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Capítulo 9 - Azar no jogo

Han

Como elencar o que tinha sido o ponto alto do meu dia, se tudo havia se saído melhor do que eu sonhara? Eu estava nas nuvens desde que Minho me fizera manter minha cabeça descansando sobre o seu ombro, por pura vontade própria de me ter junto a si. Mesmo depois de ter retornado para minha casa, a cada hora que passava, se tornava mais difícil de retornar meus pés ao chão, pois eu não conseguia parar de pensar nele.

Quanto mais os dias foram se passando, mais Minho e eu fomos nos aproximando, e aquele momento que compartilhamos dentro do ônibus escolar foi o grande divisor de águas para que nossa intimidade andasse para a frente. Agora sempre que um de nós se sentia cansado ou precisando de apoio, o outro servia de suporte, e isso fez com que quebrássemos as barreiras da timidez e nosso contato se tornasse mais físico.

Isso era um ótimo sinal, pois já estávamos muito perto do final das filmagens, o que poderia implicar no afastamento de alguns membros do nosso grupo, já que não teríamos mais um compromisso fixo como tínhamos até então, e se a minha amizade com Minho estava se firmando para além do filme, havia menos risco de perder a companhia dele.

Era óbvio que se eu pudesse, não gostaria de ser apenas amigo dele, adoraria me envolver romanticamente, mas ainda não tinha 100% de certeza que o garoto estava pronto para embarcar nessa comigo, embora já tivéssemos meio que flertado nas entrelinhas de nossas conversas, não havíamos deixado nada muito claro. Nós dois tínhamos rotulado o dia de gravação no ônibus como um encontro, porém nada verdadeiramente amoroso havia acontecido lá, mas eu jamais o pressionaria para saber se era correspondido de fato, teria paciência para esperar e descobrir por ele mesmo.

No decorrer do tempo, durante os intervalos das aulas e enquanto filmávamos juntos, era impossível não reparar no abatimento de Lee Minho, a cada dia que passava, ele parecia mais cansado, e eu pensei se o curta não estava exigindo demais dele, afinal, era possível que passasse noites em claro decorando os textos. Comecei a me preocupar com o seu estado, porque não queria que ele colapsasse de exaustão, porém, não tínhamos como dar uma pausa nas gravações, porque tínhamos um tempo contado para terminar o filme e entregá-lo totalmente editado na data estipulada pelo festival.

E foi em meio a uma das últimas cenas que gravamos no ginásio esportivo, que o meu coração apertou ainda mais em relação a isso, pois ali tinha ficado claro que Minho poderia estar entrando em burnout ao tentar conciliar a escola e seu o compromisso com a nossa produção.

- Vamos de novo, no três... - pedi, assim que os garotos terminaram o ensaio, para então capturarmos o take para valer - um, dois... três!

Hwang Hyunjin começou a filmar e eu prestei atenção nos nossos atores, contudo, por mais que estivessem em suas marcações como haviam feito durante a passagem das falas, alguma coisa estava fora de sintonia ali. Yang Jeongin seguia concentrado dentro do seu personagem, mas Minho parecia repentinamente desorientado, sem conseguir focar em sua atuação.

- Oh, não... - escutei Hyunjin murmurar, demonstrando que ele também havia percebido o lapso de Minho.

- Corta! - exclamei alto, solicitando que todos parassem de rodar a cena por um instante. - Minho... 

Eu ia falar com ele, mas assim que dei um passo à frente, Hwang bloqueou o meu caminho. 

- Me dê um minuto com ele - disse o cinegrafista -, eu já vi isso acontecer com atores antes, deixe comigo.

Apesar da minha vontade de falar diretamente com Minho e me certificar de que ele estava realmente se sentindo bem para continuar a cena, eu consenti com o pedido de Hyunjin, até para não soar que a minha preocupação com nosso ator se estendia para além do set, pois quanto estávamos em meio ao trabalho, o ideal era manter nosso vínculo apenas como profissionais.