Capítulo 05. Espada de Vidro de Dragão

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Cristina não se considerava uma mulher egoísta… mas descobriu que ganhou esse defeito logo depois de cruzar a linha do seu próprio mundo real e confortável, para aquele lugar cruel e terrível que virou sua nova casa.

Alyrio voltou por ela e por Maggie, as colocou dentro de um templo completamente feito de tijolos de pedra, grossos demais para que aqueles cadáveres pudessem passar por eles de qualquer forma como fizeram com o chão.

Ele as salvou, mas Cristina perguntava a si mesma se parecia ser uma mulher amargurada demais por estar incomodada com a permanência dele ali com elas, ou se havia apenas um pressentimento ruim dentro de si mesma. Por via das dúvidas, confiou em seu sexto sentido e permaneceu com a sensação de que Alyrio não era um bom sinal.

Observou enquanto ele tinha uma longa conversa com o Lord Hightower, o homem mais velho especialmente abatido e frustrado enquanto os homens de Dorne e os soldados do próprio Lorde traziam pessoas avulsas para dentro do templo. Algumas crianças estavam sozinhas, homens e mulheres choravam, outros estavam mutilados tendo seus ferimentos estancados e exaustos.

Cristina só se preocupava com Maggie. Talvez porque, mesmo que fossem diferentes, aquela criança a lembrava do seu irmão mais novo que ajudou a criar. Ou talvez apenas se apegou àquela criança porque se sentia sozinha.

A embalou com a sua capa e ficou ali, abraçada com ela, esperando que seu calor passasse para o corpo magrinho e fraco de Maggie. A menina estava de olhos fechados e respirava calmamente, parecia estar dormindo tranquila, mas estava apenas doente.

Cristina levantou os olhos quando viu um copo de alumínio esticado em sua direção, e depois a mão de Alyrio segurando o que parecia ser álcool.

— Vai ajudá-la a esquentar sua amiga. — Ele murmurou. Cristina tomou o copo da mão dele e levantou a sobrancelha enquanto cheirava o conteúdo. — Não pretendo envenená-la.

Então a se virou para ele, mordeu a pequena pele solta do seu lábio inferior e engoliu saliva.

— Você mentiu sobre os cogumelos para me fazer ir com você até aquela floresta. — Cristina deu um gole naquela coisa de gosto forte e terrível, mas seus músculos imediatamente se contraíram e o conforto do calor a atingiu. — Por que?

Alyrio deu uma pequena risada.

— Não menti. — Ele mexeu no interior das suas roupas ao pegar um tecido escuro com algo dentro, e ela já conseguiu sentir o cheiro cítrico dos fungos. Sem dúvidas os cogumelos estavam ali dentro.

Ele colocou aquilo sobre a perna esticada de Cristina enquanto se ajoelhava na frente delas. Quando ela se esticou para pegar, Alyrio tomou o saco novamente com um sorriso nos lábios.

— De onde você vem as pessoas são bondosas de graça? — Ele questionou ao guardar os cogumelos dentro da roupa novamente.

Cristina deu goles da bebida alcoólica a Maggie e suspirou aliviada quando viu o sangue voltar às bochechas vermelhas dela.

— De onde eu venho, as pessoas dão valor à própria vida e não costumam tirar sarro da minha cara. — Ela respondeu, jogando o copo vazio no rosto de Alyrio. Ele pegou o objeto no ar, mas a força de Cristina era tão anormal, que o próprio punho dele bateu contra a testa pela força que ela lançou aquele copo. — Vá fazer sua rebelião bem longe de nós duas. Eu estou procurando paz, ao menos um pouco de sossego em algum lugar onde não fiquem atrás de mim querendo algo duvidoso.

— Rebelião? — Ele perguntou esfregando a testa vermelha com uma careta no rosto. Alyrio olhou ao redor tendo certeza de que ninguém viu aquela cena patética. — É isso que acha que eu quero?

Dragões de Gelo || Uma Fanfic de "A Casa do Dragão"Onde histórias criam vida. Descubra agora