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Noah suspirou apoiando as mãos no quadril, olhando a parede azul bebê na qual estava dedicando suas últimas três horas.

- Tem certeza que não quer o rosa? Eu posso pintar de novo. - questionou ainda de costas.

Sentiu os braços abraçarem sua cintura, a cabeça repousar em suas costas.

- Não. Tá lindo assim. - a voz embolada parecia manhosa.

Noah sorriu sozinho, colocando o pincel sobre a placa de tinta, se virando para encarar o rosto vermelho inchadinho pela decadência de sono.

- Você precisa dormir, eu mandei você ficar na cama. - abraçou-a de volta, selando os lábios corados.

- Eu não consigo, minha coluna doi. E eu não recebo ordens! - poderia ter sido um grito, mas a voz estava melodiosa demais, cansada demais.

- Ou você obedece ou eu te levo a força.

- Há há! Você nem pode comigo, e eu só vim aqui para uma coisa... - fez um bico nos lábios, batendo os cílios longos.

Noah imitou o gesto, aquecendo o coração que dizia 'veio para me abraçar'.

- Não consegui abrir a embalagem do amendoim, pode abrir para mim? - então trouxe a mão esquerda para a frente e mostrou a embalagem de amendoim doce.

- Pensei que tinha vindo para dizer que me ama.

- Te amo, agora abre, tô morta de fome. - se afastou, esfregando os olhos inchados.

Como negar aquilo? Parecia um ursinho gigante faminto.

Noah beijou os lábios vermelhinhos mais uma vez antes de abrir a embalagem e colocar a mão para pegar um e levar a própria boca.

- Tira a mão dai, você não tá grávido, nem precisa comer por dois. - repreendeu com a voz manhosa, recolhendo o saquinho.

- Como tá a pitanguinha do papai, hm? - repousou a mão sobre a barriga grande.

- O que cacete é a 'pitanguinha'? - fez careta, enchendo a boca com os amendoins coloridos.

- Uma fruta, ué.

- Não chame ela assim, vai destruir a reputação dela. - marchou para fora do quarto, arrastando os pés cobertos por meias.

- Qual reputação?

Ela encarou-o pela última vez, sem responder, voltando para o quarto.

3:00am

Noah ressonava baixinho, depois de zelar até que seu amorzinho pegasse no sono sem reclamar de dores nas costas ou fome.

Depois de mais ou menos trinta minutos de sono, sentiu o colchão afundar levemente ao seu lado.

- Noah... ouviu a voz ao longe, pensou estar sonhando.

- Noah! seu braço foi agarrado com força.

Ele finalmente abriu os olhos rapidamente se deparando com o rostinho inchado com feição assustada, apertando cada vez mais as unhas em seu antebraço.

- Meu Deus, o bebê? Vai nascer? Agora? Tipo, agora? Meu Deus, fica calma, respira... eu vou pegar a... o que eu pego?! - levantou da cama as pressas tropeçando no próprio cobertor embolado no corpo.

- Noah... - parou no meio do quarto ao ouvir a voz manhosa vinda da cama, onde seu nenenzinho continuava sem sair do lugar.

- Eu tive um pesadelo. ao longe viu o bico se formar nos lábios e os olhos marejarem.

Noah acalmou o coração ao mesmo tempo que ele apertou.

Não pensou duas vezes antes de correr até a lateral da cama se ajoelhando, segurando a mão inchadinha com as suas.

- Não é real, neném, eu tô aqui. Tinha um monstro? Aquele monstro feio não vai te pegar, a gente vai pegar ele primeiro.

Ela riu fraco com a voz chorosa.

- Não tinha monstro...

Noah ficou em silêncio pensando no que seria.

- Seja lá o que for, nada, nadinha, vai mexer com minha neném.

- Nem um alienígena?

Noah pensou por um segundo antes de prenssar os lábios para não rir.

- Era um alienígena? Tipo, aqueles verdes do espaço do Toy Store? - riu baixo.

- Se fosse, eu não estaria com medo, não acha?

- Eu posso rir? - perguntou já rindo.

- Se quiser passar o resto da noite no sofá, pode.

Noah assentiu fechando o sorriso, subindo na cama, beijando a testa afastando alguns fios de cabelo.

- Se ele vir a gente pega ele, por que hm?

- Ele é mau.

- E a gente?

- É mau também.

[...]

Noah bocejou entrando no banheiro na intenção de escovar os dentes se deparando com sua bolinha frente ao espelho completamente nua analisando o próprio reflexo.

Noah sorriu bobo parando para admirar.

- Você é linda, muito linda.

Ela olhou por cima do ombro, os cabelos molhados pelo recente banho cobrindo parcela da sua visão.

- Fala isso só para tentar me manipular.

- Falo porque é verdade, minha nuvenzinha. - riu adorável, se aproximando.

- Sai, sai, não encosta. - disse antes que Noah a abracasse por trás.

- Por que não?

- Porque eu vou ficar com tesão e você sabe muito bem da minha situação, já tô tentando me controlar a muito tempo, vê se ajuda. - voltou a atenção ao próprio reflexo.

- Ah! Então quer dizer que a senhora quer me d-

- NEM TERMINE!

Noah riu novamente.

- Você precisa de mim? Vou tomar banho.

- Não, claro que não. - disse firme.

Noah assentiu ainda tentando esconder o sorriso ao ver o amor da sua vida ali nua avaliando seu corpinho que estava lindo aos seus olhos.

Antes de entrar no box, ouviu o som de algo caindo no chão, olhou por cima do ombro vendo os olhinhos pidoes direcionados a si e a escova de dentes caída logo a frente.

- Pega para mim...

𝑫𝒂𝒅𝒅𝒚Onde histórias criam vida. Descubra agora