Capítulo 3

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— Lucero, sua desgraçada! Por que fez isso? Me fale! — disse Kuri, totalmente embriagado, tropeçando pelos móveis.

— Michael, o que aconteceu? Por que bebeu a esse extremo?

— Vai dizer que não sabe, Lucero? E aquela palhaçada ao vivo? — Ele deu um passo à frente, deixando cair sua garrafa de tequila, fazendo o cheiro se espalhar por toda a sala. Runa, a cadelinha, latia incansavelmente para o homem, como se pudesse indicar perigo, mas Kuri estava tão descontrolado que acabava por assustar ainda mais o pobre animal.

— Sai daqui, sua cachorra irritante! — gritou Kuri.

— Não fale assim dela, Runa! Volte aqui! — tentou Lucero ir atrás da cachorrinha, mas foi apunhalada pela cintura.

— O que você está fazendo? Me larga! — exclamou Lucero, tentando se desvencilhar.

— Eu quero ver você olhando pra mim, Lucero! — gritou Michael, seus olhos arregalados fixos nela. Ele apertou firme o braço dela. — Você gosta daquele canalha do Mijares?

Lucero estava em pânico, mal conseguia se mover. Nunca havia visto Kuri tão bravo como naquele momento. Sempre resolveram as coisas com calma.

— Você está me assustando. Solte meu braço, por favor!

— Depois dessa vergonha que me fez passar? Eu não vou ficar com fama de homem traído. Eu vou te ensinar uma lição! Eu, Lucero, sou seu homem! — Ele parecia prestes a explodir de raiva.

    Mesmo bêbado, sua força era impressionante. Lucero tentava se soltar, mas era inútil. Ela acabou caindo sobre uma estante de vidro, os cacos se espalhando ao redor.
    Runa, com toda sua esperteza, conseguiu atravessar o portão que, por sorte, estava aberto e dava acesso à casa de Mijares. Ele estava em seu escritório particular, lendo alguns papéis, sem conseguir dormir, quando ouviu os latidos incessantes da cadelinha, que tentava desesperadamente avisar que sua dona estava em perigo.

— O que você está fazendo aqui, Runa? Não deveria estar em casa? — Mijares alisou o pequeno animal, que continuava a latir, inquieta.

— Runa, o que aconteceu? Por que está tão agitada?

    Não era do feitio da cadela ser tão inquieta; normalmente, era bem calma. Algo estava errado. Mijares lembrou-se de ter visto Lucero mais cedo na varanda e logo imaginou que algo ruim poderia estar acontecendo. Saiu de casa sem pensar duas vezes. Ao se aproximar da residência da ex-esposa, ouviu barulhos de coisas se quebrando e a voz de Kuri, além de preocupado, soava irritado.
      Lucero estava caída no chão, com o braço e o rosto sangrando, cercada por cacos de vidro. O sangue de Mijares ferveu ao ver aquela cena. Como aquele homem asqueroso ousava bater na mulher que dizia amar? Sem hesitar, ele partiu para cima de Kuri, que, bêbado, caiu de imediato, perdendo o equilíbrio. Os dois homens entraram em uma luta corporal violenta.

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