Capítulo 48: Asterisco

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Autor aqui: Antes de começarem a leitura eu aviso que nesse capítulo vai ter muitos diálogos com palavras de gatilhos que envolvem homofobia.

Eu peço com todo o carinho para quem for ler que se sinta avisado.

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~Dê play na música e comece a leitura ❤️~

Mário Torres


Eu estava ao lado dela, eu não sai do lado dela nas últimas três noites. Ela estava dormindo e passou por uma bateria de exames e os médicos me contaram tudo, eles não tentaram me enganar e foram sinceros em todas as suas palavras comigo mesmo a maior parte delas tendo destruído meu coração.

-Senhor Mário. Não quero dar falsas esperanças para você. - o médico disse.

-Pode falar a verdade doutor. - eu disse.

-O tumor da sua mãe é grave. Muito grave.- ele disse.

Eu comecei a chorar na frente do doutor,as lágrimas caiam pelo meu rosto mas eu não desviava meu olhar dele.

-E é por isso que ela vinha tendo as tonturas, dores de cabeça e tudo mais. É grave, Mário.

-É possível operar? Eu sei que nesses casos a operação é a saída não é mesmo? - eu disse.

-Mesmo que tentemos a operação ainda é muito arriscado. O tumor está grande e está em uma área muito arriscada, se tentarmos a probabilidade dela falecer na mesa de cirurgia é altíssima.

-Altíssima quanto?- eu perguntei.

-Mais de 80% de chance de morte. - o médico disse.

-Então temos 20% de chance de sucesso? - eu perguntei.

-Senhor, eu sei o que está pensando mas não é assim que trabalhamos...

-E se não operarmos? O que acontece? - eu perguntei.

-Ela teria meses...com sorte teria um ano. -o médico disse.

Eu comecei a me lembrar da minha mãe rindo e dançando em casa, do dia do casamento do Júlio e do Renato, dela brincando com o Lucas e o Jean e dela jantando comigo e o Israel. Todas aquelas lembranças estavam passando diante dos meus olhos como um filme da minha vida.

-A tendência dela é só piorar daqui pra frente, Mário. Nós podemos fazer o possível para mantê-la confortável até...até o fim. - o médico disse.

-Não...

-Mesmo que você deseje a operação a sua mãe está consciente e é ela quem deve decidir. Você não pode decidir por ela. - o médico disse.

Eu saí da sala do médico totalmente destruído e abalado, eu não sabia mais o que fazer,eu só sabia chorar no corredor daquele hospital e pensar na minha mãe. Eu lembrava da minha infância em Recife, dos dias com o Júlio no fliperama do Seu Beto e das brincadeiras com o Júlio e o Jadinho. Eu queria poder voltar aquele tempo, onde minha mãe e meu pai eram felizes, onde nós todos estávamos juntos e a vida era mais simples e doce.

Eu voltei para o quarto onde minha mãe estava dormindo e quando abri a porta ela tinha acordado e estava me olhando, eu tentei enxugar as lágrimas dos meus olhos e me sentei ao lado dela.

O Dono do Morro : Laços [SEASON 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora