Ana Luiza olhou para o espelho, e lá estava ela, com aquele sorriso travesso que aparecia sem aviso, quase como se tivesse vida própria. Ajeitou a gola da polo azul anil do uniforme, puxando-a para cima com uma precisão quase cirúrgica. Gostava do jeito que a gola levantada lhe dava um ar de rebeldia e indiferença - duas qualidades que ela sabia que não tinha, mas adorava fingir ter, pelo menos por alguns minutos.
Balançou a cabeça, fazendo seus fiozinhos ondulados dançarem como se tivessem vida própria, roçando levemente contra seu rosto. O objetivo? Deixá-los cair naturalmente sobre os ombros, contornando suas maçãs do rosto com uma precisão que só o acaso poderia proporcionar. Naquele dia, havia decidido deixá-los soltos e livres, porque, sejamos sinceros, Maria Vitória e Ana Flora quase lhe arrancaram a cabeça quando mencionou que ia prendê-los.
Com um suspiro, ela ajeitou a franjinha, dividindo-a ao meio. Uma, duas, três vezes, tentando alcançar a perfeição que parecia sempre escapar por entre os dedos. Mas, após algumas tentativas frustradas, estalou a língua no céu da boca, num som que traduzia a decisão final.
Ah, deixa pra lá, quem se importa com franjinha arrumada?
Tombou a cabeça para o lado, analisando seu rostinho no espelho. Estava nervosa - aliás, nervosa era pouco; estava uma pilha de nervos! E por quê? Bom, as baterias iriam começar em algumas horas, e a inquietação estava fazendo uma festa dentro dela. Sabe aquela sensação de borboletas no estômago? Bem, no caso dela, eram mariposas desgovernadas. E quem poderia culpá-la? Com tanta expectativa, qualquer um ficaria assim.
Se as mariposas estavam descontroladas em seu estômago, sua mente era um verdadeiro carnaval fora de época. Parecia até que ela iria surfar junto com os competidores, em vez de apenas observar as manobras deles. Mas, de certa forma, era quase isso mesmo. Dentro dela, as ondas eram tão gigantes quanto as da Ilha de Nazaré, tão turbulentas quanto um mar em plena tempestade. Se houvesse uma competição de surfe interno, ela com certeza levaria o ouro. Medalha de primeira, sem dúvida.
A bateria em si não era o único motivo para toda essa agitação. Ballut queria, precisava, mostrar ao mundo quem era e por que estava ali. Era a hora de chutar as inseguranças para longe, mandá-las para o espaço, e provar que ela podia. Que ela podia ser aquilo que sempre sonhou - aquilo que seu pai sempre sonhou também.
Queria ser a garota que iluminava o dia de todos ao redor, aquela que sorria e fazia os outros sorrirem junto. Aquela que escrevia belas cartas sobre o mar e que amava a vida, exatamente como ela era, com todas as suas marés altas e baixas. Mais do que tudo, queria mostrar que ainda podia sonhar, e que esses sonhos tinham a força de um tsunami.
Era como se cada manobra dos surfistas lá fora estivesse conectada aos seus próprios movimentos internos. Cada onda dominada pelos competidores refletia o desejo dela de dominar suas próprias emoções, de provar para si mesma que ainda havia espaço para conquistas, para sorrisos e para sonhos - sonhos que, por mais distantes que parecessem, ainda brilhavam intensamente no horizonte.
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Ꮻ ᎷᎯᏒ Ꮛ ᏋႱᎯ ──── gabriel medina
Fanfiction⋆.ೃ࿔*:・Surf × G. Medina ⋆.ೃ࿔*:・ Onde Nalu precisa passar uma cantada para um dos surfistas do Time Brasil, ou, onde Gabriel recebe a pior cantada da sua vida durante as Olimpíadas ⋆.ೃ࿔*:・ 🏅#9 em Surf 🏅#1 em Brasil manuuzsf