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Capítulo 6 - Captando sinais

Minho

Recebi o roteiro final do filme na noite do dia seguinte, e com a benção do criador da história, começamos a ensaiar as cenas principais durante os intervalos. Como elas se condensavam em diálogos entre o meu personagem e o de Yang Jeongin, geralmente era com ele que eu acabava passando o texto, salvo as tardes em que me encontrava com Yongbok e ele me ajudava a decorar essas mesmas cenas, assumindo o posto de Jeongin.

- Você ficou chateado por pegar um papel menor? - perguntei.

- Claro que não - disse Bokie, balançando a cabeça de um lado a outro -, só de saber que vou aparecer no filme, já fico feliz. Sem falar que eu até que gosto de observar de longe enquanto vocês ensaiam, é como assistir aqueles canais de televisão que têm as mesmas séries passando em loop eternamente.

O dia já estava entardecendo e nós dois estávamos sentados sobre a minha cama em meu quarto, com as costas contra a parede parede, cada um do lado de uma das arestas da janela, tendo elas a demarcar o perímetro que nos separava no colchão.

- E o que você está achando de tudo? - questionei.

- Acho que tem bastante potencial, todos parecem estar bem preparados.

Eu olhei para ele por uns segundos, e quando fui abrir a boca para falar, o garoto me vetou.

- Não me venha com um "todos, menos eu", você está trabalhando duro nisso, é nítido - comentou.

- Como você aguenta ser meu amigo? 

- Por que você me pergunta isso? Todo mundo quer ser seu amigo lá - observou.

- Porque você fica sempre me puxando para cima, deve ser cansativo lidar com alguém pessimista assim.

- Eu me importo com você e não é cansativo para mim, eu gosto de saber que posso ajudar em algo. E não acho que isso seja uma função eterna, você ainda vai se enxergar como eu te enxergo e como... o Han te enxerga também.

- Do que você está falando?

- Não é óbvio? Ele está caidinho por você - Yongbok chegou a estreitar os olhos conforme seu sorriso debochado abria mais.

- Não brinque com isso... 

- Isso significa que ele não tem chance? Você prefere garotas? Nós nunca falamos sobre isso, talvez tenha chegado a hora.

- Não é isso.

- Então o que é?

- Meus pais mal falam comigo e, com exceção de literatura, minhas notas não são lá as melhores, sem falar que minha mente está uma bagunça desde o final do ano passado. Eu não tenho condições de me envolver romanticamente com alguém, quer dizer... a pessoa não merece ser arrastada para dentro do meu caos pessoal.

- Eu sei que a sua situação atual não é das melhores, mas muita coisa está mudando, não está? Você mesmo me disse isso esses dias, que se sentia com um pouco mais de sorte. Não pense que você estaria arrastando alguém para um beco escuro, e sim que esse alguém poderia ajudar a iluminar mais o seu caminho. E não estou falando do Han em especial, estou falando de qualquer pessoa pela qual você venha a sentir alguma fagulha, mas se for por ele... saiba que eu já shippo!

Empurrei o ombro dele para trás com a minha mão, em sinal de censura pela sua brincadeira, mas acabei sorrindo de qualquer forma.

- Não afaste as pessoas, Minho, se dê uma chance de melhorar esse cenário. Se seus pais estão distantes, isso é problema deles, porque são eles que perdem o seu carinho, e você pode encontrar em outras pessoas o suporte que precisa. Nem sempre uma família é composta por ligações sanguíneas, seus amigos podem ser sua família também.