Ainda gosto de você

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Cecília

...tá tudo muito difícil, eu achei que com ela longe eu ia ficar melhor mais rápido, mas aconteceu o contrário. Estou me sentindo sem uma parte de mim. Quando ela vinha eu tinha rancor dela, mas percebi que eu só posso sentir rancor de quem está comigo, e quem não está eu sinto apenas saudades.

As meninas me visitam as vezes mas não é a mesma coisa de tê-la por perto. É meio hipócrita da minha parte, porque eu tava muito brava com ela e agora eu sinto falta????

Estou sozinha quarto, encolhida na cama enquanto toca uma playlist mpb.

A psicóloga disse que estou progredindo mas que vai demorar um pouco pra eu me readaptar quando voltar a rotina nonal.

Me remexo na cama, viro de um lado pro outro por um bom tempo. Finalmente paro. Olho para o teto e penso no que posso fazer pra sair o mais rápido daqui e voltar a viver a minha vida.

-Cecília, licença- depois de um tempo que eu estou pensando a doutora entra -eu e sua psicóloga conversamos e achamos que você ja pode ter alta, mas com a condição de que vai vir aqui toda semana até a gente ver que ja ta tudo bem e você também vai ter que evitar muitas emoções, o que você acha?

Ela pergunta mas deve ter percebido que eu não precisava responder pelo sorriso que eu dei

Ela diz para eu arrumar minhas coisas que ela ia vir me dar alta daqui uma hora. Eu, particularmente, acho que não preciso desse tempo todo, mas tudo bem.

Quando eu sair vou fazer uma surpresa pras meninas, vou aparecer lá na garagem sem avisar, acho que elas vão amar.

Me olho no espelho, to com cara de gente meio doente mas quem liga né, o importante é voltar.

Assim que a doutora me dá alta e ja estou de frente para a porta do quarto, pronta, ou quase pronta, para retomar a minha vida. Suspiro antes de sair, o primeiro passo é com o pé direito, para me dar boa sorte nessa jornada. Na hora em saio um luz radiante preenche o meu peito e eu coloco um sorriso no rosto.

Pego o meu carro e vou para a garagem, mas não sem antes pintá-lo de colorido, quero que minha chegada tenha mais emoção (não que eu a possa ter, por recomendação médica, mas e daí?)

Entro na garagem e vejo uma roda de meninas, que atentas, ja apontam suas armas pra mim. Saio do carro com as mãos para cima e sou rodeada de abraços. Que saudade delas.

-Que saudade cecidilha - Mabel fala depois de todas pararem de me abraçar as meninas que estão ali concordam e eu sorrio mas logo o desfaço, ele vira uma expressão de dúvida

Sinto falta do rosto que eu mais estava ansiosa para ver, Selena. Dou uma olhada ao redor e não a vejo, me decepciono, mas acho que não posso esperar muito já que... enfim.

Vejo dedos estralarem na minha frente e balanço a cabeça espantando os pensamentos e vejo que a patroa esta falando comigo

-Patroa!!- digo feliz e ela me abraça, eu com certeza retribuo o abraço

-Ta melhor?- ela pergunta e eu assinto com a cabeça

Sou muito bem acolhida de volta e ganho varias surpresas. Adivinha quem tem um quarto no hotel, é, eu mesma. Tudo bem que vou ter que dividir com a Nalla (porque ela acabou com o contrato de aluguel do apartamento que a gente morava) mas nada que eu já não fazia, eu até prefiro ficar mais junto das meninas, acho que vai ser incrível.

Eu passo o dia com a Patroa e com a Renata pra elas me contarem as novidades do mundo aqui fora e eu as minhas, elas também me realocam na família.

O dia foi quase que completamente incrível, mas eu queria ter falado ou ter pelo menos visto Selena, a falta dela me gera certa ansiedade.

Quando ja estou no meu novo quarto e saio do banho vejo de relance, pela janela, um cabelo que eu reconheceria em qualquer lugar e em qualquer hipótese. Paro e me escondo um pouco atrás da cortina, não é necessário muito para eu não ser vista porque o quarto é no segundo andar, fico observando um pouco.

Ela está com um cara ele ta de azul, eles conversam por bastante tempo mas assim que ele sai ela vai para o quarto.

Eu quero muito ir lá mas sei que não posso. Queria falar com ela, então vou escrever um bilhete, tal qual os incas e maias.

"Selena,
Eu voltei hoje e não te vi...
Senti sua falta, mas entendo seus motivos. Queria só dar um oi mesmo.
Beijos,
C."

Escrevo e depois que as luzes estão apagadas vou lá, jogo o bilhete por baixo da porta e vou embora.

Quando estou subindo a escada escuto uma voz, puta merda.

-Ei- fecho os olhos e viro em direção à voz -tá fazendo o que?- eu vejo Nalla e suspiro aliviada

-Aí que susto, você vai matar alguém de susto- digo tentando me livrar da pergunta que ela fez

-Ta devendo é? Eu hein, quem não deve não teme- ela já vindo em direção à escada -mas o que você tava fazendo aqui, e de pijama ainda- Ah nem

-Eu tava dando uma volta, só olhando o hotel- digo ja na porta do quarto

-Dando uma volta? Ta mais pra olhando o quarto da Selena- ela diz e me deixa sem argumentos, pelo jeito ela viu eu la na porta

-Eu não vou te contar que eu tava fazendo, você é a maior boca de sacola- eu falo e ela finge estar ofendida

-Eu vi você jogando um papel por debaixo da porta, mas tudo bem, eu não vou contar pra ninguém

-Valeu- digo e me deito na cama virando de costas pro lado de Nalla

Durmo até que bem, muito melhor do que eu imaginei, só acordei algumas vezes de noite por conta da ansiedade. Anotei no celular pra falar disso na terapia.

Quando acordo vou pra porta na esperança de ter alguma resposta e pra minha surpresa tinha um papelzinho no chão perto da porta.

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Beijos
-AUTORA

You will be my girl - CECILENAOnde histórias criam vida. Descubra agora