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Let's party

Lauren Jauregui POV

Confiro meu reflexo pelo espelho pela milésima vez.

Esse tipo de comportamento nunca fez parte do meu cotidiano, a não ser que eu esteja com a intenção de impressionar alguém.

Quando comecei a gostar de Lucy, e nosso envolvimento evoluiu para encontros fora de casa, passava minutos na frente do espelho, trocando peças de roupa, retocando a maquiagem mais básica do mundo, mudando o sapato, escolhendo o par de brincos perfeito... tudo para diminuir as chances de que eu esteja um desastre, e a faça desistir de mim. Não entendo o porquê estou agindo da mesma forma com Camila.

Ir a uma festa na casa dela, onde seus amigos e os meus estarão sequer é um encontro. E além de tudo, nossa relação se baseia em amizade.

— Amizade... – rolo os olhos, jogando a franja do meu cabelo para a direita. – Amigas, Lauren. É o que vocês são – me lembro, encarando meus próprios olhos no reflexo.

Marquei com Lucy e Vero de nos encontrarmos no condomínio onde Camila mora às nove da noite, que foi o horário marcado pela mesma, já que com certeza irei beber, e pegar no volante não será uma boa ideia. Não sei até que horas ficaremos lá, e prefiro confiar minha vida no carro de aplicativo do que na minha cabeça alcoolizada, ou nas minhas amigas tão bêbadas quanto.

Suspiro fundo, me obrigando a sair da frente do espelho para solicitar o Uber. São oito agora, e pelo endereço que Camila me enviou, não estou a mais que trinta minutos da sua casa, o que torna esse horário cedo demais para estar indo, mas ficar em casa só me fará, por algum motivo, ficar ansiosa, e isso é a última coisa que preciso. Ficar pensando o porquê de me preocupar tanto com minha imagem é a última coisa que preciso.

Sei que não estou me arrumando dessa forma para minhas amigas, tão pouco para os de Camila, que eu sequer conheço bem, com exceção da sua empresária. E se não são eles, só resta uma pessoa.

Pego o telefone na penteadeira, mas antes que eu tivesse sequer a chance de o desbloquear, meu notebook anuncia uma chamada de vídeo, cortando a voz de Elton John, que cantava sua mais conhecida música: Sacrifice. É o nome de Taylor que brilha na tela, e meus ombros caem no mesmo segundo em que me dou conta disso. Aparecer na frente da webcam agora, além de me atrasar, irá causar uma onda de questionamentos, levando em consideração que minha jaqueta de couro, a maquiagem leve nos olhos e o cabelo perfeitamente arrumado não indica que estou indo dormir às oito da noite de um sábado. Mas é Taylor, e me sentiria péssima se recusasse sua chamada para sair mais cedo.

Bufo, me rendendo ao marchar até a escrivaninha, sentando-me à frente do notebook. Atendo, e o quarto é invadido por um ruído estridente do outro lado da ligação. Taylor aparece na tela, em seu quarto. Reconheço a cabeceira da cama, a cortina colorida, o dia nascendo fora da janela, totalmente o oposto de onde estou. É tão estranho essa mudança. Sinto que nunca vou me acostumar com a distância entre nós, que éramos tão próximas.

— Oi, Laur! – Taylor acena para mim, com seu sorriso radiante, e eu faço mesmo, com a consciência pesando por ter sequer cogitado a ideia de não atender.

— Oi, Tay – aceno de volta. – Ficou entediada e decidiu lembrar que tem irmã?

Ela ri.

— Para de ser dramática, Lauren. Você é de câncer mas não precisa seguir o estereótipo toda vez – ainda há um sorriso no seu rosto quando ela termina de falar, mas que morre assim que ela repara em mim. Seus olhos estreitam, e Taylor quase entra na tela do computador. – Você vai sair?!

Sua pergunta é de pura surpresa, como se eu vivesse entocada dentro de casa todos os dias da minha vida.

— Por que a surpresa? Eu saio com as meninas sempre.