CAPÍTULO 11: Antes do Julgamento

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Nymeria foi despertada por um leve toque em seu braço. Piscou algumas vezes, ajustando-se à luz suave que entrava pelas janelas do quarto. Quando seus olhos finalmente se focaram, ela viu Joffrey, seu irmãozinho, olhando para ela com um sorriso travesso.

— Nymeria, acorda! — ele disse animado. — Já chegamos, o barco nos trouxe agora.

Nymeria se espreguiçou lentamente, ainda sonolenta, e olhou para Joffrey com uma expressão de surpresa misturada com carinho.

— Onde estão Viserys e Aegon? — ela perguntou, ainda tentando acordar completamente.

— A mamãe está apresentando eles para o vovô — respondeu Joffrey, referindo-se ao Rei Viserys, enquanto pulava levemente ao lado da cama. — Eu queria te ver primeiro!

Antes que pudesse dizer algo mais, a porta do quarto se abriu, e Amélia, uma das serviçais de Nymeria, entrou com passos rápidos e precisos. Jessica, sua outra serviçal, tinha ficado em Dragonstone, então Amélia estava encarregada de cuidar de todos os detalhes da manhã de Nymeria.

— Bom dia, princesa Nymeria — cumprimentou Amélia com um sorriso respeitoso. — Vamos começar a preparar seu dia. Joffrey, você pode esperar lá fora enquanto a princesa se arruma?

Joffrey fez uma careta, mas assentiu. Antes de sair, ele se aproximou de Nymeria e deu um rápido abraço, saindo do quarto logo em seguida.

— Agora, vamos começar — disse Amélia enquanto trazia uma bandeja com o café da manhã até a cama de Nymeria. — Tenho certeza de que o dia será cheio de compromissos.

Enquanto Nymeria desfrutava de frutas frescas, pães e queijos, Amélia preparava a banheira com água morna e perfumes suaves, espalhando vapor pelo quarto. Quando terminou de comer, Nymeria se levantou e dirigiu-se ao banho, deixando que a água a ajudasse a despertar completamente.

Enquanto se banhava, Nymeria pensava no que o dia traria. Tanta coisa havia mudado desde que chegara a Porto Real, e agora, com toda a família reunida, sentia que mais mudanças estavam por vir.

Depois do banho, Amélia ajudou Nymeria a escolher sua roupa. Optaram por um vestido azul com detalhes pretos, que contrastava elegantemente com sua pele e olhos. Ela deixou o cabelo solto, como gostava, caindo em ondas suaves sobre seus ombros.

Depois de se arrumar, Nymeria observou que ainda faltavam algumas horas para o julgamento. A ansiedade já estava presente em seu coração, mas sabia que se deixasse isso dominá-la, o tempo passaria ainda mais devagar. Decidiu, então, ocupar sua mente com algo que lhe trouxesse paz.

— Amélia — chamou, a serviçal imediatamente se aproximando.

— Sim, princesa? — respondeu Amélia, pronta para atendê-la.

— Pode me deixar sozinha por um tempo? Quero aproveitar essas horas para ler um pouco. Se precisar de algo, te chamarei.

Amélia fez uma leve reverência, mas antes de sair, falou com um tom gentil:

— Claro, minha princesa. Se precisar de qualquer coisa, seu escudeiro juramentado está na porta. Ele está aqui para servir e protegê-la.

Nymeria assentiu, agradecida pela consideração, e observou Amélia sair silenciosamente do quarto, fechando a porta atrás de si. O silêncio que se seguiu foi bem-vindo. Finalmente, ela podia respirar fundo e se reconectar consigo mesma.

Dirigiu-se até a estante de livros que havia no quarto e escolheu um volume que falava sobre a antiga Valíria, suas tradições e a história dos dragões. Sentou-se em uma poltrona confortável, virada para a janela que oferecia uma vista do céu acinzentado de Porto Real.

As palavras no livro a transportaram para longe, para um mundo de reis e conquistas, onde dragões dominavam os céus e a magia fluía livremente. Era fácil se perder nessas histórias, imaginando como seria viver em uma época tão grandiosa e, ao mesmo tempo, tão perigosa.

Após cerca de duas horas imersa em sua leitura, Nymeria foi subitamente tirada de sua concentração por vozes abafadas do outro lado da porta. Levantou o olhar e, antes que pudesse reagir, seu escudeiro juramentado entrou no quarto, fazendo uma leve reverência.

— Princesa Nymeria, a Princesa Rhaenyra, o Príncipe Daemon, e os jovens Baela, Rhaena, Lucerys e Jacaerys estão à sua espera — ele anunciou com respeito.

Nymeria fechou o livro e o deixou de lado, sentindo uma leve tensão crescer em seu peito. Caminhou até a porta, onde sua família a aguardava. Assim que saiu do quarto, Rhaenyra foi a primeira a se aproximar.

— Já está na hora de irmos — disse Rhaenyra com uma expressão séria, refletindo a gravidade da situação. — Mas temos um problema.

Nymeria franziu a testa, sentindo um frio na espinha.

— Que problema? — perguntou, a voz levemente trêmula, tentando manter a compostura.

Foi Daemon quem respondeu, sua expressão mais dura do que o habitual

.— Descobrimos que o julgamento não será conduzido pelo seu avô, o rei Viserys. Em vez disso, será Otto Hightower, a Mão do Rei, que presidirá.

O nome de Otto Hightower fez o estômago de Nymeria se revirar. Ela sabia muito bem o que isso significava. Otto era o pai da Rainha Alicent, e seu favoritismo pelos “Verdes” era conhecido por todos.

— Isso é... — Nymeria começou, mas as palavras pareciam não querer sair.

— Problemático, no mínimo — disse Jacaerys, completando o pensamento dela. — Otto não é conhecido por sua imparcialidade, especialmente quando se trata de nossa família.

Rhaena apertou levemente o braço de Nymeria, num gesto de apoio.

— E se perdermos? — murmurou Lucerys, a preocupação clara em seus olhos.

Rhaenyra respirou fundo, tentando passar confiança para seus filhos e para Nymeria.

— Não vamos perder — afirmou com firmeza. — Vamos enfrentar isso juntos, como uma família. Mas, é verdade, Otto Hightower não vai defender Lucerys. Ele vai fazer de tudo para nos prejudicar.

Daemon colocou a mão no ombro de Nymeria, olhando-a diretamente nos olhos.

— Precisamos estar preparados para qualquer coisa — disse ele, seu tom sombrio, mas resoluto. — Mas lembrem-se, vocês não estão sozinhos. Estamos todos juntos nisso.

O grupo assentiu, embora a incerteza pairasse no ar. Sabiam que estavam entrando em um campo minado, onde um único erro poderia custar-lhes caro. Mesmo assim, não havia mais como voltar atrás.

Com o coração pesado, mas unidos em propósito, eles começaram a caminhar em direção ao local do julgamento, cada passo carregado de tensão e expectativa.

Sangue e Fogo OcultoOnde histórias criam vida. Descubra agora