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Ada Snow

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Ada Snow

Saí da cabine de Ella, meus pés descalços tocando o convés frio, enquanto segurava as sandálias que mais pareciam instrumentos de tortura.

Buscava um sopro de liberdade, um instante de paz antes de enfrentar as exigências da noite.

O vestido, elegante e ousado, ondulava a cada sopro de vento marinho, revelando a curva de uma perna enquanto eu caminhava. Havia um prazer secreto nessa exposição, uma liberdade fugaz que me fazia sentir viva.

Encostando-me à amurada, senti o aço frio sob meus dedos e respirei fundo, deixando o cheiro do mar se misturar ao doce aroma dos pratos que seriam servidos no convés abaixo, encher meus pulmões.

Nada ali me era familiar, e eu adorava essa sensação. Mas, havia tanto tempo que eu não ultrapassava os limites de Vinterdal que até mesmo o passageiro sopro de liberdade se tornava uma ilusão amarga.

— Por favor — sussurrei para o céu —, me deixa sonhar outra vez. Ainda quero conhecer um mundo onde as possibilidades sejam infinitas, onde esse bebê que cresce dentro de mim não seja prisioneiro de expectativas. Estou cansada, meus ossos só pedem descanso, mas, como antes, não me permita aceitar esta vida como o fim do caminho.

Fechei os olhos, mas então o som de risadas masculinas e o ritmo confiante de passos que se aproximavam interromperam minha oração e meu coração disparou. Aproximação era sinônimo de interação, um jogo de socialização que nasci dominando, mas não sabia mais jogar.


Elijah Boulder

O helicóptero executivo oferecido pelo evento nos pegou no hotel e desceu no topo do navio de cruzeiro de quinze andares, onde fomos recebidos com sorrisos da tripulação e uísque âmbar. Depois, acompanhados pela equipe, pegamos o elevador até o nono andar e, optando por um percurso mais panorâmico e privativo, caminhamos sozinhos pela área externa até chegar ao andar onde aconteceria o evento.

— Apenas um gole, Kai — adverti, observando meu filho com um copo semelhante ao meu.

— Hoje não é um dia qualquer, pai — retrucou, o sorriso malicioso brincando em seus lábios.

— Deixa o garoto, Eli — Christopher intercedeu, enquanto bebericava seu próprio uísque.

— Deixo porra nenhuma! — rebati — Despeje metade no meu copo — Estendi a mão.

Kai bufou, claramente irritado, mas cedeu.

— Só não me repreenda em público, beleza? — pediu, transferindo parte do líquido para o meu copo antes de engolir o restante.

— E quando foi que eu fiz isso, meu filho? — indaguei, surpreso e um tanto culpado.

— Relaxa, pai. Você leva tudo muito a sério.

O. C. R.Onde histórias criam vida. Descubra agora