Capítulo 18

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IAN

Estamos sentados na área aberta da festa, cercados pela vibração animada da música pulsante e pelo burburinho das conversas ao redor. O ar noturno é fresco e revigorante, carregado com o aroma sedutor de flores, um toque sutil de especiarias e o leve odor de fumaça de cigarro. Seguro um copo de uísque na mão, apreciando a sensação do vento fresco em meu rosto e a suave luz das estrelas acima. Ao meu lado, Joe está acendendo um baseado.

Como Dominantes, sentimos o poder latente ao nosso redor, uma presença que nos lembra nossa posição no topo da cadeia alimentar vampírica. Almejamos isso desde a infância, e agora, finalmente alcançamos. O próximo dia já está batendo à porta, e com ele vêm todas as responsabilidades que agora pesam sobre meus ombros. Tenho que lidar com a empresa de tecnologia que meu velho decidiu deixar nas minhas mãos enquanto ele se diverte com os testes. Por mais que eu goste de desafios, essa é uma responsabilidade que me deixa com um gosto amargo na boca. Além disso, tem essa questão da moradia. Agora que eu e a Adeline estamos juntos, não dá pra ficar longe dela. Preciso decidir onde vou morar, e essa decisão não é fácil.

Enquanto penso nisso, dou mais um gole na bebida e olho para o Joe. Pergunto a ele se vai contar para a Adeline sobre nossa conversa mais cedo, sobre os detalhes macabros de seu poder, o perigo que ele corre e todos os efeitos negativos de conseguir prender e libertar legiões de demônios. Ele responde com um "sim", tão simples e direto quanto um soco no estômago. Então, ele joga a cabeça para trás, tragando a maconha e soltando a fumaça para o céu. Encaro o horizonte, pensando em como é estranho nós dois estarmos apaixonados pela mesma mulher.

— Isso é estranho.

— É, cara, é bem estranho — ele responde, concordando comigo. A vida nos prega umas peças, e essa com certeza é uma das mais loucas que já me aconteceram.

— A gente a odiava — Joe diz tragando de novo. — Mas, eu nunca a achei feia, não.

Deixo um sorriso de canto nascer.

— Ela é muito gostosa — digo, e ele sorri soprando a fumaça. — E doida.

— Ela mandou a porra dos demônios pararem, e eles pararam. Tem noção disso? Eu sou o rei deles, e eles nunca me obedeceram. Aí chega essa garota, os manda parar e eles param.

Balanço a cabeça, orgulhoso por ela.

— A gente fez da vida dela um inferno — comento. — Mas ainda dá tempo de consertar as coisas. Estou tentando fazer isso.

— Cara, eu não sei, ela pareceu bem irritada, saiu batendo a porta. Eu não deveria ter deixado a Mia me chupar. Precisava ver como ela ficou resmungando no quarto, dizendo que ela não era uma cachorra, que eu teria que ralar para conseguir o perdão dela, ao mesmo tempo em que se lamentava porque correu de mim, eu a deixei brava e confusa, e isso é uma merda.

— Vacilão — zombo.

— O que eu faço agora? Eu estava fugindo dela esse tempo todo porque achava que não conseguiria controlar os demônios perto dela. Mas agora, depois de ver o poder que ela tem sobre eles, eu não quero mais fugir. Eles não vão machucá-la.

— O que você precisa fazer é mostrar pra ela que você se importa, porra, pare de ser um Zé Ruela — eu digo. — Fale com ela, seja honesto, admita seus erros. As mulheres gostam de um pouco de vulnerabilidade, cara, sabia disso?

Dou mais um gole na bebida antes de continuar.

— Mostre que você tá disposto a mudar, a fazer o que for necessário pra consertar as coisas. E não vai adiantar nada só ficar pedindo desculpa, você tem que provar com atitudes. Surpreenda-a, faça alguma coisa que você sabe que ela vai gostar.

Eu olho para o Joe.

— E, porra, seja paciente. Não vai ser fácil, e não vai ser rápido. Mas se você realmente a quer, vai valer a pena. — Eu dou de ombros, deixando escapar um suspiro. — Pelo menos, é o que eu espero, porque se não, você tá fudido, mano.

Joe solta um riso sarcástico e sacode a cabeça.

— Ah, é só isso? Que dicas maravilhosas, cara, obrigado por compartilhar sua sabedoria comigo — ele diz, exagerando um pouco o tom de zombaria. — Vou só correr lá agora e dizer pra Adeline que vou ser o homem dos sonhos dela, simples assim, né?

Ele traga a maconha mais um pouco e depois olha para mim com um sorriso malicioso.

— Sério, cara, obrigado. Agora eu me sinto totalmente preparado pra essa missão.

— Vai tomar no cu, cara. — Reviro os olhos. — Tô falando sério.

Uma gritaria se iniciou perto da área aberta, mas não atraiu nossa atenção o bastante para olhar.

— Bem, se eu conseguir consertar as coisas, vou pegar a sua mulher de jeito. — Ele continua me provocando. — Aquela gostosa do caralho, ela vai descobrir que seu amigo fode melhor do que você.

Levanto o dedo do meio para ele e trinco o maxilar.

— Tenta a sorte.

— Não fica irritado não, mano. Ela será minha de qualquer maneira.

— Sua e de mais quatro.

Ele gargalha.

— É foda. Talvez eu a sequestre e a leve para bem longe de todos vocês.

Solto uma risada anasalada.

— A gente iria até o inferno por ela. Seria como um suicídio, mano.

Ele dá de ombros e esmaga o resto do baseado com o tênis. Percebo que ele olha além de mim, franzindo a sobrancelha como se tentasse enxergar algo melhor, e depois, sua expressão muda completamente para desgosto. Faço uma careta e olho para trás.

Adeline está bêbada, tirando a roupa em cima de uma mesa. Tirando a porra do vestido em cima da porra de uma mesa. Haja paciência.

Me levanto de repente, e Joe faz o mesmo, avançando em direção à doida na mesa.


Sombras De Esqueleto- Harém Reverso (livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora