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𝐄𝐃𝐔𝐀𝐑𝐃𝐀

☹︎

ENQUANTO ia para casa, eu pensava no quanto aquele garoto parecia ser solitário. Eu acabei de mudar de escola, e ele é a primeira pessoa que eu conversei. Eu tenho alguns antigos colegas da escola antiga, mas não sou próxima o suficiente para conversar e andar com eles. Sinto que talvez eu esteja incomodando se eu ousar me aproximar.

Vou tentar me aproximar desse menino, o João Pedro. Ele parece precisar de amigos, já que, em duas semanas, eu não vi ele conversar com ninguém além dos professores. Bom, amanhã depois dos estudos, vou tentar me aproximar dele.

Já são 20:47. Chegando em casa, eu volto para a minha realidade, esquecendo um pouco do menino. Minha mãe andava de um lado para o outro, com Pietro, meu irmão, em seu braço. Ela parecia nervosa. Eu pego meu irmão de seus braços e ela para de andar.

Minha casa estava de ponta cabeça. A televisão estava alta, haviam brinquedos espalhados por toda a casa e, quanto mais eu olhava, mais bagunçada a casa parecia. Como uma criança de 6 meses pode fazer uma bagunça desse tamanho?

- Oi. Onde estava? - Ela para e me olha nos olhos.

- Eu avisei que ia estudar na casa de um colega da turma. - Digo, num tom desanimado.

- É, eu esqueci. Eu conheço ele?

- Não. Tá nervosa?

- Um pouco. Seu pai está demorando.

- Ele saiu?

- Sim. Há 2 horas.

- Ah... Ele deve estar voltando. Ele ia no mercado? - Respondi tranquilizando ela um pouco.

- Sim. Vou ligar para ele de novo. - Ela se aproxima de mim, me dá um beijo na testa e bagunça meu cabelo. - Vai tomar um banho.

Eu coloco Pietro no chão e vou para meu quarto, andando em passos lentos. Minha mãe não repara muito nas coisas que eu faço. Eu nunca fui uma menina de dar tanto trabalho, então ela é bem tranquila. Até demais.

Já no meu quarto, eu jogo minha mochila no chão e me sento na cama, olhando a bagunça na qual eu me encontrava. Eram montanhas de roupas sem fim. Não sabia que eu tinha tantas roupas assim.

Eu ainda sentia um pouco de pena de João. Ele não parece ter muita atenção da mãe, por mais que ela o trate bem. Ela parece ser uma mulher ocupada. Por mais que eu me aproxime, vou fazer de tudo para não interferir na relação deles. O que eu quero dizer com isso? Que, se nós virarmos amigos, há uma chance dele não dar tanta atenção à mãe por estar ocupado com sua nova amiga, que, no caso, sou eu. Eu quero ajudá-lo, apenas não sei como. Ainda.

Eu já me senti como ele, sozinha. Ele parece ter se acostumado a ser invisível e as pessoas parecem ter se acostumado com a "presença" dele. É tão estranho como apenas ignoram ele. Ele é grande, como pode passar despercebido?

Eu coloco a cabeça no travesseiro, me questionando, até que percebo o tempo que se passou e me lembro das coisas que eu deveria estar fazendo. Não era o momento certo para essas coisas tomarem meus pensamentos.

Eu me recomponho, me levanto e saio do quarto, com o foco de fazer minhas tarefas de casa, e assim eu fiz.

Um Novo Eu - CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora