Adversária á altura

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Peguei o sem vergonha no flagrante! Ele inventou que estava procurando alguns documentos que o senhor Vargas pediu para ele guardar e tal. Quando o questionei sobre porque veio procurar os documentos no quarto e não no escritório Brodway alegou que pensou que os documentos estavam na pasta do German.

-Bom tudo bem, mas não deveria mexer nas coisas pessoais do seu patrão.- Falei pegando a pasta preta e entregando para ele.

Brodway pegou um calhamaço de papéis, disfarçou e saiu. Ah, mas ai tem coisa depois que o garoto saiu da sala eu olhei dentro da pasta do senhor Vargas e pelo menos ele não plantou nada lá dentro, olhei dentro do armário e também não encontrei nada de suspeito.

-O que está fazendo amor?- Leon perguntou.

-Checando. Vamos me ajude a arrumar isso tudo para podermos jantar.- Falei.

Eu poderia ter confrontado Brodway na hora, poderia tê-lo questionado mais, entretanto isso seria burrice. Conheço bem o tipo dele, aqueles que se acham espertos, acham que podem passar a vida armando, mentindo, manipulando, tirando vantagem dos outros o problema é que mais dia menos dia... o malandro acaba sendo enrolado. Eles se acham muito espertos, ficam confiantes demais e cometem um erro. E quando isso acontecer estarei lá para puxar o tapete do bastardo.

Nós pedimos pizzas uma de queijo e outra de calabresa com coca-cola para o jantar e me pergunto como vai o encontro da minha tia.

P.O.V. German.

Eu trouxe ao Fogón Asado um dos restaurantes mais famosos e chiques de Buenos Aires, eles fazem o melhor bife grelhado que eu já comi. Mas, quando ela pegou o cardápio...

-Misericórdia! Trezentos pesos por um filé?! Quem vai pagar tudo isso num prato de comida?- Disse Angie manifestando sua indignação.

E eu ri.

-Você não vai realmente pagar trezentos pesos num único prato vai?- Ela questionou.

Quando disse que iria pagar pelo meu e pelo dela, ai é que a coisa ficou mesmo feia. Angie disse que não, que não me deixaria pagar TUDO isso num prato de comida, alegou que era muito dinheiro. Que eu era louco de gastar tanta grana numa saída. E só fiquei dando risada.

-Você não faz ideia de quanto dinheiro eu ganho por dia, faz? Eu ganho o preço destes pratos em uma hora.- Falei.

Ela me olhou como se estivesse diante de um alienígena, pensou que eu estava brincando. Disse que eu estava mentindo, que ninguém tinha tanto dinheiro assim.

-Eu tenho.- Falei.

-Mas, eu não. E não estou bem com isso, não preciso que fique me pagando as coisas. Não preciso e nem quero seu dinheiro está bem. Se comermos aqui depois vou ficar me sentindo mal, terei uma dívida que não vou conseguir pagar, não nesta vida.- Disse Angie.

E eu ri. Mesmo dizendo que ela não me deveria nada, ela bateu o pé e perdi a reserva e tivermos que ir comer noutro lugar. Eu dirigi e ela guiou, acabamos num bairro bem menos luxuoso jantando num restaurante pequeno, Cantina Italiana. Era um lugarzinho meio escondido que era gerido por uma família de italianos e Angie parecia conhecê-los, falou italiano com eles. Admito fiquei surpreso.

-Você fala italiano?- Questionei surpreso.

-Falo um pouquinho. A Francesca me ensinou, ela precisava de aulas de reforço, mas não tinha como pagar então fizemos um acordo. Eu lhe daria aulas de canto e ela me ensinaria a falar italiano.- Angie respondeu.

Nós pedimos e ela pediu pasta á carbonara, eu optei por ravioli ao pomodoro. No meio do jantar veio um casal mais velho eles saíram da área de funcionários e estavam gritando e gesticulando, parecem que estão brigando.

-Isso não é muito profissional.- Reclamei.

-O que?- Angie perguntou.

Apontei para o casal que brigava logo atrás de nós, ela olhou e depois virou-se para me encarar.

-Teve uma época que isso me incomodava, mas chegou num ponto em que eu nem escuto mais nada. - Disse a loira.- Passe o vinho por favor.

Olha foi realmente muito divertido, nós comemos e conversamos e rimos. E quando veio a conta, ela não me deixou pagar. 

-Não vai me deixar pagar?- Questionei.

-Não. Eu te trouxe aqui então eu que pago.- Disse Angie.

-E porque não quer que eu pague? Qual o problema?- Indaguei.

-Problema nenhum, contanto que não invente de pagar seiscentos reais em dois pratos de comida.- Comentou a loira.

Ai ela é terrível. Mas, de um jeito bom. Enfim, ela pagou e depois fomos passear pelo bairro, apesar da vizinhança ser humilde o povo era bastante acolhedor e TODO MUNDO conhece a professora Angie. Ela cumprimentava todo mundo, conversava com todos que passavam. Então topamos com um grupo de músicos de rua e a loira quis parar para assistir, estávamos assistindo o show quando uma senhora de avental e bobes cor de rosa no cabelo veio falar.

-Olha se não é o anjo do bairro.- Disse a mulher soando maldosa.

-Boa noite Dona Cacilda como vai.- Angie a cumprimentou.

-Pelo jeito você é mais esperta que aquela sua irmã que tem o passado mais negro que piche. Mesmo com essa sua pose de boa moça, você quer é um marido rico para te sustentar.- Disse a mulher.

-Olha só Dona Cacilda a senhora pare de falar essas bobagens. É muito feio espalhar mentiras sobre os outros.- Disse Angie.

-É, mentiras é. Se o rapaz está aqui então você deve ter dado alguma coisa em troca.- A senhora fez uma insinuação maldosa e Angie ficou sem resposta, ficou chocada.

Mas, então apareceu uma outra senhora de avental florido com os cabelos branquinhos amarrados num coque e virou um tapa na cara da mulher chamando-a de infeliz.

-Deixe a menina em paz Cacilda e vai cuidar da sua vida! Sua velha fofoqueira! Não vai falar essas coisas da Angie, ela é melhor que você. E da próxima vez que você abrir a boca para falar essas maldades da minha filha Angie vai pagar caro ouviu!- Disse a senhora.

-Isso não vai ficar assim!- A outra protestou.

-Não vai, não vai mesmo. Você vai ficar inchada, vai ficar roxa e cheia de hematomas com as pancadas que eu vou te dar se voltar a falar esses absurdos da minha filha! Sua velha fofoqueira urubua!- A outra gritou.

-Mamãe, mamãe. Deixe para lá.- Disse Angie.

Então a senhorinha olhou para mim e disse: -O senhor não dê atenção á esta cobra, a minha filha é uma boa moça, honesta e trabalhadora. Ai, as minhas costas.- Então ela se sentou á beira de uma fonte que ficava na pracinha.

-Esses malditos ricos que não sabem passar roupa. Eu não já não sou mais tão jovem.- Reclamou a mulher.

-Mamãe. A senhora ainda continua passando roupa para fora? E o dinheiro que lhe dou?- Angie perguntou.

-Eu não sou aleijada e nem mendiga. Sou perfeitamente capaz de trabalhar.- Retrucou a mulher.

-Mas, mamãe o médico mandou a senhora parar. Vai prejudicar a sua coluna ficar na mesma posição por tanto tempo.- Angie disse com toda a amorosidade.

A senhorinha era realmente uma figura. Ela se apresentou Dona Candelária Carrara e me deu seu cartão. Disse que se eu precisasse de uma boa lavadeira e passadeira era para eu ligar. Aceitei o cartão e agradeci, então nós entramos no carro e eu dirigi de volta para casa.

-A sua mãe é mesmo... uma figura.- Comentei.

-Nem me fale. E quanto ao cartão... eu acho bom você não ligar! A minha mãe sofre de asma, reumatismo e tem bico de papagaio na coluna. O médico já mandou ela se aposentar e parar de passar roupa para fora, mas a bicha é teimosa. Mais dia menos dia a coluna dela vai travar e ai quero ver só.- Disse Angie me dando uma bronca.

-Eu não planejava ligar.- Falei.

-Acho bom ein. Mas, eu me diverti muito hoje.- Comentou a loira.

-Eu também. Foi uma sexta feira á noite e tanto essa de hoje.- Eu disse.

-Foi mesmo. O que será que a molecada está aprontando agora?- Perguntou a professorinha.

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⏰ Última atualização: Aug 17 ⏰

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