7. Transtorno Dissociativo de Identidade

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Saio do banheiro com uma nova determinação. Aquele tipo de resolução que se forma durante longas conversas internas no espelho, onde você convence a si mesma de que tem tudo sob controle. O plano é claro: fazer Akio se apaixonar por mim. Eu posso fazer isso. Desafios são a minha praia. Certo? Certo.

Mas, assim que planto os pés no corredor, algo faz meu coração saltar para a garganta, e toda a confiança que eu havia cuidadosamente construído desmorona como um castelo de cartas.

Akio está ali, encostado na parede, como se estivesse me esperando. Ele não me vê imediatamente, concentrado em rasgar o plástico de uma embalagem de curativos com os dentes. As mechas escuras caem despreocupadamente sobre a testa, dando a ele uma aura de descuido que, honestamente, deveria ser ilegal.

Cruzo os braços, tentando parecer casual, desinteressada. Eu deveria simplesmente seguir em frente, ignorá-lo como se ele fosse uma mancha no corredor que eu não tenho tempo para notar. Mas aí ele levanta a cabeça, e nossos olhares se cruzam. Há algo nos olhos dele, uma mistura de obstinação e — o que é isso, cuidado? Automaticamente, meu olhar se estreita em defesa reflexa.

"Eu trouxe isso para você", ele diz, com a mesma naturalidade de quem oferece um chiclete ou um bilhete descartável. "Para os seus joelhos."

Meus joelhos. Claro. A lembrança humilhante do tombo mais cedo volta como um flash, e sinto minhas bochechas aquecerem ligeiramente. Mas não vou deixar que ele perceba.

Uno as sobrancelhas, tentando manifestar o máximo de desdém que consigo reunir.

"Você acha que não posso cuidar de mim mesma?"

Ele não sorri, mas há algo na curva dos lábios dele que quase chega lá. Quase.

"Acho que se você tivesse cuidado, não estaria mancando pelos corredores, Maria Clara."

Urgh. A maneira como ele pronuncia meu nome me irrita mais do que deveria. Como se conhecesse alguma versão de mim que eu mesma desconheço. Minha primeira reação é rejeitar a oferta, dizer que não preciso da ajuda dele, que ele deveria cuidar dos próprios problemas. Mas, em vez disso, as palavras ficam presas na minha garganta, se enrolando umas nas outras como um nó difícil de desatar.

Porque, no fundo, eu sei o que realmente importa. O Experimento Social. Fazer ele se apaixonar por mim. E se rejeitar essa ajuda significa perder uma oportunidade?

"Você é teimosa, sabia?" ele comenta, com um tom que é quase... admirado? Não, isso não pode estar certo. Eu devo estar imaginando coisas. "Só me deixe ajudar, Maria."

Me pego considerando a situação. Meu objetivo é fazer com que Akio me veja de uma forma diferente. Talvez baixar a guarda seja o primeiro passo para entrar na mente dele, para ele começar a me ver como algo além da garota esnobe e perfeccionista que ele provavelmente pensa que sou.

Então, o que eu deveria dizer agora?

Uma parte de mim quer manter a distância, erguer as defesas. Mas a outra, a parte estratégica, sabe que isso pode ser uma chance.

Antes que eu possa me decidir, no entanto, Akio se ajoelha à minha frente sem pedir permissão, segurando meu tornozelo com uma delicadeza que eu não esperava. E, nesse momento, a irritação que fervia dentro de mim começa a se dissipar, como vapor escapando de uma panela de pressão. O que sobra é algo mais confuso, algo que não sei exatamente como nomear.

Ele aplica a pomada com uma precisão meticulosa. Estou ciente de cada toque, de cada movimento dele, e é estranho como isso me faz sentir mais vulnerável do que qualquer outra coisa que ele poderia ter feito.

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⏰ Última atualização: Nov 10 ⏰

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SK8ER BOI  |  Augusto AkioOnde histórias criam vida. Descubra agora