Capítulo 64: Me Perdoe

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~Dê play na música e comece a leitura ❤️~


Mateus Sottomayor


O assassino do meu tio estava morto há meses, a intervenção foi por água abaixo e as coisas estavam tranquilas, não havia mais perigo nos rondando mas ainda estávamos tomando certos cuidados para nossa proteção.Os advogados do Fábio estavam cuidando da questão do Júlio e do irmão dele e o Renato voltou ao comando da Rocinha, tudo parecia estar seguindo o rumo e as coisas pareciam estar voltando ao seu lugar.

Eu estava na minha casa estudando e pensando em tudo o que tinha acontecido, eu olhei para a minha estante de livros, o Victor tinha pedido pra instalarem apoios nas paredes do quarto para eu guardar meus materiais de estudo, ele está a cada dia mais carinhoso e afetuoso comigo. Eu tinha feito ele prometer que iria procurar a terapia e ele tinha aceitado mas estava com muito medo, em breve será a primeira sessão dele, decidimos fazer as sessões em um lugar próximo do morro para que fosse seguro pra ele e ao mesmo tempo eficaz para tirá-lo de sua zona de conforto para que ele se sentisse seguro para abrir seu coração e começassem a tratar os seus distúrbios para que ele possa se tornar mais sociável.

"Ele vai conseguir. Eu sei que vai conseguir!" eu pensei.

Eu olhei para a estante e observei dois livros que guardavam um segredo, entre eles estava a carta que meu tio me deu no dia que ele morreu. A carta que eu não ousei abrir desde aquele dia, eu tinha muito medo de seja lá o que estivesse lá escrito. Eu tinha ido ao enterro dele e fiquei de longe observando a cerimônia e vi meu tio Ivan e a sua esposa e filhos, eu tentei ficar sem ser percebido mas depois que o velório acabou eu me aproximei do túmulo e depositei uma rosa lá e chorei até que uma mão tocou meu ombro....

Era meu tio Ivan, ele me estendeu a mão e me abraçou, nós choramos ali juntos e não dissemos nenhuma palavra. Quando nosso abraço acabou o meu tio entregou um cartãozinho com o número de celular dele.

"Me liga se quiser conversar depois" Ivan me disse.

Eu assenti com a cabeça e fui embora do cemitério naquele dia. Eu olhei o local onde a carta estava, eu não tinha aberto ela mas eu não poderia fugir por muito tempo da verdade.Eu estava insistindo para o Victor se tratar mas como eu posso pedir isso dele se eu mesmo tenho medo de enfrentar os meus demônios? Eu olhei o local e me levantei da cadeira, me aproximei e afastei os livros e estava o envelope lá, lacrado e inviolado desde aquele dia meses atrás.

"Para o meu filho, Mateus" estava escrito na parte de fora.

Segurando o envelope na mão eu comecei a coçar minha barba e a lembrar daquele dia e senti as lágrimas vindo ao meu rosto, eu não poderia fugir daquilo por muito mais tempo...

-Oi, amor! - eu ouvi a voz do Victor.

-OI! - eu disse enxugando o rosto e colocando a carta atrás de mim.

-Você tá bem, gordinho? - ele perguntou mudando a expressão.

-Tô bem sim! - eu disse tentando disfarçar.

-É que...eu encontrei o Tiago no caminho pra cá e tava brincando com ele. O moleque começou a faculdade, sabia? Aquele menino vai longe! - Victor disse sorrindo.

Victor e Tiago estão se tornando grandes amigos a cada dia que se passa,o medo que o Tiago sentia pelo Victor estava se tornando um sentimento de amizade que chegava a ser até engraçado as interações deles dois.

-Que bom, meu pretinho! E em breve eu vou fazer o vestibular e se Deus quiser ano que vem vai ser eu na faculdade! - eu disse rindo.

Victor se aproximou rindo e me abraçou, eu suspirei sentindo o calor do corpo dele.O abraço do Victor é tudo o que eu preciso para derrubar minhas barreiras e mostrar minha fragilidade.

O Dono do Morro : Laços [SEASON 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora