Fios do destino

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— Você é insuportável! — gritou Giovana, a caçula, enquanto corria atrás de Grace pelo corredor

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— Você é insuportável! — gritou Giovana, a caçula, enquanto corria atrás de Grace pelo corredor.

  Somos uma família que vive entre a ordem e o caos. Ao todo, somos cinco irmãos. Giovani, o primogênito, carrega o peso das expectativas do nosso pai, o rei regente. Eu, Georgia, sou a segunda na linha. Depois vem Gisele, Grace e, por fim, a pequena tempestade chamada Giovana. Nossa casa é como uma panela de pressão, e nosso pai está constantemente à beira de explodir, especialmente porque, até agora, nenhum de nós selou um casamento que alivie seus temores e os boatos alheios.

  Todos dizem que eu sou falante demais, que nunca sei a hora de me calar. Eu, sinceramente, não vejo isso como um problema. As palavras fluem de mim, leves e inevitáveis. Alguns dizem que sou persuasiva… Talvez seja verdade, mas vocês vão descobrir por si mesmos.

  Hoje, tivemos uma reunião de família, na qual descobrimos que Giovani vai se casar. Isso é… no mínimo surpreendente.

— Giovani vai se casar. — As palavras escaparam de mim como um sussurro incrédulo.

— Como? — Amélia, minha criada e confidente, arregalou os olhos, a surpresa estampada em seu rosto. — Digo, não há nada de errado nisso, é claro. — Ela tentou recuperar a compostura.

— Há sim. — Rebati, mordendo o lábio inferior. — Isso significa que minha vez está chegando... E se decidirem me forçar também?

— Eles não fariam… — Amélia hesitou, procurando as palavras certas. — É talvez façam isso, mas, talvez não seja tão ruim assim...

— Não... — Respondi, soltando uma risada curta. — Desde que meu futuro noivo não seja como meu pai. Lembra da vez em que ele gritou com Giovani? Por que foi mesmo?

— Alteza, já é tarde. — Amélia cortou a conversa. — Deve descansar.

  Suspirei e deixei que Amélia me ajudasse a trocar o vestido pelo robe de dormir.

— Estava pensando em dar uma volta amanhã... Estou com saudades dos peixes do lago. — Comentei.

— Não faz tanto tempo assim desde que esteve lá... — Amélia respondeu com uma suavidade que me fez sorrir.

— Mas eu os acho tão graciosos! É sempre divertido ir ao parque... Lembra de quando caí no lago? — Gargalhei, relembrando a cena.

— Foi preocupante, Georgia. — Amélia riu suavemente enquanto acariciava meus cabelos.

— Foi engraçado! — Insisti.

— Muito bem, agora é hora de dormir. — Ela se retirou em seguida, deixando-me sozinha com meus pensamentos.

  Mas, enquanto o sono se recusava a me encontrar, minha mente vagava de volta ao casamento de Giovani. Pensar em Giovani casando-se me fazia rir, não sei porque, nunca o imaginei casado, principalmente com alguem que ele ao menos conhece. Boa sorte para ela, ela vai precisar para poder suportá-lo.

🌀

  O dia seguinte amanheceu brilhante, e como havia planejado, fui ao parque. O lago estava como sempre, tranquilo, os peixes nadando alegremente sob a superfície.

— Eles são tão lindinhos... — Murmurei, inclinando-me para observar mais de perto.

— Você tem alguns no palácio, alteza. — Amélia me lembrou.

— Sim, mas o fato de estarem aqui, livres, os torna mais especiais. — Respondi, com um brilho nos olhos. — E, já que estamos aqui, poderíamos visitar a modista depois. Preciso de novos vestidos.

— Como desejar, alteza. — Amélia respondeu, mas sua voz foi interrompida por um pequeno garoto que se aproximou correndo.

— Oi! — O menino exclamou, estendendo uma flor para mim, seu sorriso tão puro que meu coração se derreteu.

— Obrigada! — Respondi, inclinando-me para pegar a flor, um sorriso gentil nos lábios.

— Por nada, alteza. — O pequeno garoto fez uma reverência exagerada.

— Qual é o seu nome? — Perguntei, abaixando-me para ficar à sua altura.

  Antes que ele pudesse responder, uma figura mais alta se aproximou, sua expressão vazia contrastando com a doçura do garoto.

— Perdoe-me pela intromissão de meu irmão. — Disse o rapaz com a voz ríspida.

— Não vi problema algum, não se preocupe. — Respondi.

— Vamos, Elijah. — Ele ordenou, virando-se para partir.

— Espere, como se chama? — Minha curiosidade se acendeu.

— Liam. Mais alguma coisa, alteza? — A última palavra veio carregada de desprezo.

— Nada. Só perguntei porque nunca o vi por aqui. — Respondi.

— Meu irmão não gosta de sair, é como meu camaleão de estimação que vive preso! — O pequeno garoto diz se divertindo com a situação.

— Não tenho motivos para isso. — Liam lançou um olhar repreensivo ao irmão mais novo.

— Você tem um camaleão? — Perguntei, ignorando o mais velho.

— Tenho. — Elijah respondeu, antes de gesticular para que eu me abaixasse novamente. Quando o fiz, ele sussurrou em meu ouvido. — Estou tentando soltá-lo, ele não merece ficar preso.

— Você é um garoto incrível. — Cochichei de volta, sorrindo para ele. Então, me levantei e encarei Liam. — Deveria ser menos rude, um dia precisará de uma pretendente, e com esse jeito só irá afastá-la.

— Não tenho motivos para ser gentil com vossa alteza. E quanto às pretendentes, sou um homem bonito, não vai ser tão difícil, afinal, isso é tudo que é necessário, não acha? — Ele respondeu.

Convencido, não?

— De fato, é um homem de beleza respeitável. Mas isso não é tudo, Sr...? — Perguntei, deixando a frase em suspenso.

— Cavendish! — Elijah completou rindo.

— Não, não acredito que apenas isso seja necessário. Afinal, a beleza é algo efêmero, mas o encontro entre corações pode durar para sempre.

— Obrigado, caso eu precise de mais dicas eu a procurarei! — disse sarcástico, com um sorriso falso estampado em seu rosto e em seguida se retirou, levando consigo o pequeno garoto.

— Quanta brutalidade. — Comentei, ainda observando-os se afastarem.

— Homens são assim, Georgia. — Amélia comentou com um suspiro.

— Giovani não é. — Respondi.

Como planejado, fomos à modista e, em seguida, retornamos ao palácio. No entanto, ao chegar, fui recebida com uma notícia desconcertante.

— Grace viajou. — Informou-me meu pai, o rei, de forma abrupta.

— Assim, de repente? — Pergunto surpresa. Grace não era de viajar, muito menos sem se despedir.

— Sim. — Ele respondeu firme.

— Ela nem se despediu de nós... Para onde ela foi? Por que foi? Não faz sentido algum, papai.

— Sem mais perguntas, Georgia. Isso não é da sua conta. Agora, saia. — Ele finalmente levantou o olhar, seus olhos encontrando os meus com uma frieza que eu nunca havia visto antes.

Engoli em seco e, sem mais protestos, obedeci, saindo da sala. Mas uma sensação incômoda começou a crescer dentro de mim. Algo estava muito errado.

The Nebila's: A aposta do coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora