Capítulo 06. As Rosas de Papel Enfeitiçado

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Cristina, com os grandes olhos verdes grudados na pequena fresta da porta do estábulo, sentiu seus pelos arrepiarem quando viu aquele monstro colossal e de asas esburacadas descer do céu como uma sombra maligna e tremer o chão quando pousou suas patas sobre a neve.

Sua bexiga pareceu estar cheia demais quando viu que era a própria Vhagar jogando a cabeça para trás e rugindo, deixando os cavalos completamente loucos e barulhentos, dando coices nas paredes de madeira à volta deles.

Ela queria sair dali naquele mesmo instante, mas não conseguiu desviar o olhar enquanto o dragão sacudia a cabeça e mostrava os dentes para a neve, completamente inquieta e rugindo como se estivesse em sofrimento.

Ainda era possível enxergar no meio da tempestade de neve, o homem alto, de rosto longo e cabelos prateados amarrados em uma trança desalinhada. Ele descia com dificuldade pela asa do dragão, vestido com uma roupa de peles negras com detalhes verdes e metálicos.

Cristina se aproveitou da boa visão de Harpa para olhar mais um pouco o rosto de mármore daquele homem que parecia ser desprovido de qualquer tipo de sentimento. Ele era bonito, sobrenatural e hipnótico como uma planta colorida e venenosa. Estava ainda mais belo do que quando trouxe destruição e caos para a casa de Harpa, ainda mais melancólico.

Ela se lembrou da passagem que ouviu sobre os Targaryen serem os seres vivos mais próximos dos deuses enquanto pensava que, se Aemond tivesse o outro olho, ele seria o exemplo da palavra "Perfeição", o que não fazia sentido, dadas as circunstâncias incestuosas de sua linhagem. Como poderiam seres tão belos nascerem naquela situação?

Quando ela o viu mexer os pés, ajustar as luvas e andar até a porta do templo com a ajuda de uma bengala, Cristina sentiu a realidade bater em sua porta e sua barriga começou a doer conforme seu nervosismo piorava.

— Merda... — Ela se afastou da porta, pegando Maggie pelos ombros e a jogando sobre o cavalo, sem dar ouvidos às perguntas da criança. — Merda. Merda. Merda. Merda!

Ela não tinha dúvidas de que Aemond estava lá para matá-la, mas como ele saberia de sua localização?

De qualquer forma, Cristina não pensou em mais nada além de que estava em perigo quando estimulou o cavalo a correr, arrebentando as portas do estábulo. O cavalo fez a direção contrária de onde estava Vhagar no meio de toda aquela confusão branca e cinzenta, afundando os cascos na neve enquanto relinchava.

Vhagar não as viu, e se tivesse visto, não se importaria. Aemond estava sofrendo e a presenteando com a dor dele por meio do laço que possuíam, o que a tornava mais devagar e menos útil do que deveria.

— O que está acontecendo?! — Gritou Maggie enquanto se curvava sobre a crina do cavalo escondendo o rosto dos flocos de neve e da ventania extrema. Ela estava com a voz abafada e Cristina não podia ouví-la bem. — Aquele... era o dragão Vhagar, não era?

Cristina não respondeu, olhando para trás enquanto a figura gigantesca do dragão lentamente se tornava menos distinguível.

"Não olhe para nós! Não olhe para nós!"

Cristina implorava.

— Por que ele está aqui? — Maggie perguntou incrédula tentando enxergar o que Cristina via atrás delas. — Ele veio nos ajudar?

Enquanto ouvia Maggie falar palavras indecifráveis, Cristina desejava que aquele cavalo pudesse correr mais rápido, pois a qualquer momento, Aemond se voltaria para fora quando visse que ela não estava ali dentro, e se Vaghar subisse o suficiente nos céus, poderia enxergar com facilidade o ponto escuro que era aquele cavalo no meio da neve.

Dragões de Gelo || Uma Fanfic de "A Casa do Dragão"Onde histórias criam vida. Descubra agora