009 ─── brisa do mar

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Ana Luiza suspirou, sentada na beira da cama, olhando pela janela o céu escuro da madrugada

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Ana Luiza suspirou, sentada na beira da cama, olhando pela janela o céu escuro da madrugada. As estrelas pareciam tão distantes quanto os pensamentos que insistiam em rodopiar na cabeça dela, numa insônia irritante que a impedia de descansar. O silêncio era quase absoluto, quebrado apenas pelo som suave do mar ao longe, mas dentro dela, a mente fervilhava, como se Gabriel Medina tivesse trazido uma tempestade consigo, agitando o que antes era um mar calmo — mas estagnado.

Era engraçado como ele havia pintado seus dias. Antes de Gabriel, sua vida tinha se transformado em uma paleta de cinzas, monótona e previsível. Não havia mais o brilho de antes, e as cores haviam se apagado sem que ela percebesse. Miguel havia sido a tempestade que desbotou tudo, deixando apenas o vazio. Mas agora, sem perceber, Gabriel havia devolvido o azul. Não aquele azul triste de nostalgia, mas um azul vibrante, o tom do mar em dias de sol, o tipo de azul que parecia prometer aventuras e calmarias ao mesmo tempo. Ele havia preenchido sua vida de luz, e mesmo nas coisas mais simples, ela conseguia ver o reflexo das cores que ele trouxe.

O amarelo também estava ali. Quente, intenso, o tipo de cor que a fazia sorrir sem motivo, como nas tardes que passavam juntos, surfando ou trocando provocações. Ela sorria mais agora — um sorriso leve, um sorriso sincero, que há tempos não aparecia no seu rosto. Gabriel tinha esse jeito de ser sol, de aquecer sem pedir permissão. Chegava a ser cômico como ele entrou na vida dela sem fazer barulho, como uma brisa qualquer, mas aos poucos foi ocupando todos os espaços, até que, de repente, ela percebeu que ele era tudo.

Durante aquela noite interminável, as memórias dos momentos juntos vinham como flashes. As risadas no mar, o jeito como ele a olhava quando pensava que ela não estava vendo, e a maneira como ele conseguia fazer até o mais simples dos momentos parecer especial. Droga, Gabriel pintou não só seus dias, mas seus pensamentos, seus sentimentos, e agora ela estava ali, sem conseguir pregar o olho, porque ele estava em tudo.

Ana Luiza se virou na cama, bufando. Quantas horas já haviam passado? Três, quatro? Cada vez que fechava os olhos, a imagem dele surgia. O toque dele no rosto dela, a mão molhada, a suavidade, o jeito como ele tinha acariciado sua bochecha naquela tarde... Ela sentiu o coração acelerar só de lembrar, o calor subindo pelo corpo. Era diferente. O toque dele mexia com ela de uma forma que ninguém antes tinha mexido, nem mesmo Miguel. Com Gabriel, tudo parecia mais intenso, mais real, mais... colorido.

E foi naquela madrugada, com os pensamentos a mil, que ela tomou uma decisão. Se Gabriel tirasse uma nota alta nas oitavas de final, ela se entregaria. Era isso. Ela queria uma desculpa, qualquer motivo para se permitir sentir tudo o que estava represado dentro dela. Se ele conseguisse aquela nota, seria o sinal de que ela poderia abaixar a guarda. Um desafio. Quase como se ela precisasse de um teste para se convencer de que aquilo que sentia era real, palpável.

Ela riu baixinho, um riso meio nervoso, meio incrédulo. Que ideia maluca era essa de condicionar seus sentimentos a uma nota de surf? Mas, ao mesmo tempo, parecia a coisa mais natural do mundo. Eles viviam entre desafios, entre provocações, entre brigas e reconciliações. Porque não fazer disso mais um jogo?

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⏰ Última atualização: Oct 14 ⏰

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Ꮻ ᎷᎯᏒ Ꮛ ᏋႱᎯ ──── gabriel medina Onde histórias criam vida. Descubra agora