Doce carta de desilusão

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Chegou a hora mais esperada durante o meu dia, o intervalo.

Fiquei de entregar meu relatório da sala para Dilan afinal ele é o vice.
Mas claro, isso não é uma desculpa para ver ele.

Cheguei na sala, que está um pouco vazia mas muito barulhenta.
Agradeço internamente por ninguém ter reparando em mim.

Pergunto por ele a uma garota perto da porta e ela responde que Dilan saiu faz um tempo.

Para não ser uma viagem perdida, eu coloco os papéis na mesa dele.
Reparo em sua mochila meia aberta e vejo um quadrinho de mangá que eu adoro e fico boquiaberta.

Qual a possibilidade de termos os mesmos gostos? É obra do destino.

Há pouca gente na sala, então resolvo dá uma fuçada nas coisas dele. Só por curiosidade.

Livros, cadernos, lápis...essas coisas de estudante e o mangá. Mas o que me chamou atenção foi uma carta com uma flor na capa.

Peguei o papel amarelado em minhas mãos. O remetente era "Lya, 2-b".
Era a menina do outro dia.

Nessa hora eu senti uma sensação fria.
Eu achei que estávamos saindo...Ou me enganei?

O sinal toca e a sala começa a ficar cheia novamente. Me certifico de deixar tudo na mesma ordem anterior e voltar a minha cadeira.

Eu estou muito triste. Ele não deveria aceitar uma carta de uma outra menina, mesmo que não sentisse nada por ela. Só o fato de aceitar pode dar esperanças, e no final vai machucar eu ou ela.

Será que estou sendo dramática? É só uma carta...
Mas o que me incomoda é o fato de ele não ter falado. Se bem que não somos próximos a esse ponto.

O intervalo acaba, e eu vou embora como se tivesse levado uma facada.

Mais tarde, ele veio me procurar.
Entrou na sala com o mesmo brilho de sempre, ou talvez seja uma água se formando no meu olho.

- Oiê!- ele me dá seu sorriso genuíno que já é um hábito.

-Ah...oi.- tento fingir um pequeno sorriso.

- Quer ir na sorveteria hoje? Eu queria te mostrar porque gosto muito de lá...- ele fala corando, como se não estivesse me chamando para sair.

Mesmo sabendo da carta, eu não consigo recusar. Gosto dele, gosto de estar com ele. E vou descobrir a relação daquela garota e ele.

- Acho que...pode ser...- Em outro momento eu teria ficado extasiada por ele está me chamando a um, talvez, encontro.

Mas ele teria mesmo a cara de pau de me convidar com a carta de outra garota guardada?
Ou será que ele simplesmente esqueceu?
Acho que vou me contentar com essa segunda opção.

Ele me olha de um jeito confuso, mas logo acena com a cabeça e me entrega uma caixa do meu suco favorito.

- Depois da aula então.- ele sorri novamente e sai acenando.

Eu me sinto estranha...
Atordoada, confusa e dramática.

Estava tão distraída que não percebi Emi se aproximando sorrateiramente da minha cadeira.

-O que foi?- ela diz batendo na minha cabeça.

-Ai! O que é?- acaricio o lugar que ela bateu com o caderno.

- Porque está tão distraída? E o que foi isso agora?!- ela diz muito empolgada.

- Isso o que?- finjo não saber do que se trata, apenas para a ver surtar sobre suas teorias.

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