8 - Acho que isso foi um momento de lazer

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Peço para Kumoka ir até a guilda para pegar nossa recompensa — apesar de não termos feito absolutamente nada para merecê-la —, enquanto o resto do meu grupo se reúne na frente dos portões da cidade com aquele hobgoblin assustado ainda agarrado a mim.

Ele olhava tudo nos seus arredores com grandes olhos brilhantes, como se fosse sua primeira vez fora da caverna, e eu devo dizer que é um pouquinho fofo vê-lo amedrontado com qualquer coisinha.

Porém não tenho tempo para apreciar pequenos momentos, pois meu grupo está enfurecido.

— Vamos matá-lo! — diz Alloe.

— Que tal entregá-lo ao mercado de escravos? — Eclis propõe como se fosse a coisa mais normal do mundo — É melhor do que matá-lo.

— Deixa eu comer ele, vaaaai! Tô morrendo de fomeeee! — Totalmente eufórico, Hello fica pulando e mexendo os braços de uma forma que está assustando as pessoas que passam por nós.

Como esse grupo consegue manter uma conversação decente ainda é um mistério para mim, mas sei que o hobgoblin está entendendo tudo o que eles dizem e, pela forma desesperada que ele treme ao se agarrar a mim, posso presumir que está apavorado com qualquer uma das hipóteses.

"O que quer fazer, Becca?", Mapache pergunta, ele está sentado no chão comportadamente como se aguardassem minhas ordens.

Eu sinceramente não sei o que fazer. Esse hobgoblin não me parece perigoso e é possível que a skill < Atração > esteja fazendo efeito nele, por isso ele está tão apegado a mim — ou talvez pense que sou a menos ameaçadora do grupo.

Não quero sentir culpa por matar alguém fraco e vendê-lo como um escravo parece ainda mais cruel para mim.

— E então, Rebecca, o que vamos fazer? — Eclis se vira na minha direção, na verdade, os três o fazem, focando completamente seus olhares em mim.

Por que tenho que tomar todas as decisões? Carajos, eu nunca quis ser a líder desse grupo bagunçado! Jódete, farei o que quiser, independentemente da opinião desses caras, se sou a líder, eles me ouvirão.

— Vou ficar com ele.

Minha frase paira sobre o ar e cai com pressão na terra. Alloe me olha como se eu estivesse louca, Hello parece decepcionado por ter sua comida negada e Eclis está desconcertado.

— Sabia que nossa líder tinha um bom coração, kekeke. — Viro-me para encarar Kumoka que traz consigo um saco marrom nas mãos. — Eu disse a verdade e eles decidiram nos dar apenas parte da recompensa.

Inspeciono aquela quantidade de moedas de ouro e prata, parecem ter por volta de cinquenta de prata e cem de ouro, é claramente uma recompensa boa demais para quem não fez nada.

— Só ganhamos isso? — Alloe parece indignado. — É mesmo melhor vender esse hobgoblin, conseguiremos mais dinheiro.

— Não vamos vendê-lo e ponto final — digo decisivamente.

— Então vai tratá-lo como seu bichinho de estimação? Que piada, ele pode te apunhalar a qualquer momento.

— Eu tenho princípios e, goste você ou não, ainda sou a líder desse grupo, então posso tomar as decisões que quiser.

— Tão infantil. O que te atraiu nesse monstro asqueroso? Sabia que ele pode já ter matado muitas mulheres enquanto estava naquela caverna?

— Sim, ele "pode ter feito isso", mas ninguém tem como provar. — Dou de ombros, cansada da discussão. — Vamos dividir a recompensa entre nós cinco.

Carajos, isso é um isekai de mierdaOnde histórias criam vida. Descubra agora