Parte 2 - Yoongi

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Finalmente, a D-Tour. Depois de tanto tempo preparando cada detalhe, eu mal posso acreditar que está realmente acontecendo. Subir ao palco novamente, mas desta vez com minhas próprias músicas, com meu próprio show... É algo que eu sempre sonhei. Embora o hiatus do BTS tenha sido necessário, a saudade dos meus companheiros é inevitável e é impossível não lembrar deles a todo momento. Nossas conversas nos bastidores, as piadas internas, até mesmo as discussões sobre qual música incluir no setlist... Tudo isso faz falta.

E, claro, o serviço militar está sempre pairando no fundo da minha mente. Não tem como fugir. O tempo está passando, e logo será minha vez. Mas, por agora, meu foco é essa turnê. A equipe foi escolhida a dedo, cada um dos membros é altamente qualificado. Eu confio neles. Essa confiança é essencial quando se está a milhares de quilômetros de casa, em um avião, a caminho de uma das maiores cidades do mundo: Nova York.

Quando cheguei, há alguns minutos, o aeroporto de Incheon estava uma loucura. Fotógrafos, a k-mídia em peso, e uma multidão de ARMYs. Mesmo depois de tantos anos, ainda fico impressionado com a dedicação e a energia delas – elas são incríveis. Mal consegui atravessar o terminal sem ser cercado, mas é algo a que já me acostumei. Depois de tantas turnês com o BTS, achei que estaria acostumado a tudo isso, mas a empolgação sempre vem. Eu posso parecer meio contido às vezes, mas eu adoro isso.

Quando finalmente chego ao avião, minha equipe já está se organizando. Troco algumas palavras com o manager e outros membros enquanto esperamos todos embarcarem. É quando a vejo. Amanda.

Ela é minha maquiadora reserva. Lembro-me de tê-la entrevistado pessoalmente. A empresa sugeriu que eu estivesse presente, afinal, é o meu rosto que ela vai maquiar. Ela parecia nervosa, mas segura de si ao mesmo tempo. Fez um bom trabalho no teste, preciso admitir. A técnica dela é excelente, rápida e precisa. Ela maquia de uma forma que parece quase estar fazendo um carinho no rosto. Confesso que é relaxante, e eu quase dormi no processo. Mas o que me incomodou, de verdade, foi como me senti durante a entrevista.

Ela estava usando uma blusa branca simples e calça jeans, nada demais. Mas, por algum motivo, aquilo mexeu comigo. Talvez tenha sido o cheiro adocicado dela, que só senti porque ela estava perto. Perto demais na verdade. Era suave, mas presente, e isso me deixou... distraído.

E isso me irrita. Muito. Não gosto de me sentir distraído, especialmente com a presença de alguém que trabalha comigo. E preciso confessar, ela é muito, muito bonita. O que, nessa fase da minha vida, pode ser perigoso. Sou profissional. Só que ela me desconcerta de uma forma que eu não sei explicar. Contudo, mesmo que seja ela apenas a reserva, eu sei que posso confiar nela se algo acontecer com minha maquiadora principal. E, pelo jeito, algo aconteceu.

Assim que chega, ela entra tentando passar despercebida, o que é quase impossível com aqueles cachos que parecem ter vida própria. Está usando uma camiseta preta, jeans e... All Stars? Com tanta roupa para escolher, e ela opta pelo básico. Não sei por que, mas ela chama minha atenção. Talvez seja o sorriso fácil que ela dá para todos, ou a maneira como parece se dar bem com cada pessoa da equipe, como se estivesse aqui há anos. Ela tem essa leveza, essa naturalidade que, de algum jeito, me faz observá-la mais do que eu planejava. E, por mais que eu tente ignorar, não consigo evitar de reparar em como ela parece se encaixar sem esforço. Talvez eu esteja só prestando atenção demais.

Por algum motivo, sua presença me deixa tenso. Então, sinto que estou olhando demais, e desvio o olhar quando ela percebe. Ridículo, eu sei. Sou um adulto, e ela é uma colega de trabalho. Então, por que isso me incomoda tanto?

Continuo conversando com o manager quando a notícia chega. A bomba: a maquiadora oficial caiu e quebrou a mão. Ótimo. Era só o que me faltava.

— Amanda, você precisará assumir o lugar dela, pelo menos na turnê pelos Estados Unidos. — o manager anuncia.

Praguejo mentalmente, mas não digo nada. Quando olho para Amanda, seu rosto está pálido. Ela claramente não esperava por isso. Seus olhos estão arregalados, e ela parece mais assustada do que deveria estar. Isso me irrita ainda mais. Por que ela está tão nervosa? Ela devia estar preparada para tudo.

Desvio o olhar quando ela me olha. Melhor assim. Não estou com paciência para lidar com isso agora. E então vem a cereja do bolo: na hora de me acomodar, percebo que ela se sentou no meu lugar na janela. No avião, todos os lugares são contados, e ela escolhe logo o meu. Maravilhoso.

Suspiro e me aproximo. Ela olha para mim, surpresa.

— Eu... Ah... — ela começa a gaguejar, tentando se levantar. Pra onde ela pensa que ela vai? Viajar no banheiro? Na porra do colo do piloto?

— Tudo bem. — Respondo, forçando um sorriso cordial. — Eu me sento aqui.

Me sento ao lado dela, e imediatamente percebo o cheiro adocicado que vem dela. Aquele cheiro. Uma mistura de baunilha com alguma coisa suculenta. Mais uma distração desnecessária. O avião começa a se mover, e noto que ela fica nervosa. Suas mãos agarram o braço da poltrona com tanta força que as juntas ficam brancas. Parece que voar não é um dos seus passatempos favoritos.

Quando o avião começa a decolar, sinto sua mão segurar a minha. O toque é repentino, e uma onda de calor sobe pelo meu braço. Fico tenso, quase como se ela tivesse ateado fogo na minha pele. Tento ignorar, mas o toque dela é firme, quase desesperado. Olho para ela, e vejo que está tentando disfarçar o pânico. Sem pensar muito, seguro sua mão de volta, tentando passar alguma calma.

Estou apenas sendo gentil. Ela segue agarrada à minha mão como quem depende disso para manter a própria vida, sua respiração ofegante, os olhos meio arregalados. Em alguns minutos, o avião estabiliza no ar, e ela percebe o que está fazendo. Solta minha mão como se tivesse tocado em brasa, e me olha com aquele olhar assustado de novo.

— Me desculpe... Eu... Eu não queria... — ela balbucia.

Não respondo, apenas olho para o corredor, tentando ignorar a sensação estranha que ainda permanece na minha mão. Como se o toque dela tivesse deixado uma marca.

O resto do voo vai ser longo.

Yoongi - COMPLETAOnde histórias criam vida. Descubra agora