Pov Daniela:
Acordo com um número desconhecido tocando em pleno domingo, desligo o toque estridente e ignoro totalmente o som que invade o quarto inteiro. Viro para o lado e procuro por Capitão Nascimento e nada. O restante da cama estava completamente vazia, bagunçada e suas coisas tinham sumido. Dou de ombros, como se eu estivesse surpresa com ele ter ido embora de madrugada de fininho. Levanto e vou em direção ao meu armário e fico em choque por alguns minutos, ao olhar o espelho na porta do armário vejo que estou inteiramente marcada. Completamente roxa, os pescoço repleto de chupões escuros e espelhados por toda a extensão do pescoço, clavícula e os braços. Percebo que as minhas pernas também estavam muuito marcadas. Parecia que eu havia apanhado horrores de alguém. Procurei o machucado na orelha e estava com bastante sangue seco, mas não parecia uma ferida que precisaria de pontos.
Deixei para lá, antes de sair eu usava um bom corretivo para disfarçar e peguei uma roupa e meus produtinhos de cabelo. Precisava tomar um banho, tirar qualquer resquício daquele homem do meu corpo. Eu tinha muita coisa a fazer hoje: academia, revisar algumas matérias para faculdade, estudar para a prova do dia seguinte, entregar um relatório de roteiro,pilates, decorar alguns textos para a faculdade. Era a primeira vez que iríamos sair sem o Vitor, todos já sabiam de sua morte e seu corpo havia sido mandado para a cidade natal do rapaz para ser velado e não podíamos ir devido a prova na faculdade no dia seguinte. Eu estava nervosa, não sabia como encarrar meus colegas depois do acontecido. Eu me sentia indiretamente culpada ou talvez diretamente se eu não tivesse insistido em irmos naquele dia no Babilônia nada daquilo teria acontecido e ele ainda estaria vivo....
Dou um suspiro tentando livrar desses pensamentos e me enfio de baixo do chuveiro deixando a água quente me abraçar. Quanto ainda mais eu ficava debaixo da água quente, menos culpada eu me sentia. Tentava acreditar nas palavras que eu mesma havia dito ao Capitão Nascimento na noite passada, não era minha culpa. Não havia como eu controlar o caos do mundo, não havia como eu controlar o que as pessoas fazem e deixam de fazer. Era impossível. Simplesmente impossível. Termino de sair do banho e visto minhas roupas de academia, um top azul royal e uma calça legging preta, desço as escada e vou direto para a cozinha preparar meu pré- treino.
Paro à alguns passos da porta da cozinha ao escutar um barulho estranho na minha sala. Cuidadosamente dou dois passos silenciosos para o lado a fim de ver se tinha alguém na sala de estar. Capitão Nascimento. O próprio sem blusa e de cueca mexendo na chave de fenda em minha porta fazendo sabe-se lá ali. Tento desviar o olhar de seu abdômen. Ele pega outra ferramenta e comenta enquanto ele percebe que estou em pé completamente em silêncio o observando:
" Bom dia, Daniela."
Meu deus. Ele sabe falar o meu nome, aparentemente não é tão difícil como ele sempre fez questão de fazer parecer, sempre me chamando de algo diferente.
" Bom dia, Capitão, o que você está fazendo?"
" Estou consertando essa fechadura que arrombamos ontem a noite, você não pode ficar com a porta desse jeito e não é seguro pedir para um chaveiro consertar. Vai que é um maluco e tenta invadir o seu apartamento com uma cópia da chave. "
" E você é um maluco que não faria uma segunda chave?"
" Você sabe que não preciso de uma segunda chave para entrar na sua casa." Ele diz dando uma piscadela com um dos olhos em minha direção e eu acabo soltando um rizada. Pior que ele realmente não precisava.
" Ahhh sim, você pode arrombar a fechadura que consertou...."
Ele riu enquanto voltou a mexer no trinco e fiquei por alguns minutos paralisada no meu lugar. Eu não sabia exatamente como agir e não conseguia deixar de sentir um clima extremamente desconfortável e estranho. Ele era vinte anos mais velho que eu, o filho da puta que estava atrás do Dinho, um cara insuportável que estava me atormentando desde do dia do baile funk e pior eu tinha dado para ele e foi bom para um caralho.... Havia sido simplesmente sensacional, de ficar sem ar transando e estar completamente alucionada e hipotizada por aquele homem, eu mal tinha noção do que estava fazendo. Eu não conseguia nem me defender dizendo que tinha sido ruim, estava longe de ser ruim. Tinha sido incrível, incrível até mesmo para porra de uma transa no corredor do meu prédio.
Agora eu estava morrendo de vergonha, parecia que minha timidez devia estar estampada na cara, aquele homem tinha me ouvido gemer, eu tinha chupado ele, eu tinha o dado um tapa na cara na frente de seus homens, ele tinha me comido e tinha me interrogado, me enfiado em furada, me feito gozar e tinha mandado viaturas me seguirem. Esse homem despertava tudo o de pior em mim, uma fúria gigantesca, uma rebeldia absurda e me deixava insuportavelmente irritada. Tinha algo nele que me fazia perder a calma em questões de segundos.
Meu Deus. Por um minuto me toquei que eu devia estar sendo uma mal educada. Aquele homem mesmo sendo um cavalo grosso a maior parte do tempo, não merecia isso.
" Você já tomou café da manhã? Eu posso preparar algo. Na verdade, eu estava indo fazer meu pré-treino."
" Não obrigado. Eu vou terminar aqui porque preciso ir correndo para o batalhão."
" Tem certeza? Tem bolo de cenoura, suco e croassant na geladeira. Ou se preferir almoçar por conta do horário que provalmente já deve ter passado do almoço.... eu posso fazer um risoto."
" Está tudo bem. Na verdade, estou com um pouco de presa. Vejo que você, também. Está até vestida para correr."
" Academia."
Sentei no meu sofá observando o moreno consertar a porta e automaticamente fiquei o olhando ele sem camisa e de cueca em pé mexendo com ferramantas... Porque homens ficam tão gostosos mexendo com coisas masculinas?
Ele me pegou o observando e veio em minha direção foi devargazinho se aproximando, pos uma mecha do meu cabelo molhado atrás de minha orelha e posicionou sua mão em meu queixo virando meu rosto para lado perguntando preocupado:
" E como está essa orelha, cacete? Parecia estar tão em choque que nem sentia que tinha levado um tiro. Estava pilhada de adrenalina, relaxe, é totalmente normal. Já aconteceu comigo várias vezes chegar no batalhão e só perceber que levei um tiro de raspão com a avaliação da equipe médica."
" Não estava doendo, eu estava meio sem entender o que aconteceu. Agora que tomei um banho, está ardendo um pouquinho, mas nada demais."
Eu olhei para seu peito e vi agora iluminado pela luz do dia o ferimento de raspão em seu ombro e fiquei surpresa em não ter notado antes. Antes ele estava coberto por um curativo e parecia que estava para infeccionar, eu não duvidava nada com tanta mexeção e impacto na ferida enquanto estávamos fudendo na cama ou no corredor iria piorar. Ele deu a volta procurando uma peça na caixa de ferramenta que meu pai enfiara em algum lugar, na verdade eu nunca nem vira aquela maldita caixa. Não tinha ideia de onde o Capitão Nascimento tirou a caixa, aparentemente revirar e revistar o apartamento dos outros era um ótimo jeito de conhecer aonde estavam as tralhas de sua própria casa.....
" Um médico deveria ver essa ferida em seu ombro, está feia.... Vai acabar precisando de um antibiótico."
" Ahh claro, garota, agora se acha que é médica, é? Não fode, mulher, não se preocupe, eu só tirei o curativo para dar uma arejada, eu vou refazer o curativo na delegacia."
Pronto o Capitão Nascimento retornou e Roberto sumira novamente e não pude evitar de dar um breve sorriso estava ai quem eu realmente conhecia. Eu levantei e fui em direção a cozinha fazer um café para nós dois, pelo menos o mínimo de sala era bem vindo. Terminei o café e servi alguns croassants e pãos de queijo que estavam guardados na sacola da padaria que Vera havia trazido e servi na mesinha de canto. O Capitão Nascimento pareceu ignorar o ato mesmo eu o avisando que tinha deixado café da manhã lá.
Escuto o elevador abrir no fim do corredor e passos vindo em direção ao apartamento e vejo Luiza entrar sem mais ao menos e parar completamente petrificada na frente de Nascimento e ficar olhando fixamente surpresa com o Capitão Nascimento e ela pergunta assustada:
" Quem caralhos é esse cara, Dani? É um estuprador, um stripper ou algo assim? Vocês estão fazendo uma brincadeira de porno tipo o chaveiro sexy vem consertar algo na sua casa e ele conserta você? Tipo um roleplay ou algo assim?"
" Luiza.... Não cala a boca, merda.... Esse é o Capitão Nascimento do Bope."
" O Capitão Nascimento??? O homem mais despresível e asqueroso que já pizou no planeta Terra? O torturado de bandido?" Eu a fuzilei com o olhar, essa menina não sabia calar a boca, ficava numa diarreia verbal cuspindo merda por ai em forma de palavras?" Isto é infernizar a sua vida, amiga? Aquele que está infernizando sua vida? Que inferno grande" Ela abaixou os olhos pra cueca do Capitão e sinto minhas bochechas corarem de vergonha." Aonde consigo um quarentão gostoso assim para me infernizar também?"
" Cala a boca, Luisa. Fica quieta."
" A senhorita lá é capaz disso? Não peça par aos outros o que não consegue fazer... Então quer dizer que a patricinha ficou falando de mim por aí?"
Droga. Amaldiçoei o dia que Luiza fez amizade com os meus porteiros levando lanches a tarde para eles sempre que estávamos chapadas e me arrependi terrivelmente de liberar seu acesso sem pedir autorização para a mesma subir.
" Sim. Não posso?"
" Claro que pode, princesa. Mas serei obrigados a descobrir o que está saindo dessa sua boca sobre a minha pessoa. Ou você fala por si mesma ou boto uma equipe minha aqui para descobrir. Escolha sua."
" Eu apenas disse para a Luiza que você me fez ficar esperando horas para ser interrogada, não queria me liberar e é um arrogante que dá ordens em todo mundo e não aceita um não."
" Que engraçado. Ontem a noite eu não era um arrogante quando estava sentando em cima de mim, não é? Ontem a noite eu não era a pessoa mais desprezível que pisou no planeta Terra."
" Engraçado que ontem a noite você não era um insuportável, bacaca e grosseiro."
" Meu Deus, vocês dois peguem um quarto, Daniela. Estamos atrasadas, querida. Você ainda está com roupa de treino porque?"
" Atrasada para o que? Eu tava indo para a academia."
" Amiga, você lá sabe quantas horas são? Você almoçou pelo menos? São três da tarde, minha filha. Nós já temos planos, não vai deixar de sair com a gente para ir em academia não, tá louca?"
" Não é possível, eu dormi esse tempo inteiro?"
" Deve ter, né, Daniela. Bem servida desse jeito eu nem saia mais da cama. Boba você."
" Enfim, troca de roupa, põe seu biquíni, passa um protetor solar nesse rosto, pega a canga de praia e vamos logo. É domingo e não passamos nenhum sem nossa tradição. Você quer ir com a gente? Vamos com alguns amigos na praia."
" Luiza.... Ele tem que trabalhar."
" Estou só perguntando, perguntar não doi. Querida, passa uma base nesse seu pescoço porque está catastrófico, tá morta e necrosando e esqueceu é?"
" Pronto. Terminei a fechadura, só falta você testar se funciona."
" Obrigada, Capitão. Desculpa pela Luiza ela é meio sem papas na língua."
" Ihhhh.... Estão falando de mim é. Devia era ir dar um jeito nesses chupões ai, Dinho ou o Capitão? Quem é o culpado da vez?"
O Capitão começa a se vestir apressadamente e fico nervosa. Essa menina não calava a matraca? Tinha que berrar como se tivesse um microfone nas cordas vocais?
Eu a puxei em direção a cozinha para ver se pelo menos ele não escutava as merdas que a minha amiga tava falando, aparentemente não longe o suficiente.
" Está tão ruim assim?"
" Sinceramente, amiga? Está de mal a pior. Enfim, vá trocar de roupa, você come alguma coisa com algum mate na praia e separa uma roupinha bonitinha que mais tarde vamos num baile funk."
" Está maluca? O Vitor acabou de morrer em um baile funk Fazendinha no Alemão. O enterro dele foi ontem de manhã no Mato Grosso."
" E dai? Ele está morto, não nós, não é porque ele morreu que estamos mortas também. Além disso já animei toda a galera e está todo mundo animado."
" O Vitor era nossa amigo, Luisa. Você consegue ser mais insensível do que isso?"
" Nem adianta contestar você vai e pronto. Pega a roupa que podemos ir direto da praia para subir o morro."
Escuto a porta se fechando atrás de mim e eu sabia que Capitão Nascimento tinha ido embora sem dizer mais uma palavra. Dei de ombros, eu nunca mais veria esse cara com sorte mesmo.
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Sua cachorra
RomantikCapitão Nascimento achava que já havia enlouquecido dentro do BOPE até se apaixonar pela namorada do dono do morro, a filha do governador, Daniela também conhecida como a maior encrenca que o capitão já aguentou.