Saio do carro e imediatamente sou confrontada pela visão lamentável que é o estacionamento da escola. O asfalto desgastado, cheio de rachaduras e manchas de óleo, é o tipo de coisa que me faz questionar por que eu ainda estou matriculada em Monte Alegre. O lugar cheira a lixo, e ninguém além de mim parece se importar com o quanto o ambiente é deplorável.
Eu, estoicamente, mantenho a dignidade, com meu casaco perfeitamente ajustado e o cabelo impecável, enquanto me dirijo ao auditório. Meu passo é seguro e decidido, exatamente como todo mundo espera de mim. Minhas botas de salto afundam a grama, e eu estou ocupada demais checando meu rabo-de-cavalo no espelhinho de mão para notar qualquer coisa além do meu reflexo. Esse é o tipo de detalhe que uma garota como eu não pode negligenciar.
É então que o caos surge. Ou melhor, um garoto em um skate, que parece ter saído diretamente do que só posso descrever como um pesadelo ambulante. Ele vem em alta velocidade, o som distante de rodas girando, e, antes que eu possa reagir, o desgraçado me atropela. Eu caio no chão, com as minhas coisas espalhadas e meu orgulho completamente destruído. As pessoas em volta começam a rir, e eu estou prestes a ter um ataque de raiva. Minha visão fica vermelha.
Estou presa debaixo do Augusto Akio, que parece ter despencado do céu.
Ou do inferno, mais precisamente.
"Caralho! Você tá bem?" a voz dele soa genuinamente preocupada, enquanto o skate está caído ao lado dele, como a arma do crime.
"Eu pareço bem pra você?!" explodo, empurrando-o com todas as minhas forças, fazendo-o rolar para o lado. Ele mal se levanta, e eu já estou de pé, sacudindo a sujeira do vestido e tentando não esmurrar a cara dele.
"Sério, Maria Clara, eu juro que não te vi..." Ele alega, como se me atropelar fosse uma inconveniência tão pequena quanto pisar em uma poça d'água.
"Não me viu?! Como assim você não me viu? Eu sou invisível agora, é isso? Ou você simplesmente não sabe pra que servem os olhos na sua cara?" Minha voz sai em um rosnado.
Augusto dá um passo para trás, com as mãos levantadas como se eu fosse atacá-lo. Sábia escolha.
"Relaxa, tá? Eu só tava tentando manobrar e-"
"Manobrar?!" minha voz está incrivelmente alta, e eu nem me importo. "Isso aqui é um estacionamento, não uma pista de skate, seu idiota! Como é que você nem percebeu que tinha uma pessoa na sua frente? Você é cego ou só burro mesmo?
"Só burro." ele levanta os olhos preguiçosos para mim, e aquele sorriso de canto de boca surge, como se achasse a situação toda uma piada particular. "Mas que fique claro que não fui eu quem ficou parado no meio do caminho, se achando o dono do estacionamento."
Meu queixo cai. Que cínico! Ele realmente está tentando me culpar?
"Eu estava andando, não parada, e isso não é desculpa pra você atropelar alguém!" Rebato, o tom ácido. "Ou será que você simplesmente não consegue controlar esse pedaço de madeira com rodinhas?"
"Ah, tá, claro. Porque eu decidi te atropelar de propósito, né?" Augusto cruza os braços depois de revirar os cabelos. "Se eu soubesse que você ia ficar tão histérica, tinha feito questão de mirar melhor."
"Histérica? Você tem alguma ideia do estrago que acabou de fazer?" eu pergunto, minha voz cortando o ar como um chicote. "Não é exatamente difícil perceber que há um espaço limitado para você andar de skate sem atropelar pessoas, é?"
Augusto abaixa os braços, apoia as mãos no quadril e ri para o alto.
"Talvez eu devesse andar com um sino para te avisar quando estiver passando."
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SK8ER BOI | Augusto Akio
FanfictionO "bad boy" de Curitiba, Augusto Akio, está reprovando no último ano - graças à sua raiva descontrolada, amigos deliquentes e uma tendência à abandonar os deveres de casa para se dedicar ao skate. Então, quando sua mãe o arrasta para assistir a uma...