CAPÍTULO 5: Primeiros Passos

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A semana avançava rapidamente em Dragonstone, e Nymeria começava a se acostumar com sua nova vida. Ainda havia momentos em que se sentia deslocada, mas aos poucos, a jovem estava aprendendo a navegar entre as formalidades e as dinâmicas de sua nova família.

Naquela manhã, Nymeria encontrou seu escudeiro juramentado pela primeira vez. Ele se chamava Ser Edric Caron, um jovem cavaleiro de apenas 16 anos, da Casa Caron de Nocturnia. Alto e esguio, com cabelos castanhos escuros e olhos verdes penetrantes, Edric tinha uma postura confiante, mas respeitosa. Ele usava uma armadura simples, mas bem cuidada, com o brasão de sua casa – um canto prateado em campo negro – estampado no peito.

Edric se ajoelhou diante de Nymeria, demonstrando a reverência que sua nova posição exigia. Ela ainda se sentia desconfortável com esses atos de deferência, mas os aceitou com um aceno de cabeça.

— Princesa, estou aqui para servi-la, — disse Edric, levantando-se com elegância.

— Obrigada, Ser Edric. Espero que possamos trabalhar bem juntos, — respondeu Nymeria, tentando parecer mais confiante do que realmente se sentia.

O dia começou tranquilo, com Nymeria decidindo passar a tarde na biblioteca de Dragonstone. Ela sempre amou os livros, e a vasta coleção de textos antigos sobre a história de Westeros, genealogias nobres e a língua valiriana a fascinava. Edric a acompanhou até a biblioteca, permanecendo em silêncio, mas sempre atento aos arredores.

Enquanto Nymeria mergulhava em um livro sobre a história dos dragões, ela notou que Edric estava parado perto da porta, observando-a discretamente. Ela sorriu para ele, tentando quebrar o gelo.

— Não precisa ficar em pé o tempo todo, Edric. Pode se sentar se quiser, — disse ela, apontando para uma cadeira próxima.

— Agradeço, princesa, — respondeu ele, aceitando o convite. — É um belo dia para passar na companhia dos livros.

— Eu sempre achei que sim, — disse Nymeria, voltando sua atenção para o livro. — Você gosta de ler?

— Gosto de aprender, — respondeu Edric. — Cresci em Nocturnia, onde as noites são longas e há muito tempo para a leitura. Mas confesso que os livros sobre a história dos dragões sempre me intrigaram.

— Eu também, — disse Nymeria, com um brilho de interesse nos olhos. — É fascinante pensar que criaturas tão poderosas podem ser controladas... ou pelo menos, que tentamos controlá-las.

A conversa continuou fluindo naturalmente entre os dois, com Nymeria descobrindo que Edric tinha uma mente afiada e uma curiosidade natural. Ele era jovem, mas parecia já ter visto e aprendido muito em sua vida, e Nymeria começou a sentir que poderia confiar nele.

Mais tarde, naquela mesma tarde, Nymeria decidiu visitar o fosso dos dragões. Era um lugar que a atraía desde que chegou a Dragonstone, mas até então, ela havia hesitado em ir até lá sozinha. Sabia que Luke e Baela estariam lá, e queria vê-los com seus dragões.

Quando chegou ao fosso, acompanhada por Edric, viu Luke brincando com Arrax, seu jovem dragão, enquanto Baela estava ao lado de Moondancer, sua dragão fêmea de escamas peroladas. Nymeria observou, fascinada, enquanto os dois interagiam com suas criaturas, suas risadas ecoando no ar.

— Impressionante, não é? — disse uma voz suave ao seu lado.

Nymeria se virou e viu Rhaena, que estava observando os dragões com um sorriso, mas com um olhar distante.

— Sim, é incrível, — respondeu Nymeria, tentando ler as emoções de Rhaena. — Mas por que você não está com eles? Você não tem um dragão?

Rhaena hesitou por um momento antes de responder.

— Eu deveria ter, — disse ela finalmente. — Quando éramos mais jovens, minha mãe prometeu que eu reivindicaria Vhagar, o maior dragão vivo. Mas... nosso primo, Aemond, o reivindicou primeiro. Foi um dia difícil para mim.

Nymeria sentiu uma pontada de empatia. Ela sabia o quanto a conexão com um dragão significava para um Targaryen.

— Deve ter sido difícil, — disse Nymeria, com um tom de compreensão. — Mas talvez você ainda encontre o seu dragão. Quem sabe?

Rhaena sorriu, mas havia tristeza em seus olhos.

— Talvez. Mas até lá, vou apoiar meus irmãos e primos da melhor forma que puder.

A conversa deixou Nymeria pensativa, enquanto observava Luke e Baela com seus dragões. A ideia de reivindicar um dragão próprio começou a se formar em sua mente, embora ainda parecesse algo distante e incerto.

Mais tarde, naquela noite, houve um jantar em família. A mesa estava cheia, com Rhaenyra e Daemon liderando a conversa. Jace, Luke, Baela e Rhaena estavam presentes, assim como Nymeria. O jantar foi uma mistura de risos, conversas sobre os eventos do dia e planos para o futuro. Nymeria percebeu que a família estava fazendo um esforço consciente para incluí-la em tudo.

— Nymeria, — começou Rhaenyra, com um sorriso caloroso. — Como foi sua primeira semana como princesa? Já se acostumou à vida em Dragonstone?

— Estou começando a me acostumar, — respondeu Nymeria, com um leve sorriso. — Ainda há muito para aprender, mas estou gostando de estar aqui.

— Isso é bom de ouvir, — disse Daemon, com um olhar orgulhoso. — Você é uma de nós agora. Dragonstone é seu lar tanto quanto de qualquer outro aqui.

Jace, que estava sentado próximo, inclinou-se para ela.

— Se precisar de ajuda com qualquer coisa, estamos todos aqui para você, Nymeria. Estamos felizes por ter você conosco.

As palavras de apoio aqueceram o coração de Nymeria. Ela ainda se sentia um pouco como uma estranha, mas cada vez mais, esses momentos de camaradagem e aceitação estavam ajudando-a a se sentir parte da família.

Enquanto o jantar continuava, Nymeria percebeu que, embora sua vida tivesse mudado drasticamente, havia algo reconfortante em saber que, no final das contas, ela não estava sozinha. Ela tinha uma família, e essa família estava disposta a apoiá-la enquanto ela encontrava seu lugar no mundo.

...

Sangue e Fogo OcultoOnde histórias criam vida. Descubra agora