because I like a GIRL

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Cecília

Aqui tá tudo um tédio, só posso caminhar pelo hospital com as enfermeiras, comer essas sopas e ficar no quarto. Tirando isso as meninas tem vindo as vezes para me visitar, elas vêm conversar e pra fazer companhia. Mas peço pra elas não virem muito, sinto que estou sendo um peso para elas ou atrapalhando a vida delas.

Agora não tem ninguém aqui, vou aproveitar pra tomar um banho, não que eu possa fazer isso sem avisar alguém, mas se eu não contar ninguém vai saber mesmo. Separo um pijama, que é a única coisa que eu to vestindo ultimamente e vou em direção ao banheiro, mas escuto baterem na porta, caramba viu.

-Pode entrar- digo quando sento na cama porque vai que é uma enfermeira eu levar uma bronca

-Licença- pior, quem surge de trás da porta é Selena.

Eu sei que ja perdoei ela, mas ainda tem um remorso sabe? Eu só tô aqui porque eu amei ela demais. Mas eu to tentando, a psicóloga disse que vai ser melhor pra mim não ficar remoendo.

-Oi- dou um sorriso tentando manter os pensamentos ruins longe

-Oie- ela vem pra perto de mim e me da um abraço com cuidado -ta se sentindo melhor?

-To sim, tem sempre muita gente cuidando de mim aqui- não sei se quero muito papo com ela

-O que você estava indo fazer?-muito curiosa né? Ta, ta, eu sei que ela pode estar querendo só cuidar de mim, mas...

-Eu ia tomar um banho- ela abre a boca como se tivesse se desculpando por atrapalhar -mas tudo bem

-Eu trouxe uns jogos pra gente- ela diz e só aí percebo que ela tem uma bolsa na mão -o que você acha? Se você quiser eu espero você tomar banho

-Então tá, me dá uns minutos- digo e me levanto, quando entro no banheiro e fecho a porta, suspiro.

Não sei como interagir com ela, não sei nem como ela teve coragem de falar comigo depois de tudo. Sabe não é querendo culpar ela ou algo do tipo, mas o motivo de tudo isso foi ela, ou o meu amor de mais por ela. Acho que dentro de mim sempre vai haver um vazio, que era preenchido por amor.

Saio do banho quente, que foi na verdade uma tentativa de relaxar, o que não funcionou muito bem. Parece que um caminhão passou por cima de mim.

Quando abro a porta do banheiro ela esta mexendo no celular, mas logo percebe minha presença e sorri.

-O que você quer jogar? Tem o jogo da vida, uno e cara a cara- Taaa ela se empenhou bastante, não posso mentir

-Eu tenho o dia todo então a gente pode fazer de tudo um pouco- digo e logo ela se anima pegando um dos jogos que ela citou pra gente começar

Durante esse tempo que ela ficou aqui a gente ficou no raso, mantendo as conversas sobre os jogos e sobre o trabalho, não citamos sentimentos ou sobre as coisa que rolaram entre "nós". É meio estranho se referir a mim e a Selena como "nós" porque agora a gente não tem algo, e fica meio estranho, não sei.

-Também não quero mais jogar- digo depois dela jogar +4 no uno e ela ri, por um segundo esqueço do rancor que agora temho dela

-Cecília, trouxe uma comida diferente, mas não conta pra d- Cristal entra acompanhada de Renata mas para de falar quando vê Selena e tem fica em "choque"

-Oie gente- Selena diz ainda rindo do jogo

-Oi, o que vc tá fazendo aqui?- Renata solta rápido, parece que ela não pensou antes de falar

-Nossa- Selena diz e põe a mão no peito fingindo estar ofendida -eu vim visitar ela e passar um tempo aqui, coitada, ela só fica aqui dentro ja tem dias

Ela pode ter parecido preocupada, mas eu senti como se tivesse sendo "coitada". Eu não gosto disso.

-Enfim, trouxe pra você, mas não tem pra Selena, porque eu não sabia que você estaria aqui- Cristal finalmente se manifesta e me entrega o lanche que ela trouxe, eu não devia comer isso, óbvio.

-Brigada patroa- abro o lanche, não estou com fome, mas faz tanto tempo que eu tô comendo só essas comidas de hospital que eu comeria até pedra, contanto que ela não fosse do hospital

A gente fica conversando e as vezes pego Selena me olhando e ficando mais próxima, tento ignorar e dizer pro meu coração que não é nada, mas ele insiste em me dizer que tem algo acontecendo.

Tento contornar a situação que acontece dentro de mim.

Não funciona.

Meu coração quer pular do meu peito. Por outro lado minha mente quer matá-lo por colocar a gente em situações péssimas.

Os aparelhos que estão conectados em mim começam a apitar.

Não escuto mais nada, ou melhor quase nada, escuto um zumbido.

Isso me deixa nervosa.

Não pode estar acontecendo de novo.

...

-Respira Cecília- escuto uma voz feminina falar e agora além de um suspiro de alívio na sala ecoam breves comemorações

-Pelo visto vamos ter que restringir a visita de alguém- a psicóloga entra onde estou depois de ter falado com a doutora que antes estava na sala

-O que aconteceu?- pergunto confusa, aparentemente não consegui lidar com meus sentimentos, tal qual uma criancinha

-Taquicardia, seu coração deu uma acelerada, acho que foi por conta da sua visita, o que você me diz?- sinto que ela já sabe o que eu vou responder

-Eu queria ver ela, mas não sei se é bom- falo com um nó na garganta, porque não quero isso, por mais qie seja o melhor a se fazer

-Então podemos entrar no consenso de que ela não vai poder vir mais?

Pergunta difícil, na verdade viver ultimamente tá sendo muito difícil.

A gente viveu tantos momentos bons, jogar isso no lixo do nada é realmente complicado.

Tento me convencer de que é o melhor

É o melhor

É o melhor

É o melhor

É o melhor

-Pode ser doutora...- um arrependimento me consome

-Fica tranquila é o melhor...- a doutora diz e acarrecia meu braço dando um sorriso de consolação antes de me deixar sozinha com minha aflição.

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Oie meus amores, reparei que grande parte das pessoas que leem a fic ainda não me seguem, então vou pedir para aqueles que não me seguem seguirem, até para ficar sabendo das demais coisas.
O capítulo não ficou do jeito que eu queria, mas acho que ficou bom.
Não se esqueçam de votar e comentar
Beijos
-AUTORA


You will be my girl - CECILENAOnde histórias criam vida. Descubra agora