Capítulo 16

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Dave acabou de sair do quarto, deixando um vazio estranho no ar. Visto um vestido curto e simples, sentindo o tecido suave contra a pele ainda sensível. O quarto está em silêncio, exceto pelo som suave da minha respiração. Meus olhos pousam na caixa de primeiros socorros em cima da penteadeira, ainda aberta depois de fazer o curativo no Kasper no dia da briga. Meu coração acelera só de pensar no que vou fazer.

Caminho lentamente até a penteadeira, cada passo parece mais pesado do que o último. Pego a caixa com as mãos trêmulas, tentando ignorar o turbilhão de pensamentos na minha mente. Preciso fazer isso. Preciso falar com ele.

Saio do quarto, meu coração batendo tão forte que parece ecoar pelos corredores vazios. Paro em frente à porta do quarto do Joe, sentindo uma onda de ansiedade me inundar. Respiro pesadamente, lutando contra a vontade de dar meia-volta e fugir como uma covarde de merda. Aperto os olhos, tentando encontrar coragem dentro de mim.

Preciso fazer isso.

— Você consegue, Adeline, você consegue — sussurro para mim mesma, tentando me acalmar. Minha voz soa fraca e incerta. Respiro fundo. Sinto como se estivesse prestes a pular de um penhasco, sem saber se haverá algo para me segurar.

Levanto a mão lentamente, hesitante, e bato na porta. O som é suave, quase inaudível. Meu coração parece acelerar ainda mais. Espero, contando os segundos, sentindo a ansiedade crescer a cada momento. Tento me lembrar do porquê estou aqui, da necessidade de resolver as coisas, de não deixar tudo em suspenso, de cuidar dos ferimentos dele.

— Você consegue — sussurro novamente, a voz quase um gemido. Fecho os olhos e respiro fundo, tentando me preparar para o que está por vir. O tempo parece se arrastar enquanto espero uma resposta.

Finalmente, ouço passos do outro lado da porta. Meu coração dá um salto, e sinto um frio na barriga. Abro os olhos, tentando parecer confiante, mesmo que por dentro eu esteja me cagando de medo.

— Você consegue... — sussurro mais uma vez.

A porta se abre e meu coração quase para. Joe está ali, com apenas uma toalha na cintura, seu cabelo molhado e pingando, o corpo ainda brilhando com gotas de água. Ele olha para mim de baixo para cima, seus olhos intensos cravados nos meus.

— Você consegue o quê? — ele pergunta.

Sinto meu rosto pegar fogo. Minhas bochechas queimam e uma dor de barriga se instala de repente, como se tivesse engolido uma pedra. Meu coração dispara ainda mais rápido, se é que isso é possível, e engulo em seco, percebendo que ele deve ter ouvido meu sussurro. Claro que ele ouviu, com aquela super audição dele. A vergonha me atinge em cheio.

— Eu... eu... — gaguejo, tentando encontrar as palavras enquanto minha mente está um caos. — Posso entrar? Vai ser rápido.

Ele me observa por um momento, seus olhos avaliando minha expressão. Finalmente, ele dá um passo para o lado, permitindo que eu entre. Passo por ele, sentindo a proximidade de seu corpo ainda úmido. Meu coração não desacelera, e a vergonha continua a me consumir enquanto me movo pelo quarto dele. Tento me concentrar, mas a visão dele assim, tão... seminu, mexe comigo de uma maneira que não consigo explicar.

O quarto está aquecido, o ar ainda úmido do banho quente que ele acabou de tomar e toca "Eyes On You" do SWIM baixinho em um som. Respiro fundo, tentando me acalmar enquanto coloco a caixa de primeiros socorros em cima de uma mesa.

Me viro para ele, que agora está encostado na porta, os braços cruzados, me observando.

— Desculpa, eu não queria te incomodar — digo, minha voz ainda trêmula. — Mas eu precisava falar com você. Precisava resolver algumas coisas. E... eu... eu queria fazer curativos no seu rosto, está inflamando.

Sombras De Esqueleto- Harém Reverso (livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora