Capítulo 11. Febre

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Porra! — Ela gritou sentindo o coração palpitar em sua garganta e voltou a se segurar no quadril do príncipe em sua frente. Aemond também estava ofegante, e sua coluna já não estava mais reta, se curvando para frente enquanto fios prateados escapavam de sua trança. — Eu não estou entendendo você! — Ela reclamou. Aemond olhou ao redor, tendo certeza de que os guardas estavam longe o suficiente para não ouvir ou perceber o que estava ocorrendo entre os dois. — Está tentando me jogar daqui de cima?!

O cavalo balançou a cabeça e bateu os cascos no chão enquanto se recuperava do susto.

— Desça. Agora. — Aemond disse, rouco e baixo.

— Por que? — Cristina questionou.

— Você está tocando nas minhas feridas. — Ele mentiu.

Ela foi pega pela cintura sem mais nem menos, cambaleando alguns passos ao quase ser jogada no chão de neve pelas mãos enluvadas daquele homem.

Por algum motivo, Cristina pensou que fosse ser deixada ali para servir de alimento para os lobos, ou que talvez Aemond tivesse pensado em amarrá-la ao cavalo para forçá-la a andar pelo caminho inteiro. Mas logo dissipou essa imaginação, já que ele não faria aquilo consigo mesmo.

Então ele a jogou novamente no cavalo, mas dessa vez colocou Cristina sentada na frente dele, a envolvendo com os braços para que evitasse o seu sofrimento de acabar sendo tocado por ela. Acontece que não foi da forma como ele esperava, pois a cada movimento do cavalo, ele sentia que o corpo dela estava mais alinhado entre suas pernas e as costas de Cristina apertadas contra seu peito.

— É desnecessária essa proximidade. — Ele reclamou em voz baixa, tossindo novamente. — Você está sendo inapropriada de propósito?

— Como eu deveria me afastar se estamos andando no mesmo cavalo? — Ela perguntou com raiva, sentindo suas coxas dolorosas. — Eu poderia ir sozinha em um. Estamos aqui porque você quer.

— Estamos aqui porque você foi incompetente o suficiente para prejudicar a si mesma junto comigo usando a maldição. — Ele disse aos murmúrios, sua voz cada vez mais baixa demonstrando a raiva que havia começado a sentir. — Se conseguisse aproximar o seu intelecto ao de um porco, saberia que tinha magia o suficiente para me matar naquele dia. Não o fez porque não quis.

Cristina fez uma careta e torceu a capa nas mãos enquanto observava a neve caindo cada vez mais forte sobre eles, cobrindo até a metade das patas dos pobres cavalos.

Ela queria dizer que a burra da vez foi Harpa, que ela não tinha nada a ver com aquela história e estava ali de penetra.

— Não tem como eu me afastar de você, acéfalo, e eu não estou te tocando porque eu quero. — Cristina esbravejou, tentando dar uma cotovelada no que pareceram as costelas do príncipe, mas falhou miseravelmente quando uma força invisível puxou seu braço para frente. — Se te conforta, não tenho nenhum tipo de interesse sobre sua Majestade. Nem era você o alvo da maldição.

Ela mencionou aquele assunto novamente, o que lhe trazia dor física apenas de pensar que Harpa teve a coragem de fazer dívida com uma bruxa para ganhar aquele grimório e amaldiçoar um homem para amá-la. Cristina odiava pensar nisso não só pela vergonha, mas pelo desespero que sentiria no momento em que aquela mulher que mal era mencionada na história, viesse cobrar os conhecimentos que passou para Harpa. Queria estar bem longe daquele corpo, daquele mundo e de Aemond quando isso ocorresse.

Ouvindo a forma sarcástica como ela falava o "sua Majestade", Aemond mordia a língua tão forte que sentiu gosto de sangue.

— É mesmo? — Ele perguntou indiferente. — E como se parecia o coitado que receberia a maldição em meu lugar? — Aemond tentou imaginar, mas não era bom nisso. Ele apertou as pálpebras e se esforçou para esquecer aquele assunto. Se não estivesse amaldiçoado, nunca ficaria incomodado com uma coisa como aquela. — Esqueça, não quero saber disso. Gostaria de lhe dar uma atribuição. Abra a bolsa no canto da cela do cavalo.

Dragões de Gelo || Uma Fanfic de "A Casa do Dragão"Onde histórias criam vida. Descubra agora