prólogo

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Bruno Rezende estava puto!

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Bruno Rezende estava puto!

Para alguns, essa afirmação pode não ser surpresa. Quem conhece bem o jogador de vôlei sabe que, assim como seu pai, o lendário treinador Bernardinho, Bruno tem um temperamento explosivo. Além de seu talento excepcional na quadra, ele também herdou o pavio curto de seu progenitor.

Geralmente, suas explosões de raiva são reservadas para momentos de jogo, dirigidas aos adversários ou a decisões injustas dos árbitros. Mas desta vez, a irritação de Bruno não tinha nada a ver com o vôlei. Ele estava enfurecido por algo completamente diferente, fora das quadras e do contexto esportivo.

Bruno não conseguia encontrar, de jeito nenhum, o relógio de seu avô.

Caixas e caixas, guardadas há muito tempo, eram reviradas meticulosamente. A busca pelo objeto era incessante e desesperada. Para quem observasse de fora, poderia parecer tolice se estressar tanto pela perda de algo aparentemente simples. Mas não para Bruno.

Ele estava prestes a enfrentar mais uma etapa crucial em sua carreira: mais uma intensa jornada rumo à medalha de ouro nas Olimpíadas. Mas desta vez, havia algo diferente, algo que pesava em seu coração. Esta seria a primeira Olimpíada que ele participaria desde a morte de seu avô. A primeira vez que teria de enfrentar a pressão e a emoção do evento sem o apoio e a benção daquele que sempre esteve ao seu lado, nas vitórias e nas derrotas.

Bruno estava aflito e nervoso.

Seu avô tinha sido uma figura fundamental em sua vida, oferecendo conselhos, encorajamento e um amor incondicional que o ajudava a superar os momentos difíceis. O relógio, agora perdido, era mais do que uma lembrança física; era um símbolo tangível da presença e do carinho de seu avô. Um amuleto. Sem ele, Bruno sentia como se faltasse uma parte de si mesmo, uma ausência que se tornava ainda mais aguda com a aproximação de uma competição tão significativa e que lhe trazia tanta insegurança sobre sua capacidade como jogador e capitão.

— Porra! — exclamou Bruno, a voz embargada de frustração, enquanto observava as caixas espalhadas pelo chão, todas reviradas e sem vestígio daquilo que procura.

Ele soltou o ar dos pulmões em uma arfada única e raivosa, o som ressoando na sala silenciosa de sua casa recém mudada e bagunçada pela reforma. Levou as mãos ao rosto e coçou a barba espessa, um gesto que fazia quando estava imerso em pensamentos.

Toda a sua vida estava ali, espalhada naquelas caixas. Eram relíquias de cada fase, desde a infância até os dias atuais. Não podia acreditar que o relógio do avô, tão importante, não estivesse também entre aqueles objetos.

Cada vez que abria uma caixa, era como se abrisse um portal para o passado. Surgiam fotos desbotadas, troféus antigos, cartas amareladas pelo tempo — fragmentos de memórias que contavam a história de sua vida. Mas nenhum deles era o que procurava. A cada objeto descartado, Bruno se movia com mais rapidez e impaciência, seus olhos ansiosos e frustrados. Ele procurava por algo que não poderia ser substituído, algo que carregava o peso de incontáveis lembranças e que parecia estar desaparecendo junto com o tempo.

Pra Você Guardei O Amor • B. RezendeOnde histórias criam vida. Descubra agora