Capítulo 21

171 19 7
                                    

- Tem certeza que não vai dar merda para mim. - perguntou Drazen pelo que parecia ser a decima vez. Se tivesse mas uma passagem pela policia não arrumaria emprego nem de CLT. 

- Bom eu não vi nada, e nem estava trabalhando então eu vou deixar essa passar, por você. - assegurou Luciano. 

Um caroço se alastrou no estômago de Drazen. Ele avia prometido para si mesmo, que nunca pediria ajuda de Luciano sobre questões judiciais, a ideia de tirar vantagem da posição do amigo o enojava. E era justamente o que parecia agora.

- Tem certez...

- O cara atacou primeiro não foi? - interrompeu Luciano, num tom impaciente. O ruivo confirmou com a cabeça. - Então pronto! Foi legitima defesa, não tem por que eu tomar nenhuma providencia em relação a você. 

O silencio tomou conta do carro durante a volta para casa, Martin dormia com a cabeça deitada no colo de Frances, que também dormia. 

Drazen apontou um ultimo olhar para o Francês, que dormia pacificamente, com aquele biquinho fofo, que ele sempre fazia quando dormia. Uma linha de baba escorria pelo rosto do loiro, e seus fios dourados voavam sobre sua cabeça, pelo vento que entrava da janela, mas não deixava de ser adorável. Um pequeno sorriso inconsciente se formou no rosto do ruivo. 

- O amor transforma o homem num bichinho besta. - informou Luciano, olhando o maior de forma provocativa.

- Não viaja.

- Tô mentindo? - o moreno ergueu a sobrancelha.

- Eu acho que você andou assistindo romances demais. - retrucou Drazen. 

- Ah e o jeitinho de boiola que você estava olhando para ele não significa nada? 

Drazen franziu a testa, se voltando para o Brasileiro, enquanto uma onda de calor subia para seu rosto, ele não olhava para o Frances de uma maneira romântica olhava?

- Eu estava olhando para ele de uma maneira normal?

- Aham, eu acredito confia. - ironizou Luciano se voltando para o para-brisa.

- A gente só transa! - exclamou o ruivo, sentindo um gosto amargo em sua boca, ao cuspir aquelas palavras. - Por favor enfia isso na sua cabeça. 

- Vocês só transam e o cara simplesmente mora na sua casa! - questionou Luciano.

- Ele mora lá antes da gente começar a ficar. - explicou o maior. - Eu fiz isso porque ele estava na merda e eu fiquei com pena. 

Aquelas palavras choram para fora de sua boca, rasgando a garganta do ruivo. Seu estômago se remoeu, era como se sua boca tivesse se enchido de ácido novamente, sendo cuspida por aquelas frases venenosas.

Drazen sabia que um mero sentimento de dó, não apunhalaria seu peito, como a dor que sentiu quando Frances lhe disse aquelas palavras, quando o ouviu gritar na sala de sexo, ou quando o viu desmaiado no chão do clube. Uma mera lagrima do loiro o atingia, como uma bigorna em seus ombros, o sofrimento do Frances o prendia como uma corrente no pescoço ele sabia. 

- Drazen pelo amor de Deus, eu nunca te vi dar nem cinco centavos para um mendigo, quem dirá acolher uma pessoa aleatória. 

- A gente era um pouco amigo.

Luciano soltou um "hm" olhando para a estrada, obviamente não acreditando em uma única palavra. 

- Eu e ele somos só amigos! - repetiu Drazen.

- Aham, e eu sou Batman.

O ruivo bufou, jogando a cabeça para trás, a encostando no banco.

Seu olhar caiu sobre a lua minguante, que brilhava se destacando no céu escuro. A brisa levemente gelada vinda da janela, bateu contra o rosto do ruivo, espalhando um ar relaxante envolta do maior.

Luciano estava exagerando. Ele e Frances tinham apenas uma amizade colorida, não é como se ele quiser algo sério com o loiro, e o Francês não queria nada com ele, então não tinha porque discutir isso.

Seus peito apertou. Os pensamentos martelavam em sua mente, torcendo o nó formado em sua garganta. As palavras soavam falsas na sua boca, deixando o gosto ácido assim que saiam de seus lábios.

Aquilo não o incomodava, ele não ligava. Então por que aquelas palavras eram tão pesadas? Por que a verdade parecia ser tão mais grossa, e difícil de engolir?

Seu cérebro se afogava em um beco de pensamentos e lembranças sufocantes, alfinetando com milhares de gritos diferente, dizendo mil coisas ao mesmo tempo.

- Aí. - chamou Luciano, atraindo a atenção de Drazen. - Cê' é meu amigo, e eu quero melhor para você. Eu conheço esse sentimento, e sei o quão bom ele é, eu quero isso para você.

Drazen não respondeu. Quem ele estava tentando enganar? E óbvio que ele sente alguma coisa, é tão óbvio que seu amigo conseguiu perceber. Mas Frances não o via desse jeito, então era um sentimento irrelevante.

O ruivo permaneceu em silêncio, apenas desviando olhar do Brasileiro.

- Está bem, Eu tentei ajudar! - exclamou o moreno. - Divirta-se sendo um cu doce.

- Mesmo se eu sentisse alguma coisa não importaria! -  cuspiu Drazen.

O Brasileiro sorriu maliciosamente, como se dissesse "eu sabia".

- Por que não importaria?

- Ele não gosta de mim desse jeito.

- Ele te disse isso?

- Não mas...

- Então como tem certeza? - interrompeu Luciano.

- Ele da encima de vários caras no 'Angel's Dream' eu sou só mais um, e isso é óbvio. - explicou o ruivo, com o caroço em seu estômago se contorcendo dentro dele.

- Muita gente ainda mantém seus ficantes antes de namorar, isso não significa que ele não goste de você.

- Mesmo assim.

- Vocês fazem alguma coisa além de transar? Assuntos íntimos? assistir filmes juntos? Se preocupar com o bem está um do outro?

- Sim, mas amigos também fazem isso.

Ele estava claramente apelando. Luciano sempre foi uma espécie de irmão do grupo, como se fosse a mãe do grupo, mas menos responsável. Se ele soubesse dos sentimentos mal resolvidos do ruivo com certeza ficaria enchendo o saco.

Como quando descobriu que o Soo e o Honda se gostavam, resultado: ele namoram a seis meses, porque Luciano não saiu do pé de nenhum dos dois.

- Você se preocupar com quem ele transa?

Os olhos do maior se arregalaram. Sim, ele se importa, era quase ridículo, o quanto ele ligava. Deus ele virou tonto apaixonado não virou?

- Um pouquinho. - resmungou Drazen, amansando a voz.

Uma risada ofegante, escapou do moreno, com aquele sorriso maroto estampado no rosto.

- Então você é um boiola igual a mim colega. - Luciano alcançou o ombro do maior, dando uma leve sacudida, arrancando risos abafado do ruivo.

Quando Luciano estacionou próximo ao condomínio de Martin, os dois soltaram os cintos e desceram do carro. Eles haviam combinado que seria mais fácil e seguro eles dormirem todos na casa de alguém, e como o apartamento de Martin e o maior, ele pagou o pato.

Luciano foi até o banco de trás pegando Martin do colo, como se o Argentino fosse uma criança pequena.

- Vem cá corazon. - o moreno sussurrou, ajeitando o loiro em seu colo, que soltou um leve gemido manhoso. - Shhh sou eu, dorme. - sussurrou Luciano, acalmando o namorado. - Esse aqui quando bebe, e uma manha que jesus Cristo.

Drazen se aproximou do Francês, segurando sua cintura e pernas, o erguendo como uma noiva. Uma noiva que estava completamente desmaiada em seu colo.

O maior sorriu. Frances ainda fazia aquele biquinho adorável, enquanto dormia.

- Conta para ele. - sugeriu Luciano, guiando Drazen, até o portão do condomínio.

My Angel.Onde histórias criam vida. Descubra agora