava se sentir triste ao vê-lá chorar e falar que não quer ir passar o fim de semana com os amigos, porque seu corpo está desregulado.

Ele sentou ao seu lado no sofá, beijando a bochecha corada.

- Desculpa, amor, eu seu que não tá fácil... - beijou os cabelos com cheirinho de shampoo de morango.

- Por que eu tinha que ficar grávida na relação? - sussurrou triste afundando o rosto na curva do pescoço de Noah.

- Queria que fosse eu? - falou risonho.

- Óbvio, queria ver você com o quadril enorme. - fungou.

Noah sorriu mesmo que ela não estivesse vendo, porque ele nunca esteve tão feliz, afagando os fios de cabelos longos, olhando para a televisão.

- Amor?

- Hm - murmurou.

- Por que você estava assistindo Mônica? - olhou o desenho animado, onde cebolinha amarrava as orelhas do coelho da
Mônica.

- Por que eu gosto da Magali... - disse com a voz embargada.

- Mas você não vai assistir, levanta. - desgrudou as costas, desvencilhando dos toques de Noah.

- Por que não?

- Por que você vai fazer meu café, meu filho, anda.

𝑫𝒂𝒅𝒅𝒚Onde histórias criam vida. Descubra agora