Contar e Matar

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Nada me abala, nada me atingi.
Tive um encontro com Dilan.

Já faz uma hora que estou no telefone contando todos os detalhes pela 50° vez a Daiana.

- Que bom que seu não encontro foi incrível...- ela responde bocejando

- Não sinto verdade nessa sua parabenização!

- É o máximo que posso dizer após você me contar a mesma história trocentas vezes.

- Sua amargurada.- Respiro fundo, mas lembro de um detalhe que deixei passar, ou contei...- Ah, mas eu já falei que-

- Já tá tarde, boa noite meyle!

Ela desliga o telefone na minha cara, e eu fico completamente chocada com o tamanho de sua insensibilidade.

E agora? O que faço quando encontrar Dilan na escola? Devo agir normalmente? Estamos oficialmente noivos?
Acho que a última pergunta é um pequeno exagero.
Mas pra mim, não teria nenhum problema.

Finalmente a manhã chega.
Eu geralmente não me empolgo para ir a escola, a não ser quando o almoço é algo bom. 

No caminho do portão até a sala não encontro Dilan. Até agora tudo bem.
Até a pouco na verdade.

Ao invés do meu querido, encontro Brino sentado no meu lugar de costume com um par de olhos revoltados.

- Você furou com a gente, morango idiota!- ele aponta o dedo em tom acusatório para mim

- Bom dia?- o olho confusa por sua irritação em plena manhã

- Karaokê? Ontem, pra decidir sobre a festa da Ema? Você realmente esqueceu.- ele senta indignado na mesa ao lado, dando espaço para minhas coisas.

Eu bato tão forte na minha testa que deixa uma marca vermelha.

- Merda! Eu esqueci completamente!- sento na carteira frustrada.

- Agora não tem volta. Tava fazendo o que?

Acho que não preciso esconder dele, embora tenho de estar emocionalmente preparada para o bullying.

- Em um encontro...- sussurro baixo sabendo qual vai ser a reação.

- O quê?- ele dá uma gargalhada tão sincera que chega a chorar- Quem foi o maluco que aceitou sair com o você?

- Cala boca avestruz!- eu fico extremamente brava, e lanço um caderno nele, que desvia.

Ele para de rir e me encara com uma expressão séria, o que não é de costume.

- Quem é?

- Não vou dizer, já basta EU ser o alvo das suas piadas.

- Hm.

Eu espero pacientemente, mas nenhuma provocação ou brincadeira surge.
Apenas um silêncio estranho vindo de Brian, que não olha para mim.

- Desculpa por não ter falado antes...- tento dizer algo.

- Se ele te fizer chorar, eu vou soca-lo até desfazer a cara bonita que você tanto gosta.

Fico surpresa com as palavras dele.
Não imaginei que, Brino, com sua aura de não ligar para nada fosse superprotetor.

Só consigo sorrir. Pelo menos ele não está bravo.

- Hahaha, certo. Você está é com ciúmes!- mostro a língua para provocar alguma reação nele

- Eu? Com ciúmes de você bala azeda?- ele fala claramente emburrado.

E eu consigo entender o porquê.
Brino acha que agora vou me afastar dele.
Mas gostar de Dilan não tira o seu lugar de meu poste de luz favorito.

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