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Noah e Sina estavam sentados no consultório a cerca de uma hora e quarenta e cinco minutos. Mas Noah suspira ao ver ela se mexer na cadeira e bater o pezinho inchado no chão diversas vezes.

- Cadê aquela médica doida?! Ela tá me fazendo de palhaça. - cruzou os braços.

- Aquela médica doida é quem vai fazer o seu parto, amor, e ela precisa acompanhar a gestação de outras pessoas além da sua. - explicou com a maior paciência do mundo.

Haviam inúmeros casais sentados na mesma sala de espera e todos estavam gravidos, feliz e sorridentes.

- Mas eu tô aqui há cinco horas!

- Não foram duas, amor...

- Tô nem ai! Eu pago uma fortuna no plano de saúde, exijo ser atendida logo! E tô mais perto de parir.

- Ah! Então a madame entre lá e explique isso para a médica.

- Tá bom. - as mãos se apoiaram nos braços da cadeira dando impulso para levantar pronta para reclamar com a médica o por que de tanta demora para ser atendida naquele consultório meia-boca.

- Meu Deus do deu! Eu tava brincando, amor. - as mãos foram a frente do corpinho avantajado a prendendo no lugar.

- Não dúvida de mim, não! - voltou a cruzar os braços sobre a barriga grande.

Noah riu e negou com a cabeça, pegando uma revista que falava sobre filhos bilíngues para passar os tempo. Sina continuou se remexendo, agoniando Noah.

- Para quieta um segundo, amor, pelo amor de Deus! - falou um pouco mais alto atraindo atenção dos outros casais.

- Me deixa, seu insuportável!

- Para de ser enjoada, daqui a pouco eu saio e não volto nunca mais!

- Você vai me deixar, Noah? Tá dizendo que vai me deixar depois de ter me engravidado, deformado meu corpo para deixar igual uma bola? Me casei com um crápula?

- Meu Deus, neném, não foi isso que eu quis...

- Tá pedindo para morrer na punheta pro resto da vida.

- Meu Deus, amor, fala baixo! - sorriu sem graça.

- Já disse que eu não estou tô nem ai! - fez um bico nos lábios.

No momento a porta do consultório foi aberta e a médica com a prancheta na mão estava sorrindo.

- Sina Maria Deinert Urrea.

- Até que enfim! - levantou novamente e Noah riu sem graça para a médica, segurando em sua mão para entrar na sala.

[...]

Noah não parava de sorrir igual criança, enquanto estava de pé próximo a porta, encarando sua bolinha deitada ali com a barriga livre de roupas.

- Então como anda depois dos sete meses de gravidez?

- Bem, para primeiro de conversa nem andar eu ando direito, já viu o tamanho dos meus tornozelos?

A médica sorriu assentindo.

- É totalmente normal, você precisa de repouso pouco stress, e comer comidas veganas, Você segue a receita da nutricionista direitinho, não é?

Ela trocou olhares com Noah.

- É clar...

- Mentira dela.

A médica olhou desconfiada para os dois.

- Noah!

- Noah nada, amor, eu vou contar!

Ela semicerrou os olhinhos segurando a coberta branca, Noah estava sentenciado a morte.

- Ela quase me mata toda vez que eu vou dar fruta para ela, diz que não é coelho para comer mato. - Noah explicou, chegando mais perto da maca para segurar a mão fofinha.

Ela ergueu as sobrancelhas em puro 'tô nem ai' cravando as unhas na mão de Noah que se esforçou para não fazer careta.

- Você sabe que o bebê precisa.

- Eu falei pra ela.

- Sínico. - ela disse baixo revirando os olhos.

- Eu vou receitar uns chás e alguns vegetais extremamente necessários nessa reta final, tudo bem?

Noah assentiu, ela franziu o nariz com desgosto.

Depois de alguns minutos de conversa com a obstetra ela entregou a lista de chás verdes e vegetais para Noah. E eles saíram do consultório.

Sina estava com a cara emburrada e sabia disso pelo soco no ombro, e por vê-la xinga-lo, marchando para o carro sozinha, depois reclamou que Noah não servia nem para abrir a porta para ela.

E Noah estava ciente que depois teria que comprar pizzas ou fazer pudim para acalmar seu pequeno furacão, além de pedir milhões de desculpas.

𝑫𝒂𝒅𝒅𝒚Onde histórias criam vida. Descubra agora