É curioso como o mundo parece suspenso depois de uma tempestade. A manhã se revela com uma serenidade que mais incomoda do que acalma, como se o universo estivesse concedendo um breve intervalo antes de jogar o próximo peso. Essa calmaria sempre me assustou.
Exatamente como aconteceu durante a noite toda, meu olhar está perdido no vazio. Passei horas sendo consumida por um único pensamento: Bruno Rezende. Suas palavras continuam a reverberar na minha mente, cada frase carregando um peso que não consigo simplesmente deixar de lado.
A verdade, enfim, emergiu após vinte anos, mais devastadora do que eu jamais poderia ter previsto. O tempo parece ter perdido seu ritmo, com cada segundo se estendendo em uma eternidade silenciosa. Se eu soubesse que estar aqui, para cobrir as Olimpíadas, me forçaria a confrontar uma fase da minha vida marcada pela dor de ferir alguém, talvez eu tivesse evitado essa viagem. Mas, por outro lado, se soubesse que essa jornada me traria de volta a chance de estar perto do garoto por quem me apaixonei, sem dúvida, eu teria vindo sem pensar duas vezes.
Enganar o tempo é como enganar a si mesmo: você pode tentar, mas a verdade sempre encontra uma maneira de emergir, implacável e inevitável.
Sento-me na beira da cama, o frio do ar-condicionado me envolve enquanto as lembranças da noite anterior se misturam com a quietude da manhã. Cada sombra nas paredes parece carregar um peso, uma recriação das conversas e dos sentimentos que tomaram conta de mim. A dor de ver Bruno novamente, o choque da verdade, tudo parece ainda palpável, como se o espaço ao meu redor estivesse carregado de uma energia da qual não consigo dissipar.
Às vezes, a verdade é como um espelho quebrado, revelando fragmentos de nós mesmos que preferiríamos esquecer. A revelação sobre o pai dele e sua influência em nosso relacionamento me assombra mais do que eu gostaria de admitir. Olhar para trás e perceber o quanto fui manipulada, e o quanto Bruno também foi, é como descobrir que uma parte fundamental da minha história foi baseada em ilusões.
— Ser ingênua é uma maldição. — murmuro para mim mesma, sentindo a raiva ferver em minhas palavras. É frustrante perceber o quanto fui manipulada ao longo da vida, sempre caindo na armadilha de quem sabia exatamente como jogar comigo.
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Pra Você Guardei O Amor • B. Rezende
FanfictionSob o brilho das luzes olímpicas em Paris, Bruno Rezende, um astro do vôlei, busca a glória máxima. Mas a Cidade Luz, com sua atmosfera mágica, também o transporta para um passado que acreditava ter deixado para trás. O reencontro casual com Olivia...