O Amor do Ceifador
Em um reino além do tempo e do espaço, onde as almas vagavam entre a vida e a morte, havia um ceifador chamado Azrael. Ele era conhecido por sua precisão e frieza ao cumprir seu dever de guiar as almas para o além. Nunca havia hesitado, nunca havia questionado seu propósito. Até o dia em que encontrou Clara.
Clara era uma jovem mulher, doce e pura, que vivia em uma pequena vila. Sua bondade e generosidade eram conhecidas por todos. Ela cuidava dos doentes, ajudava os necessitados e sempre tinha um sorriso no rosto. Mas seu tempo na Terra estava chegando ao fim, e Azrael foi enviado para buscar sua alma.
Quando Azrael apareceu diante de Clara, ela não demonstrou medo. Em vez disso, olhou para ele com curiosidade e compaixão. "Você é o ceifador, não é?" ela perguntou, sua voz suave e calma.
"Sim," respondeu Azrael, surpreso pela falta de medo dela. "Eu vim para levar sua alma."
Clara sorriu tristemente. "Eu sabia que meu tempo estava acabando. Mas antes de ir, posso pedir um favor?"
Azrael nunca havia recebido um pedido de uma alma antes. "O que você deseja?"
"Gostaria de passar meu último dia ajudando os outros, como sempre fiz. Pode me conceder isso?"
Azrael hesitou, mas algo na pureza de Clara o tocou. "Muito bem. Você terá seu último dia."
Durante aquele dia, Azrael observou Clara enquanto ela cuidava dos doentes, distribuía comida aos famintos e consolava os aflitos. Ele viu a alegria que ela trazia aos outros e começou a sentir algo que nunca havia sentido antes: admiração e carinho.
Quando a noite caiu, Clara se sentou sob uma árvore, exausta mas satisfeita. Azrael apareceu ao seu lado. "Seu tempo acabou, Clara."
Ela olhou para ele com um sorriso sereno. "Obrigada por me permitir este último dia. Estou pronta para ir."
Azrael sentiu um aperto no peito. "Clara, eu... não quero te levar."
Ela o olhou surpresa. "Mas esse é seu dever, não é?"
"Sim, mas você é diferente. Você trouxe luz e bondade a este mundo. Eu não quero ser o responsável por apagar essa luz."
Clara segurou a mão de Azrael, sentindo o frio de sua pele. "Todos temos nosso tempo, Azrael. E eu estou em paz com o meu. Mas saiba que você também tem uma luz dentro de si. Você só precisa encontrá-la."
Azrael sentiu uma lágrima escorrer por seu rosto, algo que nunca havia acontecido antes. "Eu não quero te perder, Clara."
Ela sorriu, suas palavras suaves como um sussurro. "O amor verdadeiro nunca se perde. Ele vive em nossos corações, mesmo além da morte."
Com essas palavras, Clara fechou os olhos e sua alma deixou seu corpo. Azrael segurou sua mão até o último momento, sentindo uma dor profunda em seu coração. Ele sabia que nunca seria o mesmo.
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FRAGMENTOS IMAGINÁRIOS
RandomQuando a lua se veste de sangue e o vento sussurra segredos esquecidos, o véu entre o desejo e o medo se desfaz. Lobos espreitam na penumbra, bruxas tecem feitiços de sedução e condenação, demônios provam o gosto do pecado, enquanto mascarados ocult...