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- Hm, sua mãe deve ter comprado alguma coisa descente para comer... - Noah falou para Aurora fuçando nos armários enquanto ela estava sentada sobre o balcão com o uniforme da creche.

Havia acabado de voltar do trabalho e passou na creche para pegar sua pitanguinha já que s/n ficaria até mais tarde no trabalho por causa de uma palestra beneficente.

- Aqui! Encontrei! - puxou a barra de chocolate de dentro do armário mostrando a Aurora, que bateu palminhas.

Ele se aproximou dela abrindo a embalagem.

- Mamãe disse que não podia comer doce antes do almoço. - ela disse balançando as perninhas cobertas pela meia calça branca, mas olhava com os olhos brilhantes para o doce nas mãos do pai.

Noah pensou um pouco, vale a pena morrer se Sina descobrisse que não estava apenas comendo os doces da dispensa, mas influenciando Aurora a comer também?

-Mamãe não tá aqui, não é? - disse baixo como se fosse um segredo e sorriu em seguida vendo seu nenenzinho acompanhar com um sorriso babado.

Partiu um dos cubinhos e levou a boca dela que mordeu um pedaço e deixou a outra metade para Noah.

- Hm, ai meu Deus, tudo que eu queria... revirou os olhos ao sentir o chocolate derretendo aos poucos em sua língua.

- Vem senta aqui, pitanguinha. - pegou ela nos braços e sentaram ambos no chão da cozinha dividindo o chocolate.

Noah sorria bobinho ao ver sua amorinha sujar os dedinhos curtos e as bochechas de chocolate.

- Vou ver se tem mais dentro do armár-

Ouviu o trinco da porta da frente e seus olhos se arregalaram assim como da sua pitanguinha no chão que tirava os dedos sujos de chocolate da boca.

- Meu Deus, vou morrer! - disse um pouco alto demais e viu Aurora engatinhar até debaixo da mesa chamando ele com a mãozinha gordinha enquanto com a outra tampava a própria boca.

Noah não pensou duas vezes antes de ir até lá e sentar ao lado da filha.

- Amor, cheguei!

Seu coração gelou ao ouvir o som dos passos dos saltos finos entrando na cozinha. Mas o coração quase derreteu ao mesmo tempo quando olhou para o lado e Aurora tentava segurar o riso com as mãos cheinhas contra o rosto precionando as bochechas avantajadas.

Noah mordeu o lábio para conter o riso também.

Os passos pararam frente a mesa.

E a risadinha gostosa de Aurora não foi contida, Noah a segurou enquanto fechava os olhos para não rir alto demais.

A embalagem do chocolate antes do chão esquecida foi erguida e junto a ele o rosto indignado de Sina de cabeça para baixo.

- O que os dois estavam fazendo?!

- Foi o papai! - apontou o dedinho sujo de chocolate para Noah que arregalou os olhos ao ser entregado na maior cara dua, ela caiu na risada novamente.

- Ah então foi o seu pai.. - viu quando empurrou a língua contra a bochecha.

- Vem aqui. - chamou Aurora que saiu de baixo da mesa engatinhando até ficar de pé e segurar a mão de Sina. - Vou levar ela para lavar as mãos e trocar de roupas. eu avisou. e você... - apontou para Noah que saía de baixo da mesa, arregalou os olhos. - Vamos conversar depois.

[...]

Noah quase rezava de pés juntos enquanto saía do quarto de Aurora fechando a porta devagar para não acorda-la.

Pensou em fugir para o andar de baixo e fingir que ia ao banheiro, mas ao pisa no degrau da escada:

- Aonde pensa que vai? A gente não conversou ainda.

Noah mordeu o lábio se direcionando para o quarto onde Sina estava de braços cruzados.

- Eu posso explicar...

- Ah, pode? Então começa.

- Ela estava com fome, eu estava com fome e-

- Você quebrou uma regra minha na frente da nossa filha, Noah! Como ela vai me obedecer assim? Daqui a pouco você é o pai favorito e eu a mãe monstro!

- Mas foi só uma vez...

- Uma vez acontece muita coisa!

Noah fez um bico nos lábios, sabia que estava errado.

- Desculpa, babe... - lamentou.

Não vem, não. - apontou o dedo para ele. - Quando eu der uma ordem, ela tem que ser cumprida.

- Fii só um chocolate, não é o fim do mundo não, sabia? Ela nem vai lembrar amanhã.

Engoliu em seco ao ver ela semi cerrar os olhos.

- Só um porque eu cheguei, não é?

- Não faz assim, babe... não vou deixar mais acontecer.

Sina cruzou os braços vindo em sua direção.

- Shh, calado, não quero ouvir mais nenhuma palavra ou eu vou ter que te calar?

𝑫𝒂𝒅𝒅𝒚Onde histórias criam vida. Descubra agora