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AMIRA

R ourke nos levou para o andar de cima, para o lobby do hotel. Acima do solo, o lugar parecia um pouco mais apresentável, com corredores vermelhos em pisos de mármore e lustres de cristal sob o teto espelhado.

“Você pode ficar com o melhor quarto que temos”, ele conversou animadamente. “A suíte do último andar.”

O preço que ele me deu me deixou de queixo caído.

Imperturbável, Kyllen contou as notas da grossa pilha de dinheiro que havia pegado para suas fichas lá embaixo e as entregou à mulher no balcão de check-in.

Ela olhou para ele curiosamente, deslizando o cartão-chave em sua direção. “Aproveite sua estadia.”

Rourke riu. “É. Divirtam-se, vocês dois. Vejo vocês amanhã.” Ele deu um tapa no ombro de Kyllen de forma camarada.

Kyllen não disse nada, esticando o pescoço e jogando os ombros para trás, como se tentasse se livrar da sensação do toque de Rourke.

Somente quando nós dois estávamos sozinhos no elevador é que soltei o ar e deixei a tensão escorrer das minhas costas, pescoço e ombros.

Um tempo atrás, Radax tinha arranjado um passeio de montanha-russa grátis para mim com o carnie que o operava. Eu gritei muito durante o passeio. A sensação das minhas entranhas subindo para a minha garganta e depois caindo no abismo foi inesquecível. Esta noite me lembrou muito disso.

“Foi intenso”, eu disse. “Pior que um passeio de montanha-russa.”

Kyllen riu. “Esse é o prazer do jogo, não é? A emoção.”

Talvez eu não fosse feito para apostas, mas tinha sido um pouco excitante demais para mim. Eu estava pronto para ir embora desde o momento em que trouxeram o dinheiro para o suporte de braço de Kyllen.

Assim que chegamos ao nosso andar e saímos do elevador, inclinei-me para ele e abaixei minha voz. “Só me diga uma coisa. Você sabia que venceria no final?”

Ele levou a boca até meu ouvido. “Sim.”

“Kyllen!” Eu me afastei dele, batendo em seu peito. “Eu estava tão estressada. Eu quase tive um ataque cardíaco toda vez que você perdia. Nunca mais faça isso comigo!”

Ele riu, pegando minha mão. “Admita, você se divertiu. Talvez só um pouquinho?”

“Diversão? Estou um caco.” Minhas entranhas ainda não tinham se acomodado, e meus joelhos ainda pareciam mingau.

Ele me agarrou num abraço de lado enquanto eu deslizava o cartão-chave, abrindo a porta do nosso quarto.

"Desculpe, meu amor", ele murmurou brincando, beijando meu cabelo enquanto me arrastava para dentro.

"E não me venha com esse 'bolo de mel'." Tentei invocar um pouco de raiva ou pelo menos aborrecimento na minha voz, mas era impossível ficar bravo com ele quando ele me abraçava e ronronava apelidos bobos no meu ouvido.

Um calor formigava em mim por estar tão perto dele. Essa era a emoção que eu gostava. Mas também vinha com um fio arrepiante de trepidação. Esses sentimentos eram tão novos, tão desconhecidos e avassaladores.

Saí dos braços dele e lancei um olhar ao redor do quarto. Era agradável, até onde eu podia perceber. Eu já tinha ido a hotéis com Madame para ajudá-la a desfazer as malas ou para levar suas coisas quando ela me mandava fazer recados. Na verdade, eu nunca tinha ficado em um antes.

Um carpete escuro cobria o chão. Um conjunto de portas de correr separava a área de estar com um sofá marrom-caramelo da área de dormir com uma cama sob uma colcha cor de creme.

Toque da Serpente: Parte 1Onde histórias criam vida. Descubra agora