Gustavo Mioto
Pov07/12/23 - quinta feira.
O dia tinha começado ótimo, o que deveria ter me feito achar estranho, pois tudo começou a desandar desde a visita da Karoline ao meu escritório. Eu deveria ter sabido desde o começo que não devia ter aceitado conversar com ela, mas fui burro.
O que meu tio conversou comigo fez com que eu ficasse pensando demais. Entendo de fato seu ponto de vista em relação à empresa e tudo mais, mas não posso deixar que isso afete minha vida pessoal, ainda mais do que já está.
Fico nervoso pelo fato de ter colocado a Ana no meio disso tudo. Mesmo que não tenhamos assumido de fato um compromisso, eu tenho essa intenção e acho que ela também. Pelo menos achava que sim.
A Karoline pode não ter tido a intenção de fazer o que fez, mas surgiu a oportunidade e ela não pensou duas vezes. Isso me deixou sem entender quando cheguei ao evento e a Ana Flávia simplesmente me tratou como se eu fosse meu pai. Ou pior, com meu pai ela seria simpática.
O que complicou tudo foi meu ciúmes ter tomado conta. Quis provocá-la na mesma moeda ao ver que ela estava flertando descaradamente com o Heitor. Eu ainda nem sabia o que havia acontecido; somente depois de levar um fora é que descobri por Giana o que a Karoline tinha feito.
Fiquei possesso de raiva por ela ter tido a cara de pau de fazer isso, mas quando vi a Ana abraçada com o Heitor, abracei a Karoline... 100% motivado pelo ciúmes que senti ao ver a cena. Fui totalmente infantil, mas na hora nem pensei, ainda mais já tendo bebido whisky.
Cansado dessa situação totalmente chata, inconveniente e angustiante, decidi acabar com tudo isso e resolver as coisas. Depois que a Karoline atrapalhou nossa conversa, avisei meus pais que iria embora mais cedo para realmente poder conversar com a Ana sem que ninguém mais atrapalhasse.
Cheguei primeiro que ela no meu apartamento; por mais que ela estivesse logo atrás, o trânsito fez com que nos distanciássemos. Estacionei e a esperei no hall para que subíssemos juntos.
Alguns minutos depois, ela chegou. Eu sabia que ela tinha bebido um pouco, eu também, mas não estávamos bêbados.
O tempo todo, um silêncio pairava, e apenas olhares e gestos falavam por si.
Entramos no apartamento e o silêncio permaneceu. Respirei fundo e sentei no sofá, chamando-a para se sentar ao meu lado. Ela se sentou, um pouco afastada, virando-se para mim.
⁃ Eu quase perdi a cabeça quando vi você com o Heitor. Se eu fiz algo que te chateou, em minha defesa, fui movido por ciúmes. - Admiti e ela deu um sorriso de canto. - Nas circunstâncias agi errado, ainda mais com a Karoline, mas na hora ela estava ali e não pensei muito... - baixei a cabeça, envergonhado.
⁃ Sua noiva? - perguntou irônica e eu revirei os olhos, colocando minhas mãos em suas bochechas avermelhadas e quentes.
⁃ Ela. Não. É. Nada. Para. Mim. - falei pausadamente com a voz saindo quase como um sussurro. Ela ficou me olhando, com a boca entre aberta. - Não me importa nada que venha dela. Entende isso? - perguntei fazendo carinho em seu rosto. Seus olhos estavam úmidos, mas não escorria lagrima.
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Arquitetando o amor
RomanceAna Flávia, estudante de arquitetura e urbanismo, inicia um estágio no renomado escritório M&D em São Paulo, cujo proprietário é Marcos Mioto. Porém, ela logo descobre que sua experiência vai além do aprendizado profissional, envolvendo-se em situaç...