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Pode soar irônico, mas sempre preferi a clareza ao caos

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Pode soar irônico, mas sempre preferi a clareza ao caos. Mesmo na juventude, antes de compreender plenamente o peso das minhas decisões, acreditava que agir com firmeza e seguir em frente era o melhor caminho. Mas agora, enquanto observo Bruno andando de um lado para o outro no corredor frio e vazio, me preparando para a conversa que sei que virá, essa clareza parece tão distante quanto os dias da minha adolescência.

Deslizo as costas pela parede até me sentar no chão. Meu foco se prende ao jeito ansioso de Bruno à minha frente, com seus passos inquietos e a mão constantemente tocando a corrente prateada em seu pescoço. A mesma que lhe dei de presente quando assisti à sua primeira partida de vôlei na escola.

— Por que guardou o colar durante todo esse tempo? — minha voz, por mais baixa que soe, ecoa no corredor silencioso, fazendo com que Bruno pare de andar. O castanho de seus olhos se encontram com os meus, mostrando ums mistura de surpresa e introspecção.

Bruno morde o lábio inferior, contorcendo-o em um gesto pensativo. Ele parece ponderar a pergunta, buscando uma resposta capaz de fazer sentido para ambos. Depois de alguns momentos de hesitação, ele finalmente se senta no chão, encostado na parede oposta à minha, seus olhos ainda fixos em mim enquanto se ajusta na posição.

— Foi um presente, não foi? — ele responde à minha pergunta com outra, e seu tom é curioso, sem traços de acidez.

— Claro que sim. Só pensei que...

— Que eu ia jogá-lo fora depois de você terminar friamente comigo através de uma carta? — seu sorriso carrega uma pitada de sarcasmo. Bruno abraça as próprias pernas e desvia o olhar, como se o peso de dizer aquilo fosse mais fácil de suportar se ele não me visse diretamente.

Ouvir isso me destrói. É evidente na sua voz o peso da dor e do ressentimento acumulados ao longo de vinte anos. Sinto um ódio ainda mais profundo por mim mesma do que o que já sentia, desde o momento em que me forcei a escrever aquela carta.

Pra Você Guardei O Amor • B. RezendeOnde histórias criam vida. Descubra agora