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Noah debruçava-se sobre o colchão espaçoso ficando frente a frente com a barriga da sua bolinha.

Enquanto ela mesma ignorava, enquanto comia uma tigela pipoca com chocolate. Balançava os pezinhos gordinhos enquanto esperava o filme que Noah escolheu começar.

- Como o meu amozinho tá hoje? Papai tá morto, sua mãe anda me cansando muito sabia? - sussurrou para a barriga grande, encarando pelo canto do olho se Sina não tinha ouvido, por sua sorte ela ainda estava olhando para a televisão.

- Eu escolhi um filme muito bom, você vai gostar, o papai tem ótimo bom gost-

- Mas que porcaria de filme é esse?!

Apontou com o dedinho roliço para a tv, Noah se assustou se apoiando nos cotovelos para olhar por cima do ombro.

- O homem aranha. É muito bo-

- A minha filha não vai assistir homem aranha, Noah!

- Por que não? Ela vai amar, não é bebê? - deu um selinho na barriga rindo bobo quando viu-a se mexer.

- Porque ela é feminista! Ela não vai assistir coisa onde homens que salvam o mundo, pode tirar! - reclamou com as bochechas infladas pela pipoca.

- Ah, e você acha que ela vai gostar de assistir o que? A Mônica? - riu debochado e recebeu um chute no ombro que quase o fez cair da cama.

- Pelo menos a Mônica é feminista e bate naquele moleque machista! - apoiou-se com esforço nos cotovelos.

Oito meses não era para qualquer um...

- Mas tem a Mary Jane, amor. - voltou a se ajeitar na cama, massageando o ombro do chute.

- Eu não quero saber não! Vai, coloca A bela e a Fera. - fez um bico aborrecido se encostando na cabeçeira da cama.

- A Bela e a Fera não é machista, madame?

- Claro que não, se não fosse por ela aquele palhaço tinha morrido! Agora levanta, vai, vai!

Noah riu as bochechas infladas pareciam um coelho, mas ele jamais diria isso em voz alta, ou seu amorzinho cortaria seu pau fora.

Levantou da cama, pegando o controle para mudar de catálogo.

- Aproveita que tá de pé e pega lá na geladeira a cobertura de doce de leite, enjoeei de chocolate.

[...]

A tarde estava ensolarada, os gritos das crianças correndo no parque era quase ensurdecedor.

Noah não deixava de ter o coração acelerado ao imaginar que em pouco tempo teria seu pinguinho em seus braços.

Apertou mais as mãos entrelaçados aos da sua bolinha, enquanto passavam pela área de brinquedos do parque.

Ela parecia bem distraída, enquanto segurava um sorvete na mão esquerda. De alguma forma não teria sensação melhor para Noah, já que ela disse que evitava passeios ao ar livre por sentir-se insegura.

Duas criancinhas segurando um balão colorido se aproximaram.

- Oi, posso tocar na sua barriga? A mamãe me disse que tem um bebê ai. - o garotinho apontou com o dedo para o barrigão evidente e Noah sorriu.

Sina arqueou uma sobrancelha, mas assentiu para as crianças que pareciam meio tímidas.

- Como ele foi parar ai? - perguntaram, enquanto as mãozinhas passeavam por cima da camiseta larga.

- Ah, foi em uma noite onde eu estava com muita vontade de sent-

- Foi uma sementinha de melancia. - Noah cortou assentindo diversas vezes, lançando um olhar repreenssivo para Sina.

- Melancia? Eu gosto de melancia! - o garotinho sorriu tímido tirando as mãos da barriga.

Ao longe o som da voz da suposta mãe o chamou-o e ele se despediu até sumir de vista.

- Você ia mesmo dizer para as crianças?

- É claro que ia, é a verdade! Eu estava com uma maldita vontade de sentar naquela noite e olha no que deu. - Disse senhores enquanto voltava a lamber o sorvete.

- Mas eles são crianças, amor...

Ela deu de ombros, mas minutos depois começou a rir do nada.

- Uma melancia... - sibilou rindo.

- Tá rindo por que?

- Deveria ter dito que foi um pepino.

𝑫𝒂𝒅𝒅𝒚Onde histórias criam vida. Descubra agora