9 - Amores dentro da dungeon

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Meu nome é Rebecca Gomes e eu morri aos vinte e seis anos enquanto voltava de uma festa. Na verdade, morri junto as minhas amigas, Lisa Fonseca e Natasha Ferraz, mas por algum motivo que não ouso nomear, uma entidade apelidada de Quinto — que eu chamei carinhosamente de "Mapache" — decidiu me reviver num mundo de fantasia e magia com o único objetivo de enfrentar um ser chamado de Rei Demônio e, assim, poder ganhar o direito de voltar no tempo e impedir as nossas mortes.

Certo, muy bueno, hombre. Agora me explica como diablos acabei vindo parar nesta dungeon cheia de inimigos e, mais importante, por que agora estou sendo perseguida por un carajo de un slime?!

"Corra, Becca, corra!", Mapache grita dentro da minha cabeça com sua telepatia, ele se agarra à minha capa com suas patinhas pequenas enquanto eu corro por entre os corredores escuros da dungeon.

O slime é relativamente lento, mas insanamente persistente, eu mal consigo recuperar o fôlego e logo tenho que correr novamente, mierda!

Mas para entender essa situação é necessário retroceder um pouco no tempo para ontem, mais especificamente para a hora em que eu estava me banhando com meu grupo e surgiu a seguinte questão: como upar de level rapidamente?

— Você pode tentar ir numa das incursões em dungeons próximas a cidade — sugere Eclis.

— E como são essas incursões? — questiono.

— Elas são divertidas, eu já participei de uma, kekeke. — fala Kumoka parecendo levemente empolgada — Pude conhecer vários aventureiros interessantes e atraentes, keke.

Ora, ora, eu não esperava esse lado dela, mas devo dizer que me identifico.

— Então acho que vou tentar ir numa dessas incursões amanhã — digo, apesar de ainda estar ponderando.

"Isso é incrível, Becca, será sua primeira dungeon! Mal posso esperar!", Mapache comemora ainda boiando na água morna ao meu redor. É incrível como qualquer coisinha nova que acontece parece acender um pavio de entusiasmo nesse bicho.

Certo, voltando ao presente momento em que eu consegui me esconder do slime em um dos muitos corredores da dungeon, recobro o fôlego e me amaldiçoo pelas minhas péssimas ideias.

Francamente, no que eu estava pensando? Dispensei minha party e simplesmente mergulhei de cabeça nesse labirinto cheio de monstros!

Tonta, Rebecca, usted eres una tonta!

"Ele tá vindo!", sou interrompida no meio dos meus pensamentos melancólicos com o guaxinim gritando no meu cérebro.

— Qual é o ponto fraco dos slimes? — pergunto para o Mapache.

"Água".

— Ah, coño, como vou achar água agora?!

"Então tente destruir o seu núcleo".

— E onde fica isso?

Espio pela beirada do corredor e vejo aquela meleca verde gosmenta ambulante se arrastando em minha direção. Já sei que seus sulcos digestivos são corrosivos, então nem adianta chegar perto. Se ao menos eu soubesse uma magia com água...! Mas para mim é impossível, eu nem tenho MP — que seriam Magical Points, o mesmo que Stamina Points, só que para magia.

Entretanto, quando estou prestes a desistir da ofensiva e voltar a fugir, vejo algo reluzir dentro do slime, uma esfera pequena e brilhante.

— Aquele é o núcleo?

"Sim!".

— Certo, então tenho uma ideia.

Pego uma das minhas flechas e o cantil com água que peguei mais cedo. Jogo o líquido na ponta da flecha e a posiciono em meu arco. Estico a corda e miro no centro do slime, o núcleo não esta se mexendo — gracias a Dios.

Carajos, isso é um isekai de mierdaOnde histórias criam vida. Descubra agora