Capítulo 5

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Caminhando pelos corredores do Netux, não conseguia parar de rir. Any e Spice estavam ao meu lado. Estávamos deixando a Área Rosa, ainda eufóricas com todas as atividades e jogos que havíamos participado.

— Você viu a cara da menina que tentei imitar no jogo de charadas? — Any exclamou, rindo tanto que quase tropeçou.

— Sim! Parecia que você estava tendo um ataque epilético! — Spice respondeu, rindo ainda mais.

Eu mal conseguia falar de tanto rir.

— E quando Spice tentou cantar aquela música da Taylor Swift? Parecia um gato sendo estrangulado!

— Ei! — Spice fingiu estar ofendida, mas logo caiu na risada também. — Vocês também não foram grandes coisas no karaokê!

— Andar pelos corredores com vocês é como estar em uma comédia ao vivo — disse Any, ainda tentando recuperar o fôlego. — Quem precisa de TV quando temos a Adeline imitando vampiros?

— Ah, pare! Eu estava sendo uma ótima vampira!

— Você parecia mais um morcego desengonçado! — Spice disse, e nós três voltamos a rir.

— Como uma vampira não consegue imitar uma vampira? É só ser você mesma! — Spice berrou e eu gargalhei alto.

Eu ainda estava rindo, quando de repente, vi Ian surgindo no final do corredor. Meu coração disparou ao vê-lo, mas rapidamente percebi que algo estava errado. A expressão dele estava fechada, o rosto sério e o olhar sombrio. Tentei disfarçar minha preocupação quando ele se aproximou de nós.

— Ian! Estas são minhas amigas, Spice e Any. — apresentei, tentando soar casual.

Ian sequer olhou para elas. Em vez disso, agarrou meu braço com força, seu rosto uma máscara de fúria contida.

— Precisamos conversar, agora — ele rosnou.

Antes que eu pudesse entender o que estava acontecendo, Spice deu um passo à frente, sua expressão se transformando em raiva.

— Ei, não tem por que você a tratar assim! — ela disse, começando a conjurar seu poder Elemental.

Ian nem hesitou. Com um gesto brusco, ele usou seu próprio poder Elemental, fazendo trepadeiras brotarem do nada e se enrolarem firmemente em torno de Spice, prendendo-a no lugar. Any deu um passo para trás, surpresa e assustada. Aquilo era novo, normalmente Ian conseguia manipular os elementos que estavam em sua volta, mas aparentemente, agora ele conseguia criar elementos também. Vi Spice fazendo algo parecido com a neve, mas foi fácil engolir, ela estava ao ar livre. Mas aqui? Dentro de um complexo de ferro, nascer plantas do chão é... assustador.

— Ian, solta ela! — gritei, furiosa. — Ela é minha amiga!

Ele trincou o maxilar, o olhar cheio de ódio fixo em Spice, mas ao perceber a importância dela para mim, ele finalmente cedeu. Com um gesto brusco, as trepadeiras recuaram e libertaram Spice, que estava visivelmente abalada e irritada.

— Desculpa, meninas — murmurei, sendo arrastada pelo corredor por Ian, sem dizer uma única palavra. Meu coração estava dividido entre a preocupação pelo comportamento dele e a raiva por ele ter tratado minhas amigas daquela forma.

Ian finalmente parou de me puxar quando chegamos a um corredor vazio. Ele me prendeu contra a parede com tanta força que eu mal conseguia respirar. O ódio em seus olhos me fez tremer.

— Onde diabos você esteve o dia todo, Adeline? — ele rosnou, os olhos queimando de fúria. — A equipe inteira estava enlouquecendo sem saber onde você estava. Nós já atacamos um grupo de garotos suspeitos, caralho!

Eu mal conseguia formular uma resposta, o choque começando a se infiltrar.

— Kasper tentou enforcar um cara, porra! Porque achou que talvez fosse ele o responsável pelo seu desaparecimento! — Ian continuou, sua voz cheia de raiva. — Você tem ideia de quão fodida essa situação está? Nós estamos todos fodidos, sem saber onde você estava ou se estava bem!

— Ian, eu... eu não sabia que isso ia acontecer — eu disse, minha voz tremendo. — Eu só precisava de um tempo para mim. Eu não pensei que vocês iriam reagir assim.

— Tempo pra você? Porra, Adeline, nós estamos no meio de uma merda de uma guerra! Não temos tempo para sumiços aleatórios! — ele explodiu, os punhos cerrados ao lado do corpo. — Da próxima vez que você decidir desaparecer, avise alguém, porra! Não faça a gente passar por isso de novo.

— Eu sinto muito, Ian. Eu sinto muito mesmo. Eu não queria causar problemas.

Ele respirou fundo, ainda irritado, mas a intensidade da raiva começou a diminuir.

— Onde você estava?

— Na área rosa.

— Que porra de lugar é esse?

— É uma área para as garotas.

— Onde fica isso?

— Fica meio escondido, não vou te contar onde fica. É um lugar para mulheres.

— Como se eu quisesse ir para lá algum dia! — ele suspirou e coçou a nuca. — Vamos voltar. — Sua voz agora mais controlada. — Mas, por favor, nunca mais faça isso. Nós precisamos de você. Eu... eu preciso de você.

Assenti novamente, meu coração ainda pesado.

Eu estava chateada com a abordagem agressiva dele, mas entendia que ele sempre foi assim. Essa era a sua forma de reagir quando algo não saía como ele queria. Sabia que, apesar de sua explosão, ele só estava preocupado. Eu deveria ter avisado a algum deles onde estava indo. Afinal, estamos em um relacionamento e, considerando o lugar onde estamos e o momento difícil que estamos passando, sumir sem dar notícias é irresponsável e imaturo, mesmo que tenha sido para me divertir um pouco.

Mas isso não afastava a tristeza por ter sido tratada mal pelo Ian. Agora que já descobri como ele consegue ser atencioso e carinhoso, ser tratada com brutalidade me deixava profundamente triste. Enquanto caminhávamos lado a lado pelo corredor, pensamentos turvos rodopiavam na minha mente. A raiva dele, a preocupação que sentia, tudo me atingia em ondas. Eu sabia que ele só queria me proteger, mas a forma bruta e dura como fez isso machucava. Estar aqui, tentando sobreviver, enquanto meus sentimentos por esses garotos crescem cada vez mais, é um inferno.

Eu precisava ser mais esperta, parar de ser uma criança irresponsável e começar a agir como uma adulta. Mas, ao mesmo tempo, precisava encontrar um equilíbrio entre a diversão e a responsabilidade. E, acima de tudo, precisava entender que, mesmo nas piores situações, tinha gente ao meu redor que se importava comigo.

Sombras De Esqueleto- Harém Reverso (livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora