CAPÍTULO 20: A Coroação do Aegon

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Nymeria estava ao lado de Aemond, observando o movimento ao redor enquanto aguardavam o início da cerimônia. Os passos apressados e os murmúrios crescentes chamaram sua atenção. Ela olhou ao redor, tentando entender o que estava acontecendo, e seus olhos se fixaram no grande portão.

O som das portas se abrindo ecoou pelo local, revelando uma multidão de plebeus sendo guiados para dentro. Eles pareciam confusos e inquietos, questionando entre si por que haviam sido trazidos até ali. Nymeria se ergueu na ponta dos pés, tentando ter uma visão melhor da cena. Foi então que a voz de Otto Hightower ressoou, firme e clara, cortando o burburinho.

- Povo de King's Landing, hoje é um dia de luto. Nosso amado rei Viserys, o pacífico, está morto.

Um suspiro coletivo de surpresa atravessou a multidão, seguido por um crescente burburinho de conversas paralelas. Mas Otto continuou, sua voz cortando o ar.

- Mas também é um dia de alegria. No momento em que seu espírito nos deixava, ele sussurrou seu último pedido: que seu primeiro filho homem, Aegon, deveria sucedê-lo.

Nymeria sentiu uma raiva fervente crescer dentro de si ao ouvir as palavras de Otto. Era uma mentira descarada, uma traição ao verdadeiro desejo de Viserys. No entanto, seu descontentamento aumentou ainda mais quando ouviu o povo aplaudir a notícia.

Logo, os aplausos cessaram abruptamente quando mais de trinta mantos dourados entraram em formação, afastando os plebeus e formando duas fileiras, deixando o caminho central livre. O som dos trompetes ecoou, e os guardas levantaram suas espadas em perfeita sincronia, criando um corredor de aço reluzente.

Todos pararam de falar, a tensão no ar era palpável. Nymeria observou com atenção quando Aegon apareceu, caminhando pelo meio das fileiras de guardas. Seus passos eram curtos e hesitantes, e sua expressão denotava inquietação e tédio, como se estivesse participando de algo que não lhe importava. Nymeria desviou o olhar, incapaz de suportar ver o que estava prestes a acontecer. Otto retomou a palavra, tentando incutir um sentimento de grandeza na ocasião.

- É um verdadeiro privilégio e uma grande sorte estar aqui para testemunhar este momento. Um novo dia para nossa cidade, um novo dia para nosso reino, e um novo rei para nos governar.

Quando Otto terminou, Aegon havia alcançado o topo das escadas. Ele foi recebido por Alicent, que lhe deu um beijo na testa antes de se afastar, deixando-o livre para se ajoelhar diante do septão. Nymeria observava cada movimento com uma mistura de ódio e desespero. Sabia que estava testemunhando a usurpação de um trono que pertencia por direito a Rhaenyra, e a impotência de sua posição a consumia.

Aegon, visivelmente nervoso, se ajoelhou, e o silêncio que caiu sobre o local foi sepulcral. Todos aguardavam o momento que selaria o destino dos Sete Reinos, enquanto Nymeria, perdida em pensamentos de fuga e vingança, planejava seu próximo movimento.

O septão se aproximou de Aegon, fazendo uma cruz na testa dele enquanto pronunciava, em voz alta para que todos ouvissem:

- Que o Guerreiro lhe dê coragem, que o Ferreiro confira força para sua espada e seu escudo, que o Pai o defenda conforme suas necessidades, que a Velha erga sua lamparina brilhante e ilumine seu caminho até a sabedoria.

Assim que terminou, o septão recuou, pegando a coroa e entregando-a a Sor Criston Cole, que a segurou com reverência. Nymeria imediatamente percebeu que a coroa não era a mesma que Viserys usava. Em vez disso, era uma coroa preta, carregada de história, que Nymeria conhecia bem.

Criston Cole, com a coroa em mãos, se posicionou diante de Aegon e declarou:

- A coroa do Conquistador, que foi passada de geração em geração.

Sangue e Fogo OcultoOnde histórias criam vida. Descubra agora